A beleza de ser pai - a primeira poesia escrita em co-autoria com minha filhota de cinco anos


Dizem que existem muitos motivos neste mundo para um homem sentir orgulho. Nada porém é mais belo do que o amor de uma filha apaixonada. A vida deu-me poucos motivos para alegrar, sentir-me vencedor; o maior deles certamente é minha filha Maria Luiza. Com cinco anos de idade sabe como ninguém tocar o meu coração. Outro dia pediu que eu lesse algumas poesias para ela. Após ler duas ou três ela disse: Pai, sabia que a tia já leu poesias na escola? Ela leu poesias de Vinicius de Morais. Então pediu, olhando fixo, nos meus olhos que escrevesse uma poesia para ela.
Na verdade não foi um pedido, foi mesmo uma ordem. Chegou com o papel e lápis na mão dizendo: aqui esta, escreve minha poesia. Como eu demorava para encontrar a primeira frase ela mesma saiu com esta: começa assim, oh pai, - Numa noite de primavera.... Eu não me contive de emoção e escrevi então a primeira frase: Na noite linda da primavera... e pronto, não saiu a frase seguinte....ela me olhou e disse insistente, - vamos pai, diga que sou a estrela preferida sua.  Emocionado, conclui o verso assim: Na noite linda de primavera/ nos sonhos mais belos da vida/ você é a minha aquarela/ a Minha estrela preferida. Pronto, surgia ali meu primeiro verso em co-autoria. Meus olhos já estavam cheios de lágrimas.
Segurando para não chorar, ouço ela dizer: agora leia para mim, quero ver como ficou. Ao ler, vi os olhinhos dela brilhar. Uma alegria pura, uma pureza que faz duvidar se existe igual no mundo. Fiquei ali, lápis na mão, inerte, parado, vendo o filme da minha vida passar por minha mente. Tantos problemas, tantas lutas, tantas marchas, e este ser frágil diante de mim, rogando a mim todas as formas de proteção. Só fui voltar a realidade pelo sua da voz suave que dizia: vamos pai, continua, ainda não é uma poesia.
Estavamos os dois cercadoso de dois edredons novos que acabara de comprar, devido ao frio repentino que fez em nossa Goiânia. E um poeta quando não sabe o que escrever, quando emoção é tão forte que o coração não consegue falar o que sente, finge, finge completamente entender a realidade ao  ponto de fazer da realidade a sombra da dor que sente. Assim, como pálido poeta das noites românticas perdidas na história escrevi: Nos dias frios da vida/ você é meu cobertor/ mantém minha alma aquecida/alivia, como um remédio, minha dor. Ela, ali, de olhos colados, mal esperou eu escrever o último verso e quebrou o silêncio. – Agora lê pai: Ao ouvir pegou o edredon, enrolou em seu frágil corpo, depois me abraçou, e então disse: Nossa pai, eu sou mesmo isso para você?
Escrevi então em silêncio, já com ela abraçadinha em mim: Você é minha estrela Dalva/ És a luz do meu caminho/ Quando você chegou ao mundo/ Nunca mais me senti sozinho. Para minha surpresa ela desceu da cama foi até o interruptor e apagou e acendeu a luz; e disse: nossa, eu sou como a luz pra você? E voltou correndo pra cama. Olhando para mim, perguntou: Mas pai, o que estrela Dalva? Expliquei então que era a estrela mais brilhante no céu. Ela retrucou dizendo: nossa, eu sou a mais bela estrela do céu? Então fala que as estrelas estavam lindas no céu, pai.
Imaginem a emoção que eu sentia. Escrevi então quase que as palavras dela. No dia em que você nasceu/ as estrelas estavam lindas no céu/ os sonhos mais belos em mim se teceu/ embrulhados em um lindo e puro véu.  Vendo os quatros versos escritos, ela disse: pai você é lindo, e eu te amo. Você escreve mais lindo que o Vinicius de Morais que a professora leu na sala. Deixei o papel com poesia nas mãos dela que foi levar para a mãe ler. Só agora após ela dormir, depois de uma longa sessão de profundas e efusivas declarações de amor, resolvi transcrever a poesia para o computador. Qual não foi minha surpresa ao  ver que ela fez um desenho ilustrando a poesia. Um céu todo azulado, cheio de estrelas, uma lua nascendo, e ela, ali no centro de tudo, como a mais bela estrela do meu céu.  Eu ia apenas transcrever a poesia no blog, mas ao ver o desenho não resisti em contar a história de como a poesia foi escrita. Assim, nasce minha primeira poesia ilustrada e em co-autoria com minha filha querida.

Minha estrela preferida ( Poesia feita em co-autoria com minha filha)




Na noite mais linda da primavera,
Nos sonhos mais lindos da vida,
Você é minha aquarela,
Minha estrela preferida.

Nos dias frios da vida,
Você é meu cobertor.
Mantém minha alma aquecida,
Alivia, como remédio, minha dor.

Você é minha estrela Dalva,
Você é a luz do meu caminho.
Desde quando você veio ao mundo,
Nunca mais me senti sozinho.

No dia em que você nasceu,
As estrelas estavam lindas no céu.
Os sonhos mais belos em mim  se teceu.
Embrulhados no mai belo e puro véu.

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