A embriaguez como pecado capital ou O Remédio de minha tia para problema dos rins.


Muitas pessoas têm vergonha dos vícios que possuem. Vícios, em sua maioria são pecados capitais. A luxúria, a gula, a ganância, a avareza, a embriaguez de todos os tipos; são alguns dos chamados sete pecados capitais. Diz-se que os pecados capitais nunca estão sozinhos, são unidos, por vezes vivem todos juntos no mesmo hospedeiro co-habitando no mesmo espaço, muitas vezes desafiando mesmas as leis da física.
Quando o assunto é embriaguez quase sempre vem acompanhado da luxúria, da torpeza e de alguns outros quesitos mais. E não se pode falar que embriaguez é apenas o uso de bebidas que nos faz perder a lucidez dos sentidos. Embriaguez é tudo aquilo que nos faz perder a  lucidez dos sentidos. Assim, não é de se assustar que tem muita gente por ai embriagada de futebol, de trabalho, de religião, de conhecimento. A embriaguez entorpece cega, mutila nossa visão correta das coisas, e, quando menos, distorce a realidade.
Dizem que a embriaguez, segundo o dicionário Aurélio, é o entorpecimento dos sentidos, e que tudo aquilo que entorpece, que exalta, que leva ao êxtase pode embriagar alguém. Então, podemos falar de embriaguez da vitória, da derrota, do amor, do ódio, da religião, da tristeza etc. O certo é que a embriaguez se dá pelo excesso de algo do qual, em síntese, necessitamos. Necessitamos de amor, mas em excesso ficamos embriagados. O mesmo pode se dizer da paixão, do ódio, da ira, da raiva, da alegria, da tristeza, enfim, das coisas físicas e biológicas sabemos que nosso organismo necessita de álcool, ma que em excesso leva-nos a embriaguez.
É difícil saber quando estamos nos alimentando de algo para nossa vida, e quando estamos nos embriagando. Os apaixonados, dizem alguns, são aqueles que vivem embriagados de amor. E, os loucos, são os embriagados da paixão. Entre a paixão e o amor o espaço e tênue como também o são entre o amor e o ódio e entre a paixão e a loucura. Na nossa sociedade, no entanto, quando falamos de embriaguez logo nos lembramos da bebida com alto teor alcoólico; nos rincões do nordeste goiano – a famosa cachaça.
Os indivíduos vencidos pela embriaguez ou com seus sentidos entorpecidos já não possuem mais nenhum senso de realidade. Suas formas de compreender o mundo ficam distorcidas, suas respostas ás questões cotidianas já não correspondem mais a concreticidade do material. O exemplo mais claro disso são as constantes piadas de bêbados. O personagem de João cana brava é um exemplo de como a sátira nos mostra a situação daqueles que se deixam perder no mundo da embriaguez.
A minha tia, somos de uma família de negros que viveram em  terras isoladas da sociedade, mas, que mesmo no isolamento cultivaram um alto gosto pela cachaça feita de cana. Tornou-se um costume da comunidade plantar a cana, fazer a cachaça no alambique e tomar ao redor das fogueiras, ao som do batuque, nas rezas, festejos e dias santos. No entanto, algumas pessoas aos poucos deixaram de se contentar em tomar a branquinha apenas nos dias de festejos e alegrias. Minha tia era uma destas insignes que passou a consumir a branquinha como substituta da água potável.
A bebida,  já deixara de ser há muito tempo, para ela, um instrumento de sociabilidade. Na verdade, tornara-se motivo de constrangimentos contínuos, vergonhas, cochichos e sofrimentos. No entanto, o consumo  só foi aumentando com o avançar da idade. Hoje, a sortuda já está para mais de setenta anos e ainda continua consumindo a branquinha regularmente, de forma assustadora, e muitas vezes ficando totalmente embriagada.
Durante anos os familiares insistiram  que deveria parar de beber. Enfim, no enterro da minha avó, meu irmão mais velho a inquiriu quando ela iria finalmente parar de beber. Ela reticente respondeu que não poderia. Todos que ouviram ficaram curiosos para saber a razão.
- Não meu filho, disse ela, não posso parar de beber, se paro ataca um dor nos rins; e depois, por que devo ficar com sede? Sempre que paro sinto uma sede danada.
Estava descoberta a água que realmente mata a sede e, um novo remédio para os rins. 

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