Lula: Boa sorte no seu tratamento – Ainda existe muitas misérias contra as quais devemos lutar.


Nelson Soares dos Santos

Eram 13 horas. Eu estava deitado na cama descansando a alma, o corpo e o espírito, quando a companheira que comigo convive e mãe de minha filha entrou pela porta, tirando-me do doce e suave paz de espírito trazida pela notas das músicas de Zé Geraldo, da música “Deságua”, cuja parte da letra abre este blog, e ousou noticiar: “ O seu presidente está com câncer”. Senti um susto e o primeiro nome que me veio a mente foi o nome do Ex-presidente Lula. Perdi o entusiasmo com o segundo governo de Lula, mas nunca perdi a admiração pela Pessoa do Estadista.
Corri para internet, e lá estavam as notícias detalhadas. Aos poucos, o que eu esperava; mesmo seus adversários mais acirrados reconhecendo o importante papel que o ex – presidente cumpre no cenário político nacional. Até o momento em que escrevo este texto, os principais líderes, ou pelo menos aqueles que merecem meu respeito já manifestaram solidariedade ao ex- presidente; manifestações justas pelo papel  que cumpriu com candidato a presidente e como presidente eleito durante dois mandatos.
Muita gente se esmera em analisar o papel de Lula como presidente, mas poucos consideram o papel realizado por ele antes de ser presidente. Além de  presidente, e grande líder, vejo o Lula como um grande educador do povo. Suas ações, suas decisões, suas palavras, chegam aos corações da massa/povo moldando forma de viver, estratégias de lutas e combates nas lutas do cotidiano.
Lula me foi apresentado quando eu tinha 12 anos de idade e era presidente do Grêmio Cívico Escolar do Colégio Germana Gomes na cidade de Divinópolis de Goiás. O meu amigo e mestre Joel Pinto de Barros contou-me a história de que como surgiu o slogam “A luta continua”, e aquilo ficou na minha mente. Enquanto lia as notícias sobre sua doença todas aquelas cenas do meu amigo contando-me entusiasmado que aquele homem para o qual ele era o único a fazer campanha na nossa pequena cidade e  a quem os fazendeiros chamavam de sapo barbudo chegaria a presidência do Brasil um dia; e, que ele diminuiria a pobreza, faria justiça social, aumentaria o número de Universidades, e dizia entusiasmado; talvez até tenhamos  uma faculdade aqui mesmo em Campos Belos.
Relembrando aquela cena percebi que os sonhos do meu amigo e mestre se tornaram realidade. Inclusive a universidade em Campos Belos. Hoje na Região do Nordeste Goiano tem  não apenas um campus Universitário, mais três: um da Universidade Federal do Tocantins em Arraias, outro da Universidade Estadual de Goiás em Campos Belos, e outro, também da Universidade Estadual de Goiás na cidade de Posse. Foi então que me perguntei: Qual luta devemos travar agora? Qual é a nossa luta, uma vez que a luta daqueles que sonharam com lula foi alcançado?
E não foi só no campo da Educação, bolsas de estudos, etc. Hoje, nem mesmo o mais ferrenho adversário de Lula e do PT, é capaz de negar o crescimento econômico e o combate a miséria travado em todo país. E, foi assim, quando chegou a minha mente a palavra miséria que comecei a pensar que Lula além de lutar contra o câncer pode se juntar novamente aqueles que pensam no futuro da nação e travar outra luta: a Luta contra a miséria. Não mais a miséria econômica, mas a miséria moral e espiritual que assola tantos brasileiros e que é a causa da corrupção tão generalizada que ceifa vidas dia e noite e destrói o futuro de muitas de nossas crianças.
A miséria moral da qual me refiro é aquela que se pode ver nas causas do acidentes de trânsito, provocado por irresponsabilidades das mais variadas; da falta de preparo das pessoas com nível superior, mas que por não terem levado a sério os estudos, não alcançaram a formação necessária; ou mesmo, quando a causa está na miséria de nossos programas educacionais que são incapazes, muitas vezes, de proporcionar uma formação humana digna. A miséria moral está nas relações políticas e sociais que nas mais variadas formas invadiu todas as instituições, inclusive a família; relações estas baseadas na falta de autenticidade, e, por outro lado em um excesso de hipocrisia e desonestidade.
Há também a miséria religiosa. Religião se transformou em praga. Quase todo mundo quer fundar uma. Do jeito que é vai daqui uns dias cada religião terá apenas um membro que será o pastor, o dizimista e o tesoureiro. A miséria religiosa é também a miséria da teologia. Surge interpretações teológicas que beira ao absurdo, e dá náuseas de se ouvir, mas que encontra ressonâncias nas massas. Quase sempre tais teologias prometem o céu na terra, e pela lei do mínimo esforço.
E assim, tem muitas outras misérias contra as quais é preciso lutar. A miséria da educação e do conhecimento, daqueles que falam de tudo e nunca leram os clássicos do pensamento humano; a  miséria espiritual, daqueles que não são capazes de passar um dia sozinho que caem em depressão e solidão espiritual; a miséria do amor, daqueles que já não são mais capazes de amar. Portanto, solidariedade a Lula, que fique bom logo, temos ainda muitas misérias contra as quais devemos lutar. E,  A luta continua.

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