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Mostrando postagens de agosto, 2012

Beleza singela.

Tu és bela. Tua beleza intriga a qualquer olhar. Sem saber, tu és, quase sempre, singela. Teu olhar traz aquela beleza única de tarde aquarela; Sem saber, tu têns a suavidade da brisa ao luar. Tu és linda. Invejas a ti a poderosa Helena. Ah! Ela não tinha tua sabedoria, nem o teu poder. Ah!, Ela não sabia ser encantadoramente doce e serena, E, quando não sendo, saber sempre  ser mulher. O teu olhar meigo, sonho de vidas idas. A tua busca, imensa do amor perdido. A tua sorte, que cresce ao entardecer. És a ti, que dedico esta poesia/margarida. No afã de que do sonho esquecido. Tua alma se lembre no novo alvorecer.

Se eu morresse amanhã

Parece que foi ontem que li esta poesia pela primeira vez. Eu a decorei, recitei, cantei, e nela aprendia da força do amor. Se eu morresse amanhã Alvares de Azevedo. Se eu morresse amanhã, viria ao menos Fechar meus olhos minha triste irmã; Minha mãe de saudades morreria Se eu morresse amanhã! Quanta glória pressinto em meu futuro! Que aurora de porvir e que manhã! Eu perdera chorando essas coroas Se eu morresse amanhã! Que sol! que céu azul! que doce n'alva Acorda a natureza mais louçã! Não me batera tanto amor no peito Se eu morresse amanhã! Mas essa dor da vida que devora A ânsia de glória, o dolorido afã... A dor no peito emudecera ao menos Se eu morresse amanhã!

Iniciação

Mas uma linda poesia relida. Desta vez, com uma compreensão bem mais real. Fernando Pessoa Iniciação Não dormes sob os ciprestes, Pois não há sono no mundo. .................................................... O corpo é a sombra das vestes Que encobrem teu ser profundo. Vem a noite, que é a morte, E a sombra acabou sem ser. Vais na noite só recorte, Igual a ti sem querer. Mas na Estalagem do Assombro Tiran-te os Anjos a capa : Segues sem capa no ombro, Com o pouco que te tapa. Então Arcanjos da Estrada Despem-te e deixam-te nu. Não tens vestes, não tens nada : Tens só teu corpo, que és tu. Por fim, na funda caverna, Os Deuses despem-te mais. Teu corpo cessa, alma externa, Mas vês que são teus iguais. .................................................... A sombra das tuas vestes Ficou entre nós na Sorte. Não 'stás morto, entre ciprestes. ...........

Autopsicografia

Mas uma releitura gostosa, desta vez, Fernando Pessoa. Autopsicografia O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração.
Pablo Neruda – Cem sonetos de amor Soneto VIII Se não fosse por que têm cor de lua teus olhos, de dia com a argila, com trabalho, com fogo, e aprisionadas tens a agilidade do ar, se não fosse por que uma semana és de âmbar. Se não fosse por que és o momento amarelo em que o outono sobe pelas trepadeiras e és ainda o pão que a lua fragrante elabora passeando sua farinha pelo céu. Oh, bem-amada, eu não te amaria! Em teu abraço eu abraço o que existe, a areia, o tempo, a árvore da chuva e tudo vive para que eu viva: sem ir tão longe posso ver tudo. vejo em tua vida todo o vivente.