O alto índice de violência e o caos na Educação.




Nelson Soares dos Santos

O último artigo de opinião que escrevi foi publicado em meu blog Observatório Goiano, no dia 20 de junho de 2016, e no Jornal Diário da Manha na mesma semana. Desde então, fiquei em silêncio. Até agora.  O título do artigo foi : “ O voto solitário de Rubens Otoni e a resistência progressista em Goiás”. Depois, silenciei. E o fiz, por que ao ver uma série de direitos trabalhistas sendo desmontados, faltavam-me palavras. Era preciso um tempo de reflexão. Desde então, muitos direitos trabalhistas se foram, muito da liberdade que tínhamos já se perdeu. O ódio se espalhou ainda mais. Contraditoriamente sinto-me no dever de retornar a luta.  Permanecer em silêncio no momento atual, seria no mínimo uma tremenda covardia.
Ao retornar do meu silêncio e hibernação, claro que a primeira coisa que começo a prestar atenção é na situação da educação. Converso com alunos, professores, e o que ouço é de assustar. Não é surpresa a violência que toma conta da sociedade quando relatos dão conta  ( e tem vários vídeos da imprensa nas redes), que a maioria das escolas públicas se tornaram espaços violentos com professores agredindo alunos, alunos agredindo professores, presença de traficantes , drogas, etc. E tudo se passa como se fosse normal. Tudo banalizado. Estamos banalizando o mal e de forma hipócrita choramos quando uma criança é assassinada.
Os professores estão ganhando mal como nunca. O salário mínimo subiu e a maioria das prefeituras não está fazendo correção de data base. Em alguns casos, progressão,  promoção por titulação, plano de carreira são ignorados. E o salário do professor vai perdendo poder de compra de tal forma que em algumas situações e relatos já não conseguem fazer a cesta básica chegar ao final do mês.
As condições de trabalho são péssimas. Alguns colégios estão depredados. As relações humanas estão piorando e os professores adoecendo. Ouvi relatos de professores que ministram aulas com medo dos alunos, casos de alunos que bateram em professores e até de aluno que vai pra escola armado e intimida professores com a arma para obter a nota que deseja. Em consequência há um êxodo da atividade docente.
O Sintego ( Sindicato dos Trabalhadores em Educação)  e os movimentos que  dizem defender os professores estão cooptados das mais diversas formas e se tornou muleta política de indivíduos, e, os governantes os utilizam como meio de controlar a categoria para não cumprir as obrigações constitucionais com a área da Educação. Há uma hipocrisia absurda reinando. É possível fazer muito mais com o dinheiro que já existe para a educação, se houver coragem, menos corrupção, menos cooptação, e disposição para pensar no bem e no futuro da coletividade.
Não é estranho, pois, que a violência aumente todos os dias nas ruas. Quando a educação não funciona nada mais na sociedade pode funcionar bem. Estudantes estão deixando o ensino médio sem capacidade de leitura e interpretação, sem bons costumes, sem nenhuma disciplina e tão pouco respeito por si mesmo e pelo próximo. E assim, todos se tornam terreno fértil para que o ódio seja plantado nos corações e o caos se instale na sociedade.
Chegou a hora da sociedade se unir em uma luta verdadeira em defesa de um nova era para a educação. Há sim condições de se pagar salários melhores, afinal, o Estado do Maranhão é uma prova disso. Tudo de que se precisa é de vontade política, sinceridade, honestidade de propósitos para colocar um fim nesta hipocrisia que reina para que possamos iniciar uma nova era de paz e esperança.

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