O Líder Marconi Perillo (IV) . - Alcides é o nome, Alcides e Marconi.

O Líder Marconi Perillo (IV) . - Alcides é o nome, Alcides e Marconi.
O ano de 2003, foi um ano triste em minha vida. Embora para muitos eu devesse comemorar o fato de ter concluído o mestrado em educação pela Universidade Federal de Goiás, para mim, ver o Partido Comunista do Brasil divido, perdendo suas lideranças, e praticamente o rumo e os ideais, foi umas das maiores tristezas e derrotas da minha vida. O motivo das dissidências internas do comunismo goiano repousava justamente, na aparência, nas formas como se via o governo Marconi Perillo, na essência, vejo depois de algum tempo passado, era muito mais do que via percebia minha vã filosofia.
Defendi abertamente que para o segundo mandato de Marconi Perillo, uma vez que havíamos participado do governo, apoiássemos já no primeiro turno; não via nisso nenhuma dificuldade dadas as boas relações que haviam entre o PT e Marconi Perillo, e a inexpressividade do candidato do PT ao governo. Aquele segundo mandato de Marconi era para mim, plebiscitário, mas não foi esta a compreensão da maioria. No final, o partido apoiou Marconi no segundo turno e continuou a participar do seu governo até o ultimo dia do seu segundo mandato. No entanto, a possibilidade de influenciar os rumos do governo foi se tornando cada vez mais frágil por parte da corrente progressista que atuava dentro da estrutura administrativa.
A escolha do sucessor de Marconi, foi naturalmente desenhada na medida em que as forças conservadoras dentro da estrutura administrativa se alinharam e se uniram no mesmo propósito. Não foi apenas Marconi que escolheu Alcides sucessor, foi a incapacidade das forças progressistas de se tornar hegemônica em seu governo que fez com que apesar das realizações no campo social e humano, a escolha enveredasse para o representante da antiga linhagem ditatorial e anti-povo, portanto muito mais próximo de Iris Rezende que do próprio Marconi Perillo.
Mas por que o povo votou em Alcides, se as políticas do governo Maguito eram muito mais próximas do Governo Marconi, do que já o conhecido Alcides Rodrigues? Penso que em 2010, uma música será muito ouvida, principalmente se houver três candidatos: Marconi, Iris, e um candidato do Governo Alcides. A música será o jingle com o qual Marconi entrou na campanha de Alcides e o elegeu Governador. Sim, não foi o povo que elegeu Alcides, foi Marconi quem elegeu Alcides, o povo apenas deu um voto de confiança a Marconi, quando ele disse: votem em Alcides e a música tocava: “ Alcides é o nome, Alcides e Marconi”.
Muitos analistas tentam explicar a configuração política atual mostrando que poucas federações conseguem administrar sem o poder central. Eis um argumento verdadeiro que justifica muitos dos debates e a aproximação do Governo Alcides do Presidente Lula. No meu caso, o que me impressiona é ver o Governo Lula fazer uso das fraquezas do estado para tentar destruir e derrotar uma liderança que tanto fez por Goiás. Alcides só conseguiu se eleger por causa do Marconi, e não consegue governar sem o apoio do Lula: eis a espada sobre o pescoço do governador, deixando Marconi torna-se um traidor, deixando Lula, não consegue governar. O que impressiona é que mesmo aproximando do governo Lula, um governo que afirma e tem números que mostra um forte lado social, em Goiás, a rede de proteção social se desvanece, por que é preciso fragilizar os maiores feitos de Marconi para derrotá-lo.
A liderança de Marconi é agora mais uma vez posta a prova. O elemento novo é a expressa vontade de um governante do poder central em derrotar uma liderança regional, já presente nos jornais de todo país; de outro lado, as contradições entre as práticas políticas do governo regional e o poder central. Na essência, o governo de Marconi ficou muito mais próximo de Lula do que o próprio governo Alcides. Resta esperar para ver como Lula transferirá votos para candidatos que na prática não pensa e não sente o povo.
Por fim, uma palavra sobre os chamados partidos progressistas a nível nacional, ( PT, PC do B, etc). Em Goiás, como se disse no início, mais do que as ideologias partidárias tem pesado a prática política das lideranças, e neste sentido, por mais que alguns não queiram, continuará a existir apenas dois pólos: Iris e Marconi. Os demais já estão todos ai representados. Não é demais lembrar que o que restou do PC do B já é da base de apoio de Iris, juntamente com o PT; e os progressistas destes dois partidos, ou o que restou; já é base de Marconi.
Eu chamaria Marconi de um democrata humano, e Iris de um democrata tocador de obras. Só preocupa-me se nesta disputa não venha levar a melhor uma terceira via, ( O Financista e os Conservadores) aqueles que representam a anti-democracia, o anti-povo, herdeiros da velha ditadura, verdadeiramente oligárquica e coronelista. Se perder Marconi o povo goiano terá perdido, e se perder Iris, o povo goiano terá perdido duas vezes, três vezes, um milhão de vezes.

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