A Formação Política e a Batalha Eleitoral: Elementos para um plano de Governo popular.
Nelson Soares dos Santos[1]
Começaram as eleições e
para muitos parece ter findado o tempo do processo de organização e formação
política no partido. No entanto, não é isso que a realidade nos mostra. Na
batalha eleitoral é também hora e
momento de construção ideológica do partido na práxis, no mundo vivido, na luta
cotidiana. Um destes momentos
importantes é a formação do plano de governo, e a defesa das propostas
partidárias durante a campanha. É pelas ideias e propostas que marcaremos nosso
território nas mentes e corações das pessoas o projeto do nosso partido para a
sociedade.
A ideia central que deve
marcar o posicionamento de todos os candidatos do partido é “A sustentabilidade”. A FAP vem publicando
farto material sobre o tema com destaque para a última revista que tratou sobre
os impactos das decisões da Rio + 20, sobre os processos de desenvolvimento das
nações e dos povos. E, aqui, sustentabilidade não se trata de uma mera economia
verde, e sim, de um processo de desenvolvimento que permita um desenvolvimento
humano e aperfeiçoamento do processo civilizatório. Neste sentido, sintetizamos
nos tópicos que segue.
1. O poder Local.
A ideia do poder
local deve permear toda a prática partidária. Não apenas no processo da
organização do partido, mas mais ainda, na organização da sociedade. No programa
Nacional do Partido, fica claro a ideia de um programa de desenvolvimento com
base nas municipalidades e isso requer:
A) Defesa de Instalação de
subprefeituras nas cidades com mais de 200 mil habitantes;
B) Defesa da instalação de conselhos
Municipais com já existentes nas cidades de São Paulo e Porto Alegre, os
chamados conselhos municipais autônomos, como canais de verdadeira participação
popular.
C) Fortalecimento dos conselhos já
existentes como entidades fiscalizadores, e como espaço da construção da
cidadania.
2. Educação.
O partido vem defendendo com afinco a causa da educação
desde o seu último congresso nacional. Neste quesito, a bancada federal conseguiu
incluir diversas conquistas no Plano Nacional de Educação que está em discussão
no Congresso Nacional, dentre elas, a participação na luta que indicou os 10% do
PIB para Educação, a Universalização da Educação Infantil, e melhoria da qualificação e valorização dos
profissionais da Educação. No nível do munícipio temos:
a) Defesa de gasto de 35% do orçamento
do munícipio com a Educação pública;
b) Luta pela Universalização da Educação
Infantil, com construção de CMEIS,;
c) Valorização dos educadores em todos
os municípios, com programa de qualificação, organização de Educação Científica
e Investimento em Pesquisa mediante parceria com as Universidades, de preferência,
Universidades Públicas;
d) Criação de Programas de Educação para
a cidadania, visando melhorar a participação dos pais na vida escolar dos
filhos e orientar os pais no processo de Educação familiar.
e) Fortalecimento dos conselhos
escolares e conselhos do FUNDEB;
f) Investimento na Educação Científica
desde a Educação Infantil.
3. Saúde
A questão da saúde no estado de Goiás está um caos. De
um lado, o governo estadual reclama que o problema foi causado por falta de
investimento ao longo dos anos, de outro, os munícipios reclamam da
incapacidade de cuidar da demanda pela saúde.
Neste caso, é preciso que tenhamos atenção quanto aos últimos movimentos
do Governo Estadual, no sentido de terceirizar a gestão dos hospitais públicos.
Será esta a melhor saída? Hospitais cuja
gestão foram terceirizadas em outros estados produziram resultados? Enquanto não temos respostas, algumas
soluções que dizem respeito ao exercício da cidadania devem ser defendidos:
a) Fortalecimento dos conselhos municipais
de saúde e dos conselhos setoriais;
b) Investimento no desenvolvimento
humano dos servidores públicos municipais da área da saúde com a instituição de
planos de carreira, qualificação e atualização;
c) Valorização do profissional de saúde,
e cobrança de profissionalismo no trabalho da rede pública;
d) Defesa da construção de
Hospitais para prover leitos suficiente,
( hospitais de referência) nas cidades com mais de 100 mil habitantes;
e) Defesa da melhoria do atendimento as
mulheres e crianças;
4. A segurança.
A questão da segurança
tem sido tratada nos munícipios, muitas vezes, de forma simplista como se o
aumento da guarda municipal e seu armamento com armas letais venha resolver o
problema. Precisamos ver o problema da segurança não de forma isolada, mas como
elemento do processo de sustentabilidade. Neste sentido é preciso desenvolver
ações em dois campos: o campo da repressão e o campo da prevenção.
a) Investimento em estudos sobre as
influências dos processos migratórios sobre
o aumento da violência nos munícipios, sobretudo, nos munícipios de
menor porte.
b) Investimento em estudos e ações de
programas de combate a violência com foco na família e na escola;
c) Desenvolvimento de uma nova mentalidade de combate a violência
que inclua o processo de desmilitarização das guardas municipais e das polícias
militares.
d) Envolvimento da sociedade civil no
combate ao tráfico de drogas, por meio do fortalecimento dos conselhos locais
de segurança;
Outros temas devem ser discutidos com exaustão de
acordo com a realidade de cada munícipio, com destaque para o investimento no
transporte público nas cidades com mais de 100 mil habitantes, construção de
ciclovias, etc; o processo de organização do espaço urbano, educação financeira
para as famílias, dentre outras.
No conjunto, é preciso entender que não haverá
sustentabilidade sem investimento no ser humano, e que portanto, o caminho da
sustentabilidade passa pelo entendimento de que o maior patrimônio da sociedade
é o ser humano, e que urge mudar a forma perversa criada pela teoria do capital
humano, quando tudo foi transforma em mercadoria. Precisamos construir uma nova
lógica nas relações sociais e esta nova lógica começa nas cidades, no poder
local, afinal, todas as outras formas de poder é um reflexo da lógica
instaurada no poder local.
[1]
Nelson Soares dos Santos é Pedagogo, Mestre em Educação Brasileira pela UFG, e
Doutorando em Educação. É membro da Executiva Estadual do PPS Goiás, e Diretor
da FAP=Goiás.
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