O Nascimento do Líder Marconi Perillo. Parte I – Iris e Santillo
Nelson Soares dos Santos

No ano de 1986 eu era presidente do Grêmio cívico e tinha 12 anos de idade, menino sonhador, quando subi no palanque para estar ao lado do senhor Iris Rezende Machado. Estavam ainda o Senador Iran Saraiva, que muito me impressionou por ver ele ali, feliz sobre uma cadeira de rodas. Para mim, até então, pobreza e infortúnio era sinal de infelicidade, e, aquele senador era uma prova de que era possível vencer os infortúnios da vida, a pobreza, a miséria, as dificuldades. Outra personalidade ali presente no palanque era o senhor Henrique Santillo. Em conversas nos bastidores antes da chegada das autoridades fui instado por Joel Pinto de Barros, secretário de administração do prefeito Juarez Gomes, que eu deveria liderar os estudantes de todos os municípios da região para apoiar como sucessor de Iris no Governo, Henrique Santillo. Na descrição feita, as razões eram que Goiás tinha até então no Governo Iris muitas realizações e investimento em infra-estrutura, e que doravante precisava de um homem voltado para o social, e, que apesar de Onofre Quinan, ser um bom homem, e Naftali Alves secretário de Obras, também seria uma ótimo candidato, o homem que investiria no ser humano era Henrique Santillo.
Os tempos se passaram e Henrique Santillo foi eleito novo governador de Goiás, e a vida deveria continuar com o progresso indo agora bailar o aspecto humano que faltara no Governo Iris. No entanto, não foi que aconteceu. Apenas muito tempo depois, no ano de 2003, eu iria entender por que o Santillo não conseguiu implantar a tão sonhada rede de proteção social sonhada por seu Joel e muitos idealistas do Estado a fora, que acreditam que o investimento no ser humano é ainda o melhor e mais profícuo investimento. Naquele fatídico ano de 2003, para minha vida, no primeiro governo de Marconi Perillo, eu aprendi muitas coisas; a primeira delas, é que em Goiás, e em sua história política os governantes são todos personalistas e não planejam a própria sucessão. Henrique Santillo não conseguiu governar por que não teve o apoio do governo federal, do qual Iris Rezende Machado era uma figura da mais alta conta, tendo sido inclusive Ministro de Estado da Agricultura. E aqui, começaria então a história de Marconi Perillo, assessor de Henrique Santillo, fazia parte do bloco considerado progressista do PMDB goiano, estando próximo de figuras populares como Aldo Arantes, Pedro Wilson, Denise Carvalho, dentre outras personalidades consideras a esquerda do espectro ideológico da política goiana.
O grupo popular do PMDB afastou-se de Iris Rezende Machado, ( nos documentos públicos dos partidos de esquerda, consta que Iris afastou dos ideários da esquerda, tornando-se personalista e conservador), o certo, é que Marconi Perillo desembarcou no PSDB, onde também desembarcaria mais tarde, depois de uma tentativa frustrada de ser candidato a governador o senhor Nion Albernaz, sendo preterido na escolha por Iris, em favor de Maguito Vilela, numa luta interna para decidir quem seria o sucessor, no seu segundo mandato.
O novo grupo do PSDB, foi crescendo aos poucos, e Marconi tornava cada vez mais o Anti-Iris de Goiás. Nascia ali, os germens da disputa política atual. Nascia ali o líder que haveria de derrotar o “Tocador de Obras de Goiás”, mas que não se importava em nada com o ser humano. Nascia ali, também, a principal característica do Governo Marconi Perillo: o investimento no Ser Humano como mola propulsora de todo desenvolvimento de um povo.
Nos documentos do Partido Comunista do Brasil, consta que o afastamento do Partido do segundo Governo de Iris Rezende Machado se deu para permitir a continuidade da luta pelo aprofundamento da democracia em Goiás, mesmo motivo, que justificava a participação no governo de Marconi Perillo. A Luta, porém, pela democracia em Goiás é uma luta árdua, e a defesa das classes populares, ou mesmo a classe trabalhadora em Goiás, é algo tão difícil quanto transformar o Nordeste Goiano em uma região próspera e de rico desenvolvimento humano. Em Goiás, ainda não temos democracia, não temos as condições mínimas para o exercício da democracia e da cidadania, e isto talvez explique o tão parco crescimento de partidos de esquerda, e mesmo, a qualidade das lideranças dos partidos de esquerda, que na prática quase nada os diferem dos partidos chamados de direita.

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