Casar é fácil. Díficil é construir um lar.

Casar é fácil. Díficil é construir um lar.
Para casar basta comprar duas alianças, fazer uma festa de noivado, um curso de noivos, alardear para os amigos, ir ao cartório e fazer o casamento. Alguns fazem na igreja, o que também não é díficil. Afinal, não se exige mais a virgindade da mulher. Pode se casar com o vestido que quiser, com a cor que quiser e está tudo bem, está tudo ótimo.

Para casar, nem é preciso mais, como diziam os antigos, ter casa. Inventaram o aluguel. Aluga-se uma casa, apartamento, barracão, qualquer coisa. Coloca-se se uma cama, um fogão, e pronto. Casa-se.

Construir um lar leva-se mais tempo. Construir um lar significa plantar as sementes da vida e da virtude. Para construir um lar é preciso que os candidatos homem/mulher se conheçam. É preciso que se passe tardes e fins de semanas juntos conversando, passeando de mãos dadas, ouvindo um do outro as formas de se viver e amar a vida. Sim, pois mesmo que ambos sejam do bem e acreditem no amor, é preciso ter harmonia na forma de amar. É preciso sintonizar as formas de sentir o suave toque a brisa, é preciso aprender a respirar juntos. É preciso que ambos se afinizem com a chama divina que existe em cada um de nós para que o futuro lar seja protegido das forças das trevas que produz as intrigas do dia-a-dia.
Para se constuir o lar é preciso haver um querer de ambos os lados. Mas não apenas querer. È preciso haver querer e disponibilidade. Hoje, muitas mulheres e muitos homens estão alquebrados de relacionamentos dos quais insiste em não se desapegar. Pessoas apegadas relacionamentoso passados não estão prontos para construção de um lar. Podem estar prontos para um casamento, querer ter filhos, construir patrimônimo, mas não estão prontos para um lar. Não se cosntrói um lar perguntando para um ex-namorado como agir nas novas situações. Constrói-se um lar entregando-se de corpo e alma ao amor que deve reger a cosntrução de um lar.
Quando era criança li uma mensagem do Padre Zezinho, que dizia que o lar que queremos cosntruir deve ser feito dia-a-dia, tijolo por tijolo. Na época trabalhava com meu pai de pedreiro, e por esta razão fiquei dias e dias vendo casas sendo construídas tijolo por tijolo. Aquela mensagem moldou minha crença sobre como deve ser construido um lar. Apenas uma coisa me escapou: é preciso ter a argamassa correta, os tijolos não podem estar estragados. E é preciso saber manejar o esquadro e o compasso. Do contrário as paredes ficam tortas, e no final tudo se desmorona.

A argamassa de um lar é o amor. As virtudes da tolerância, prudência, bondade, paciência, cuidado, e amizade. È preciso manejar bem o esquadro da retidão, da fidelidade e do respeito. Cada medida deve ser pensada, medida, pesada e alinhada.

Digo isso com a experiência de quem está no segundo relacionamento que pode ser considerado um casamento. Tenho duas filhas, uma de nove anos e outra de quatro anos. Cada uma de um relacionamento diferente.
Com a primeira mãe não vivi, por opção minha. Achava-me um homem moderno, poderia ser pai solteiro, até mesmo criar minha filha sozinho. Hoje, penso, quanto egoísmo e burrice. Três anos depois já professor universitário, vi que a vida é bem diferente dos folhetins dos revolucionários. A vida não permite invenções malucas, nem a natureza permite criações burlescas.

Quando a primeira filha estava com quatro anos consegui um acordo com a mãe, acordo díficil, porém útil a preservar o mínimo da saúde da filha. Então, foi que percebi que toda esta baboseira de guarda compartilhada, etc, etc, não é mais do que uma grande mentira que não preserva nem mãe, nem pai, nem filhos. Descobri pela dor que a única coisa que realmente preserva a dor de uma filha é a manuteção do lar, é a construção de um lar. Descobri que todo ser humano nasceu para crescer em um lar. Todo o estatuto da criança e adolescente deveria ser mudado. O único direito que deveria ser garantido a todas as crianças é o direito de serem criadas em um lar e amada por seus pais e mães.

Era uma noite de sexta feira e fui a cidade da minha filha buscá-la para passar férias comigo. Alegre por que estava na minha companhia e triste por que estava deixando a mãe para trás ela me disse:
- Pai, existem coisas na vida que nem fadinha consegue resolver né?
Eu, sem entender questionei: - o que por exemplo?

Ela respondeu: - Veja pai, eu amo a Maria Luiza, ela é minha irmã, se eu desejar que você fique com minha mãe você não vai poder ficar com a mae dela, e eu amo também meu irmãozinho, e se você ficar com minha mãe pra gente ter um lar, almoçar juntos, brincar, meu irmãozinho não ficar com o pai dele. Logo, a fadinha não pode fazer nada por mim.

Com dor no peito e quase chorando eu disse a ela que era possível buscar a harmonia entre as pessoas e que um dia talvez, no aniversário de 15 anos dela, eu conseguiria reunir as pessoas que ela ama, mesmo que por um momento na vida, ela teria um grande lar.

Com minha segunda esposa, eu não queria uma copulação, queria um lar. Pedi que ela me prometesse que nunca afastaria minha filha de minha pessoa. Acaba de terminar os cinco anos mais profundos da minha vida nos quais eu não tinha coragem de deixá-la unicamente por medo de sofrer com a distãncia da minha filha. Foram cinco anos nos quais tudo foi feito para que minha auto-estima fosse destruída. Ouvi diuturnamente que eu era o pior homem do mundo, que eu era fedorento, pobre e todos os impropérios possíveis. Hoje, eu sei que errei em ter acreditado que ela queria construir um lar. Hoje eu sei que quando uma mulher quer um determinado homem não há nada que ela possa receber que a faça querer outra coisa. Finalmente, começa meu segundo calvário: viver longe da minha segunda filha.

Felizmente obtive razão para acreditar que não sou um homem tão ruim quanto ela me convencia que eu era. Tive então forças de deixá-la. Confesso que tenho medo de me relacionar com qualquer mulher, e, que dói no meu peito apenas de lembrar alguns momentos vividos. Agora, depois que tudo passou, eu agradeço a deus por não ter feito nenhuma loucura, foi Deus quem dirigiu meus atos e atitudes, pois não entendo como suportei tantos impropérios e tanta dor. Quando a gente vive sozinho, faz-se qualquer coisa pra fugir da solidão. Hoje, sei que não vale a pena.

Aprendi que só é possivel deixar de ser sozinho quando se constrói um lar. Um lar é construído com amor, com carinho, com afeto, com tolerância, amizade, bondade, cuidados. Um lar é onde ansiamos por estar, por nos sentir seguros. Para se construir no entanto, um lar, é preciso o querer total de duas pessoas. Não é possível construir um lar com uma mulher que ama outro homem, que pensa o tempo todo neste outro homem, que liga dia sim e dia não para este outro homem. Um lar exige de ambos fidelidade. Fidelidade total.
E não é possível suprir a falta de fidelidade de um, sendo infiel de outro lado. Isso pode até manter por algum tempo o casamento, mas não mantém o lar. Não é possível ceder a práticas corrompidas de sexo, de formas de busca de prazer. Isso até pode manter um casamento, mas não mantém um lar, pelo contrário degrada o espirito e alma dos que estão envolvidos.

Aceitar o descuido com a casa, o descuido com a pessoa de qualquer dos conjugues, pode manter um casamento. Não mantém porém um lar. Uma casa descuidada, uma esposa que não recebe o marido chegando de viagem com um beijo e um abraço, que não sente prazer em cuidar dos pertences do marido não mantém um lar. Aceitar tal situação pode manter um casamento, não um lar.

Da mesma forma, um marido que não ouve a esposa, que não cuida, que não manda flores vez ou outra. Um marido que prefere estar com os amigos a estar com a familia, que não elogia a esposa e que não reconhece suas mais nobres qualidades. Aceitar isso como normal, pode manter um casamento, mas não mantém um lar.

Enfim, é possível sem amor manter um casamento. Não é possível, no entanto, manter um lar. Um lar onde um dos conjuges não acredita no amor, simplesmene este lar não existe mais. Pode até existir uma casa bem arrumada, contas pagas, mas sem amor não é possível fazer um lar existir. Um lar só é possível fazer existir com amor e com a presença de deus. Eu precisei viver longe de duas filhas que amo para entender isso. Não é possível construir um lar sem o amor recíproco de homem/mulher pai/mãe, e de forma triangular o amor de ambos por deus, pelos princípios e valores do amor divino. Apenas este é o caminho para proteger e cuidar bem dos filhos, dar a eles a segurança para que eles cresçam em virtude e evoluam espiritualmente nesta terra

Comentários

  1. JusticaNelson:
    É mais do que visível sua revolta e frustação em relação ao que você passou. Neste ponto fico solidário a você. Embora tenhas descrito um lar com uma visão, até certo ponto, machista, sem dúvida alguma que um lar saudável e amaroso é o melhor para qualquer ser humano. Entretanto, e quando este lar não foi possível? Como ficam os filhos? Apenas com a mãe e o pai visita? Apenas com o pai e mãe visita? É para estas situações que existe a guarda compartilhada! A guarda compartilhada não gera situações nem boas, nem ruins! A guarda compartihada apenas garante participação de ambos os pais na criação dos filhos, o que já é para ocorrer independente do casamento. A guarda compartilhada, da forma como promulgada mo Brasil, sequer produz a divisão equanime de moradia da criança com os pais, isto seria uma guarda alternada! Falando em guarda alternada, esta apenas propiciaria o mesmo tempo de convivência da criança junto a pai e mãe, a qualidade deste tempo, e quanto isto pode ser benéfico a criança, depende do pai e/ou da mãe, não pode ser determinada por sentença!
    Portanto, se no seu caso a guarda compartilhada/alternada, não foi uma boa solução, lamento. Mas, não queira generalizar e aplicar isto a todas as demais familias, chamando-a de babozeira! Até porque, não este sistema não nasceu de nenhum desabafo emocional e sim de longos estudos, durante anos, de centenas de familias e por especialistas altamente qualificados.

    Fique e paz, e que Deus lhe conceda o lar tão pretendido.

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  2. Sem palavras....
    Sílvia Freitas.

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