O marido e o Amante



Nelson Soares dos Santos

A vida vivida na luz é a vida do olhar
Todos podem saber, e apenas eu posso me envaidecer.
Os outros foram ladrões que no escuro e as escondidas roubaram momentos seus
Eles não podem contar, sentem vergonha e com a consciência no Breu.

Eu olhei-te todos os dias. E contemplei cada mudança em seu corpo.
Não tinha pressa. Eu não era o amante. Era o companheiro das horas mais densas e doloridas, nas quais o celular podia ficar desligado.
Os outros estavam sempre correndo. E tinham medo de serem surpreendidos. Eu não tinha pressa, e tinha orgulho de ser visto ao seu lado.
Eu sei que fui enganado. Sim, e nada devo. Não conheço ninguém que tenha sido roubado que tenha consciência culpada. Os ladrões, estes sim, todos os dias perdem o sono e remoendo na cama brigam com travesseiro.
Tantos deles brigaram com o travesseiro enquanto você tranquilamente dormia e meu peito.
Eu tinha tua vida em minhas mãos. E tanto tinha que morria de medo de que eu a pegasse com outro e viesse a tirar tua vida. O que tu não sabias é que nunca me senti dono de ti, por que nunca me senti dono de nada. Tu eras sempre livre e sempre foi esta razão que te sentias impelida a voltar. Com os outros tu tinhas momentos de loucura. Só do meu lado tudo podias ter o que sabias ser um Lar.



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