A intervenção no PDT e o sonho de uma esquerda democrática em Goiás.
Nelson
Soares dos Santos[1]
No
ano de 2001, então dirigente do PC do B no Estado defendi efusivamente o
lançamento da candidatura de Aldo Arantes para Governador do Estado, e
fortalecia o sonho de ter nosso estado governado por uma esquerda democrática.
Goiás nunca teve um governo voltado para o humanismo e a democracia. O
Governador que mais poderia aproximar deste título teria sido Mauro Borges, e,
mais recentemente Henrique Santillo. Entretanto ambos estiveram presos nas
estruturas do coronelismo fundado nos meios de produção da Agricultura e da
pecuária e, em uma cultura de submissão por parte da sociedade civil a um
modelo de vida ultrapassado de cidadania pobre e periférica. Na verdade é difícil
dizer que existe em Goiás cidadania política. Os últimos dois Governadores (
Iris Rezende e Marconi Perillo) tornaram-se verdadeiros coronéis e não contribuíram
para fazer avançar um modelo de sociedade democrática em Goiás.
Recentemente
li nos jornais que o Presidente Nacional do PDT Carlos Lupi, por meio de
decisão do colegiado da direção nacional do partido, decidiu intervir em Goiás.
Afastou os dirigentes George Morais e a Deputada Flávia Morais da direção e
estará vindo a Goiânia no dia 24 de Junho para consolidar o processo. Vejo como
corajosa a decisão do PDT Nacional por que em Goiás nenhum partido vive fora da
esfera de influência do Governador Marconi Perillo. E eu acredito que se a
Deputada Flávia Morais votou pela admissibilidade da denúncia contra Dilma foi
em grande parte pela influência do Governado. O Governador tem suas digitais em
todos os partidos das mais variadas formas, controla a todos como bonecos ventríloquos
e pratica os atos que bem lhe aprouver e ai daquele que não seguir as ordens
dadas pelo Chefe.
Caso
concretize o processo de intervenção O PDT poderá vir a prestar um grande serviço
a Goiás no Futuro que é de abrigar todos aqueles que desejam exercer a
cidadania política longe das influências do Governador. Depois de 18 anos
dominando o Estado e quase nada tendo sido feito pelo desenvolvimento humano e
pela cidadania, com a educação as traças ( ameaça de implantar as OS na Educação
sem ouvir a sociedade, ) saúde com todas as mazelas possíveis e tantas
promessas não cumpridas Marconi segue impávido em seu projeto de se manter no
poder. Um partido que pudesse se construir longe desta influência maléfica
seria um sopro de esperança em um estado no qual a liberdade há muito tempo
deixou de existir.
O
caminho da construção.
Mantendo
as esperanças é preciso dizer que caso o PDT queira mesmo ser o sopro de alento
na construção de uma cidadania política no estado de Goiás, é preciso se
construir e se constituir alinhado a um projeto nacional e que coloque Goiás em
sintonia com os destinos da nação. Se, é para construir desde agora a
possibilidade de o PDT ser alternativa em 2018 com Ciro Gomes, é preciso também
que desde já o PDT se construa com pessoas que vestirá a camisa desse projeto desvencilhando
das influências políticas da base do Governador. É preciso sobretudo que o PDT comece
a pensar a se construir como um partido que poderá ter em 2018 candidato
próprio a Governador, não apenas para constituir palanque para o candidato a
presidente, mas sobretudo, para se colocar como alternativa a ser o capitão na
construção de uma esquerda democrática em Goiás.
Para
tanto, é preciso que o PDT traga para Goiás, ou acolha no estado pessoas que
possuam identidade com passado de lutas do Partido, sobretudo a luta pela
educação. No caso da educação é um momento de verdadeira desolação no qual o
partido poderia vir a se tornar a voz daqueles que defendem uma educação de
qualidade com oportunidades iguais para todos. As lutas, todas as lutas devem
estar conectadas. Não para defender um novo modelo de educação para o Brasil,
defender qualidade nos serviços públicos e aceitar de cabeça baixa o que o
Governador faz com o povo Goiano. Se queremos um novo modelo de sociedade temos
de ter coragem, de no mínimo seguir os caminhos por onde o processo pode
evoluir. Aceitar a estagnação, o retrocesso, os desmandos em nome disso ou
daquilo é servir a deus e o diabo e não ir a lugar algum. A zona cinzenta da
política não nos levará ao caminho da luz, da liberdade, do desenvolvimento
humano e da democracia.
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