Ser sem partido II – Pensando sobre a corrupção


Quinze dias depois de deixar de fazer parte de um partido político minhas reflexões sobre a corrupção podem ter modificado um pouco. Há na oposição uma idéia errada de que todos os corruptos estão no Partido dos Trabalhadores e nos aliados do Governo. Não existe mentira maior. O Discurso de “Nós os puros” não apenas não se sustenta como não é preciso ser um gênio para ver a profunda tautologia que ele representa.
1.                 O primeiro e mais idiota dos argumentos é aquele que afirma que na oposição os partidos combatem a corrupção entre os seus quadros. Mentira. Coitado das cobaias que são usadas para da voz a este discurso perante as massas. Parece ser o caso do deputado Fluminense Stepan do PPS. Tendo sido envolvido no caso cachoeira, antes mesmo que viesse a lume o processo investigativo o partido o deixou ao relento, e, uma vez provado sua “inocência”, os estragos eram tão grandes que comprometeu sua reeleição.  A falsidade do argumento é tão grande que prejudica tanto o cidadão acusado e condenado antes das evidências processuais, quanto o próprio partido que perdeu um bom e grande deputado e ao que parece um deputado que vivia e agia dentro das normalidades democráticas instaladas. Outro exemplo ainda mais grotesco foi dado pelo DEM – Democratas diversas vezes, mas o caso Demóstenes salta aos olhos; primeiro por que ao final da história os verdadeiros chefes nada sofreram, e segundo, por que depois de perder o seu mandato e ter sua vida execrada o mesmo foi inocentado das acusações. Não estou aqui afirmando que um ou outro eram santos e honestos, não tenho evidências fatuais nem para inocentá-los, tão pouco para condená-los, refiro-me ao processo falacioso de tratar uma questão séria que deveria ser a virtude da honestidade.
2.                 O segundo argumento tautológico deriva desse e poderia ser enunciado pelas palavras de Aécio Neves, considerado a maior figura da Oposição: “ As acusações de que existem pessoas do PSDB envolvidos na Lava Jato e estratégia do Governo para jogar no colo da oposição a lama na qual se envolveram”. Ora, o Senador nem chega a corar, é como se a vergonha fosse algo que já não existe mais. Ora querer dizer que a corrupção só existe entre os quadros dos apoiadores do PT e do seu Governo é como dizer que o Sol escolhe para quem brilhar. Houvesse um pouco de honestidade deveria se admitir que a corrupção existe em todos os partidos, e escândalos há de todos os tamanhos. Que o digam o “Tremsalão”, o “mensalão mineiro” e tantos outros. A corrupção não é privilégio do PT. Hoje a corrupção está entranhada no modelo de operação ou do fazer política no país. Não há  como nenhum indivíduo fazer campanha de forma honesta nesse país. Todos os partidos político, se procurar bem, será culpado de financiamento ilícito de campanhas eleitorais.
3.                 O terceiro argumento falso é o de que o PT se nega ser corrupto. Mentira. Nunca vi um corrupto assumir de forma tão clara a corrupção praticada como tem feito o PT. Vou citar uma evidência que poucos observam: Já pensaram por que o PT e seus aliados não se opõe as políticas absurdas executadas pelo PSDB em diversos estados, sobretudo no campo da Educação, Saúde e Segurança Pública? Vejam o caso dos Estados de Goiás, Paraná e São Paulo.  O PT aderiu de forma consciente, e digo como consciência coletiva de partido a um modo de fazer política dantesco para a sociedade, o que esqueceu foi de combinar melhor com operadores adversários uma forma de manter a sujeira longe dos holofotes ou um estratagema de que a corrupção não seria usada  como arma de disputa política.
4.                 O quarto falso argumento. Os Governos do PT foram os mais corruptos da história. Qualquer um que estude um pouco de história sabe que todos os governos do Brasil foram corruptos desde D. Pedro I.  E eu me lembro que sempre houveram, de outro lado, os paladinos da moral acusando aqueles que estavam a roubar de ladrões, mas que uma vez no poder sempre fizeram o pior. Eu me lembro do “Fora os militares”, depois teve o “Fora Sarney”; depois veio o “Fora Collor”. Veio em seguida o “Fora FHC” e finalmente temos o “Fora Lula/Dilma”. É triste, para manter a lucidez, ter de aceitar que todos estes governos colocaram os interesses particulares acima dos interesses coletivos, mas se quisermos sermos lúcidos temos de admitir que todos eles, todos sem exceção governaram para pequenos grupos particulares acima dos interesses coletivos da nação.
5.                 Se tirarmos Dilma resolveremos o problema do Brasil. Eis o último argumento falacioso que analiso. Olha, era este o argumento dos que gritaram “Fora Collor”, “ Fora FHC”, e dos atuais governantes que foram para as trincheiras lutando contra a ditadura militar. Ora, nos últimos vinte anos o único governo que tentou governar respeitando os interesses coletivos da nação brasileira foi o Governo Itamar Franco.  E mesmo este, teve lá os seus pecados e dificuldades, tanto que jogou o país nas mãos do PSDB, que privatizou todas as estatais que davam lucro em leilões de duvidosa honestidade.

6.                 Hoje, acima de tudo sinto que precisamos pensar o país. Pensar novas formas de participação e de construção do futuro. O dualismo PT X PSDB está destruindo as possibilidades de construir um modo de pensar certo o nosso país. Todos aqueles que se deixam enganar por estes argumentos falaciosos serão culpados dos problemas futuro. É hora de controlar os sentimentos, as emoções e utilizar os instrumentos do pensar certo se quisermos realmente encontrar um caminho pelo qual trilhar com mais segurança.  PT e PSDB hoje são vítimas da mesma doença: aliaram-se a um mercado totalitário. Parece que o discurso de ambos é “Tudo ao mercado, nada fora do mercado, nada contra o mercado”; e para tornar real tal mantra são capazes de corromper, bater em estudantes e alunos, desviar o dinheiro público, sucatear a educação, destruir o que resta do estado. 

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