Combatendo nosso Fascismo Interior.

No ano de 2012 li este texto em um curso de formação política para vereadores. Ele nunca foi tão atual como agora. Se quisermos combater o fascismo precisamos ter a coragem de olhar no espelho e enfrentar o processo psicoanalítico. 
O Fascismo interior.
Todos temos um fascista alojados em nosso espírito. Combater toda forma de fascismo. Parafraseando Paulo Freire: hay que dudar del opressor alojado en el oprimido. (G.G.Kirinus).
Essa arte de viver contrária a todas as formas de fascismo, que sejam elas já instaladas ou próximas de ser, é acompanhada de um certo número de princípios essenciais, que eu resumiria da seguinte maneira se eu devesse fazer desse grande livro um manual ou um guia da vida cotidiana:
Libere a ação política de toda forma de paranoia unitária e totalizante;
Faça crescer a ação, o pensamento e os desejos por proliferação, justaposição e disjunção, mais do que por subdivisão e hierarquização piramidal;
Libere-se das velhas categorias do Negativo (a lei, o limite, a castração, a falta, a lacuna), que o pensamento ocidental, por um longo tempo, sacralizou como forma do poder e modo de acesso à realidade. Prefira o que é positivo e múltiplo; a diferença à uniformidade; o fluxo às unidades; os agenciamentos móveis aos sistemas. Considere que o que é produtivo, não é sedentário, mas nômade;
Não imagine que seja preciso ser triste para ser militante, mesmo que a coisa que se combata seja abominável. É a ligação do desejo com a realidade (e não sua fuga, nas formas da representação) que possui uma força revolucionária;
Não utilize o pensamento para dar a uma prática política um valor de verdade; nem a ação política, para desacreditar um pensamento, como se ele fosse apenas pura especulação. Utilize a prática política como um intensificador do pensamento, e a análise como um multiplicador das formas e dos domínios de intervenção da ação política;
Não exija da ação política que ela restabeleça os "direitos" do indivíduo, tal como a filosofia os definiu. O indivíduo é o produto do poder. O que é preciso é "desindividualizar" pela multiplicação, o deslocamento e os diversos agenciamentos. O grupo não deve ser o laço orgânico que une os indivíduos hierarquizados, mas um constante gerador de "desindividualização";
Não se apaixone pelo poder
M. Foucault em "Por uma Vida Não Fascista", Prefácio de "O Anti-Édipo", de G. Deleuze e F. Guattari.

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