A  Carta de Princípios Cidadania 23 e a Política do Governo Bolsonaro.

Nelson Soares dos Santos[1]

              O Brasil vive um momento político no qual, aqueles líderes que quiserem ter o respeito dos cidadãos, e correr menos risco de cair no descrédito devem primar pela coerência nos princípios e fundamentos da ação política. O Cidadania 23 é um partido em movimento que nasce com uma carta de Princípios comprometida com a justiça social, a luta contra todas as formas de discriminação, e sobretudo, apostando na Educação como instrumento de desenvolvimento econômico e social.
            Tais princípios nos coloca em choque com os rumos que estão tomando, tanto o Governo Federal quanto estadual. As principais ações do Governo Federal, até o momento, estão pautadas no “pacote anticrime”, do Ministro Sérgio Moro, e na proposta de Reforma da Previdência do Ministro Paulo Guedes. As duas propostas não contemplam aspectos que “cuidam” do andar de baixo em hipótese alguma.
            No caso da proposta da Reforma da Previdência é a mais cruel. A redução para meio salário mínimo do Benefício da Prestação Continuada, destinada a idosos e pessoas com deficiência, é inaceitável, mesmo discutir por que simplesmente é desumano. No mesmo caminho estão as mudanças propostas relacionadas ao trabalhador rural, bem como o enfrentamento proposto ao Sistema de Seguridade Social.  Ninguém, em sã consciência, pode negar que o Brasil precisa da Reforma da Previdência para voltar a crescer, entretanto este crescimento desejado não pode vir da dizimação dos mais pobres, e dos trabalhadores da nossa gente.
            A proposta “Anticrime” do Sérgio Moro, não segue caminho diferente. A segurança  não pode ser pensada apenas como um método “prende, condena, mata”. E assim sendo, não é possível pensar a segurança no Brasil sem pensar a educação e um programa de inclusão que ofereça oportunidade aos jovens, garantindo que eles tenham a opção de serem envolvidos no mundo do crime. É crueldade negar que muitos dos nossos jovens acabam no mundo do crime por falta de oportunidades educacionais, e, pior, como única forma de garantir a sobrevivência. O Projeto “anticrime”, do Moro, se aprovado como está, será um instrumento de extermínio dos jovens negros das periferias e favelas, e dos jovens pobres que habitam este país.
            E precisamos sim discutir a segurança, mas não deslocada do acesso a educação de qualidade, acesso a saúde e garantia de oportunidades de sobrevivência para todos. Sem estas premissas não há o que falar em liberdade, não o que falar em cidadania.  O que precisamos com urgência é de um projeto de país. É inútil o combate a corrupção se não somos capazes de oferecer o básico para que a maioria dos nossos jovens tenham a liberdade de escolher um caminho digno para viver.
            Desta forma, o diálogo com o Governo deve nascer da discussão de um programa que recoloque o país no caminho do crescimento, sem sacrificar os nossos jovens, os trabalhadores e todos aqueles que necessitam de nossos cuidados. Se temos mesmo um compromisso com a justiça e equidade social, devemos ter a coragem de enfrentar o debate, apresentar ideias alternativas, e travar o bom combate com força e coragem. Com trabalho, humildade e lealdade a vida humana podemos fazer desse país um lugar melhor para se viver.


[1] Nelson Soares dos Santos é Professor Universitário, Licenciado em Pedagogia, (UFT), Mestre em Educação Brasileira ( UFG), com MBA em Gestão de Liderança Integral e Gestão de Negócios, controladoria e Finanças corporativas ( IPOG).

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