HISTÓRIA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL NO TOCANTINS: ENTRE O ESTADO, A IGREJA E A UNIVERSIDADE
Nelson Soares dos Santos[1]
Resumo[2]
Este trabalho é parte de um estudo que redundou em uma dissertação de mestrado, onde procuramos reconstituir a história das lutas dos estudantes da Universidade do Tocantins, na tentativa de se organizarem enquanto movimento social na década de 1990. O estudo constou de análises de documentos, entrevistas e análises de discursos das lideranças presentes na mídia regional e nacional, buscando compreender a influência das instituições na constituição da organização do movimento estudantil na Universidade do Tocantins na década de 1990.
Palavras chaves: Movimento estudantil, Instituições, igreja, estado, partidos políticos, Universidade do Tocantins, Estado do Tocantins
Introdução
Este estudo sobre o ME do Tocantins procuramos seguir as diretrizes segundo as quais buscamos ler a história do Movimento Estudantil nacional, qual seja, as relações com o Estado, a Igreja e os partidos políticos, observando a proeminência destes sobre os demais aspectos que contribuem para a consolidação/organização das entidades estudantis, ou que a impedem. Desta forma, nossa primeira questão foi a análise da esfera pública tocantinense com premissa para compreender as relações entre o estado, a sociedade civil e os movimentos sociais, a partir de uma leitura da esfera política para apreender a formação do estado do Tocantins.
A ênfase às reestruturações sofridas pela Unitins, única instituição pública de ensino superior no estado permite que se não desvie da hipótese desse estudo, de que o Estado, por meio da direção da universidade, interfere cotidianamente no ME, e só o faz diretamente quando a direção se mostra com força inexpressiva para conter a rebeldia estudantil e segundo, por ser no plano da universidade que, segundo Foracchi (1977), o jovem encontra as condições propicias para o desenvolvimento da condição de estudante.
Neste sentido, compreender as constantes reestruturações que ocorreram na Unitins é possível levando-se em conta os embates que se deram entre o público e o privado, e as formas corrompidas de administração da coisa pública que estão presentes na história brasileira, assim como na atual esfera política tocantinense.
Estes embates não ficaram restritos apenas à universidade. Outros setores, como energia elétrica e outros serviços, foram privatizados, a exemplo do que ocorria na esfera federal. Este trabalho restringe-se à universidade, em razão de se estar buscando compreender a história do movimento estudantil.
As movimentações estudantis com organização mais consistentes ocorreram justamente durante os momentos decisivos das (re)estruturações da universidade ocorridas nos anos de 1996 e 1998. A criação do UEE do Tocantins, em 1996, foi impulsionada pela criação da Unitins e as primeiras manifestações estiveram ligadas ao destino da universidade.
As idas e vindas na estruturação da universidade, por sua vez é um dos resultados do embate entre o público e o privado e das especificidades da política do Tocantins, que, na atualidade, ainda guarda semelhanças com modelos históricos já ultrapassados, como o coronelismo e um paternalismo exacerbado.
A política no Tocantins ainda se caracteriza por formas corrompidas de administrar a coisa pública, no escambo da cidadania, e do voto, que se torna moeda de troca entre os governantes e os governados. As observações e entrevistas ainda mostram que esses vícios estão presentes tanto entre os líderes políticos quanto entre o povo.
Os embates entre o público e o privado: um confronto discursivo
A criação do estado do Tocantins, em 1988. pouca modificação provocou no ME ou em qualquer outro movimento social. Uma vez criado, o novo estado foi governado por José Wilson Siqueira Campos, um dos batalhadores por sua criação e ligado às grandes oligarquias rurais do Tocantins.
Siqueira Campos, ao assumir o governo, tratou de imediatamente construir uma imagem de libertador do Tocantins. As comparações com aqueles que participaram das lutas separatistas do passado eram constantes, sobretudo com Teotônio Segurado, considerado herói nos documentos oficiais, e cantado nos hinos cívicos do estado.
A construção da imagem de super-herói deu-se por meio de pelo uso da força de sua influência estado. A revista Veja, no ano de 2000, publicou uma reportagem que ilustra bem como Siqueira Campos construiu a uma forte campanha publicitária e de ser o primeiro governador do imagem de bom governante para o povo tocantinense:
Como primeiro governante do Estado, eleito em 1988, logo após a emancipação, Siqueira Campos teve a prerrogativa de indicar os três conselheiros do Tribunal de Contas do Estado. órgão responsável por aprovar as contas do governo. Também nomeou todos os desembargadores do Tribunal de Justiça e quatro dos sete integrantes do Tribunal Regional Eleitoral. Com uma parte substancial do Judiciário sob seu controle, o apoio de dois terços dos deputados estaduais e de mais de 90% dos prefeitos, sua palavra é uma ordem. E ai de quem desobedecer. (Veja, julho, 2000a, p. 82)
De posse de uma estrutura estatal fortíssima, o governador foi mais adiante, e utilizou o poder que possuía para conceder benesses aos amigos e familiares. Distribuiu terras, lotes, empregos e concessões das mais diversas. O processo de ínculcação chegou às escolas, nas quais as crianças aprendiam desde pequenas a cultuar a imagem do governador e de seu grupo político, como assinala a reportagem:
Agora no terceiro mandato, já governou o Estado durante oito de seus doze anos de existência. Nas três administrações, distribuiu terras e agrados aos correligionários, fez a alegria das empreiteiras e nomeou quase todos os cargos públicos disponíveis. Nas escolas públicas do Tocantins, os alunos estudam a história da região por meio de uma cartilha em quadrinhos distribuída pelo governo do Estado. Siqueira Campos ocupa mais de um terço das páginas e aparece como um herói popular. "A criança e os jovens são prioridade, com educação para todos, salas equipadas, computadores e vídeos profissionais", afirma o governador em sua versão gibi (Veja, julho 2000a, p. 82).
Dois anos de governo foram suficientes para Siqueira Campos criar uma blindagem em torno dos bens públicos do estado, de forma a utilizá-los em proveito próprio nas eleições seguintes. Com práticas de caudilho e dos antigos coronéis, amparado por meios modernos de comunicação e de todo aparato do Estado, o governador fortaleceu os amigos e perseguiu os adversários Nos termos da reportagem:
Siqueira Campos mandou apreender e incinerar a edição de um livro que o criticava. O autor, Rinaldo Campos, ficou preso por cinco dias. Há dois meses, durante uma solenidade no município de Araguaina, o governador atirou um microfone sobre um manifestante que gritava palavras de ordem contra ele. Depois, ordenou á Policia Militar que prendesse o rapaz, que só foi libertado sete horas mais tarde. (Veja, julho de 2000a, p 82)
O autoritarismo do governador fazia-se sentir em todas as esferas da sociedade tocantinense, como nas empresas particulares, sobretudo pequenos comerciantes tornavam-se vítimas do seu poder.
Como o Tocantins, no período em que pertencia ao Norte goiano, possuía uma sociedade agrária, o poder local dos municípios era dominado por grandes fazendeiros, que representavam uma classe média frágil, estruturada somente nas cidades alimentadas pela Estrada BR-153, com destaque para Araguaína e Porto Nacional. Ocorreram dois fatores: o surgimento da cultura de promiscuidade das relações público/privado, em que o público passou a ser visto como uma forma de obter vantagens pessoais e locus empregatício de amigos e familiares; o surgimento de uma paternalismo exarcebado e patogênico na sociedade
Não se trata porem de uma esfera pública no sentido dado por Habermas (1984), quando define o conceito de esfera pública em seu sentido moderno.
A redução da representatividade pública que ocorre com a mediatização das autoridades estamentais por meio de dos senhores feudais cede espaço a uma outra esfera, que é ligada a expressão esfera pública no sentido moderno: a esfera do poder público. (Habermas, 1984, p.31)
No Tocantins, as pessoas da esfera privada podiam agir com independência do poder público, e sem serem fiscalizadas por ele, possuíam condições de estabelecer contratos independentes do Estado. Passou a existir então o método siqueirista de fazer política que lembra muito mais uma definição anterior de Habermas ao analisar o modelo de Esfera pública helênica:
A posição da polis baseia-se, portanto, na posição de déspota doméstico: sob o abrigo de sua dominação, faz-se a reprodução da vida, o trabalho dos escravos, o serviço das mulheres, transcorrem o nascimento e a morte; o reino da necessidade e da transitoriedade permanece mergulhado nas sombras da esfera privada. (Habermas, 1984, p.17)
É possível um paralelo entre o helenismo da Antiguidade clássica e o que ocorre no Tocantins no tempo presente? Como se explica que em tempos modernos, seja possível uma forma de governo que remete aos tempos do helenismo, em que existia o trabalho escravo, quando o reino da necessidade e da transitoriedade dos homens era governado pelo déspota doméstico?
Parte de tal explicação pode se encontrar na discussão anteriormente realizada sobre as origens do estado do Tocantins. Foi possível perceber que o Norte goiano era uma terra de ninguém, em virtude da ausência de políticas públicas e de gerência do Estado. A compreensão da política tocantinense só pode se fazer entendendo o papel desempenhado pelo governador Siqueira Campos e as estratégias por ele utilizadas, conforme já visto, para instituir um poder paternal e despótico no Estado.
Ao manter em suas mãos o poder de indicar praticamente todos os ocupantes dos cargos públicos do estado, o governador passou a agir como um pai que pune o filho que não o agradava. Esses fatores são suficientes para estabelecer um poder tão duradouro?
Siqueira Campos governou o Tocantins durante dez anos, e em seu segundo governo, formou uma grande coalizão denominada União do Tocantins (UT), como base de sustentação do governo
A utilização de meios modernos de inculcação, por meio do aparato do estado, sobretudo com distribuição de cartilhas nas escolas públicas, em que o governador aparece como um herói vivo, certamente contribuiu para tal. No entanto. destaca-se o papel da imprensa escrita e falada do Tocantins e sua relação com o poder público, que dificulta a formação de uma opinião pública crítica. Neste quesito, o governador não se descuidou, pois obras que o criticavam foram queimadas, como no tempo da Inquisição e autores de livros ou artigos foram ameaçados de prisão e mesmo presos. Assim, a história política do jovem estado do Tocantins nasceu com práticas já ultrapassadas de lidar com o público e com a sociedade, estabelecendo para o povo tocantinense o desafio de se organizar como sociedade civil, para vencer os hábitos promíscuos, advindos dos tempos coloniais e agravados pelo uso indevido do poder público, em busca de vantagens pessoais para manter-se nos postos conquistados.
Os estudantes dos Tocantins representam uma parcela da sociedade que enfrentou esse poder consubstanciado como Estado. No entanto, por serem em sua grande maioria originários do próprio estado do Tocantins, como membros dessa sociedade, imprimem muitos dos costumes e práticas corrompidas de se fazer política; porém em vários momentos, rebelam-se, tentam organizar-se e protestam, como mostram os dados mais adiante.
Nas primeiras eleições ocorridas no novo estado' o embate político deu-se entre o grupo de Siqueira Campos e forças do PMDB, sobretudo o grupo de José Freire Júnior, que não se constituía como força popular pela composição ampla de forças no interior do PMDB. Esse grupo era um dos mais conservadores e também era composto de grandes fazendeiros.
Desta forma, o poder político no novo Estado não possuía expressividade popular. Tanto o grupo no poder, quanto o núcleo forte da oposição eram formados de pessoas ligadas às grandes oligarquias ou eram membros delas.
O primeiro mandato de governador definiu as linhas básicas de construção do novo estado e instituiu a Unitins como universidade pública e gratuita, mantida por uma fundação. Com uma forma conservadora de governar e apoiado nas elites, Siqueira Campos não conseguiu a reeleger-se, sendo derrotado nas eleições seguintes.
Em 1992, foi eleito pelo PMDB o governador Moisés Avelino, apoiado pela maioria dos partidos de esquerda do Tocantins. As primeiras atitudes do governador, ao exercer o mandato, contrariaram até mesmo aqueles que o apoiaram.
As mesmas práticas políticas foram mantidas intactas, como perseguição àqueles que votaram no candidato derrotado, utilizando-se como instrumentos os postos de emprego do setor público no qual o estado conseguia ter influência.
O governador decretou intervenção na universidade e no setor educacional, trocando a maioria dos diretores de escola, e influenciando as novas nomeações de diretores de unidades da universidade, e, outros cargos-chave. Esse tipo de atitude levou a professora Maria do Rosário Cassimiro que havia chegado no Tocantins, no intuito de criar uma universidade moderna a renunciar ao cargo de reitora.
Estas ações do então governador Moisés Avelino mostram que, na atualidade, ainda não se constituiu um terceira via com força suficiente para fazer frente a política oligarquica do estado. Talvez seja um reflexo dos constantes refluxos também da esquerda goiana, que ainda não conseguiu até o presente momento se firmar como real alternativa ao pode instituído. No ano de 2000, PT, PC do B, PPS e POT tinham juntos dois deputados estaduais e a prefeitura de Goiânia. No Tocantins, após as eleições de 2002, já com o chamado efeito Lula, esses partidos passaram a administrar a prefeitura de Colinas e elegeram um deputado estadual, ainda assim em coligação com o PMOB.
Não é possível compreender a desmobilização política sem antes compreender a realidade do estado. Os estudos a respeito de sua formação e os dados colhidos nesta pesquisa mostram que a esfera política é uma das que mais influencia o processo de desmobilização da juventude estudantil e dos demais movimentos sociais. A política influencia todos os setores da sociedade com a presença forte do Estado, por falta de uma sociedade civil organizada e de consciência social crítica no seio do povo, aliado ao pequeno desenvolvimento industrial e do setor de serviços, que contribuem para facilitar o processo de cooptação de lideranças estudantis pelo governo.
As constantes oscilações da universidade e mesmo o processo de industrialização e do setor de serviços seguem o ritmo da política local na sua interface com a política global. O governo local assume características, às vezes, de oligarquia, e outras, de coronelismo explícito, mesclados, um e outro, com traços da modernidade pela presença dos recursos tecnológicos de gestão de recursos humanos e do mundo da informação.
A compreensão de lanni (1999) do moderno príncipe eletrônico parece adequada para o entendimento da realidade política do Tocantins, sobretudo a partir do segundo governo Siqueira Campos. O autor identifica no governante moderno, que utiliza os meios modernos de tecnologia da informação, o príncipe eletrônico, que substitui o príncipe gramsciano, e mesmo o príncipe maquiavélico.
Segundo o autor, o novo príncipe surgiria com base em algumas premissas:
nas sociedades industrializadas, centrais ou dominantes, subsistem desigualdades de todos os tipos, quando se mesclam diversidades e antagonismos, alimentando tensões e intolerâncias, estereótipos e preconceitos. Simultaneamente, os estudos demonstram que o Estado-nação está sendo seriamente desafiado pelos processos e pelas estruturas que constituem o Globalismo. (Ianni, 1999, p. 112)
De acordo com lanni (2000), os desafios históricos e sociais da globalização em curso são diferentes das respectivas épocas históricas, em que os demais arquétipos de governantes sintetizaram o que era especifico da política:
Na época da globalização, alteram-se quantitativa e qualitativamente as formas de sociabilidade e os jogos das forças sociais, no ámbito de uma configuração histórico-social da vida, trabalho e cultura na qual as sociedades civis nacionais se revelam províncias da sociedade civil mundial em formação. Nessa época, as tecnologias eletr6nicas, informáticas e cibernéticas impregnam crescente e generalizadamente todas as esferas da sociedade nacional e mundial; e de modo particularmente acentuado as estruturas de poder, as tecnoestrutruras, os think-tanks, os lobbies, as organizações multilaterais e as corporações transnacionais, sem esquecer as corporações da mídia. Este pode ser o clima em que se forma, impõe e sobrepõe o principe eletr6nico sem o qual seria difícil compreender a teoria e a prática da pol/tica na época da globalizaçilo.(lanni, 2000a, p.143)
Quando construiu seu esboço teórico sobre o surgimento do príncipe eletrônico, lanni (2000) estava com os olhos voltados para a política global, mas consciente das contradições existentes nas relações de poder entre as nações. Assim, define o príncipe eletrônico como o resultado da junção de uma série de condições: o processo de globalização do capitalismo, aliado ao desenvolvimento das tecnologias eletrônicas e cibernéticas e as transformações em curso que constroem novos quadros e novas formas de ver o mundo e um novo e imenso palco histórico:
o príncipe eletrônico, não é nem condottiere nem partido político, mas realiza e ultrapassa os descortinos e as atividades dessas duas figuras clássicas da política. O príncipe eletrônico é uma entidade nebulosa e ativa, presente e invisível, predominante e ubíqua, permeando continuamente todos os níveis da sociedade, em âmbito local, nacional, regional e mundial, sempre em conformidade com os diferentes contextos socioculturais e político-econômicos desenhados no novo mapa do mundo. (Ianni, 2000a, p 148)
O caso do Tocantins parece enquadrar-se em tal interpretação. A grande parte da produção estadual provém da agricultura. O setor de serviços e o industrial são extremamente frágeis, tendo no setor público o grande nicho empregatício.
O arcaico e o moderno, as práticas dos coronéis, o discurso da modernidade de liberdade e de justiça social, a modernização das instituições e o atraso nas relações humanas encontram-se e convivem mesmo que de forma conflituosa, conforme o slogan Estado da livre iniciativa e da justiça social. A característica agrária com grandes latifúndios e com uma indústria quase incipiente propicia que o estado tenha uma grande força de coerção sobre os indivíduos, como também sobre os movimentos sociais e sobre a imprensa escrita e falada.
Uma análise das notícias veiculadas nos meios de comunicação revela que quase não houve críticas substantivas ao governo nos últimos anos, o que representa a influência dos detentores do poder estatal sobre a sociedade civil, a imprensa e os movimentos sociais, sobretudo com a utilização de novas tecnologias. lanni (2000) constata:
Ao dispor de novas tecnologias, os líderes, os políticos, os gerentes, as organizações, as empresas, as agências governamentais, as organizações religiosas e outros, individuas e entidades, direta e indiretamente empenhados na política, passam a atuar além dos partidos políticos, sindicatos, movimentos sociais e correntes de opinião pública. Estas instituições "clássicas" da' política são instrumentalizadas, transformadas, mutiladas ou simplesmente marginalizadas. Em escala crescente, predominam as novas tecnologias da comunicação, informação e propaganda, às vezes com objetivos democráticos, mas em outras e muitas vezes com objetivos autontários. Sim, porque as novas tecnologias estão organizadas em empresas, corporações ou conglomerados, como empreendimentos capitalistas articulados com grupos, classes ou blocos de poder predominantes em escala nacional e mundial. (Ianni, 2000, p.158)
O texto citado permite afirmar que o Tocantins passou então a constituir-se em um espaço de contradições políticas. De um lado, os governantes Siqueira Campos e, em seguida, Moisés Avelino manifestavam uma grande preocupação em modernizar o estado e de outro, a manutenção das formas arcaicas de fazer política.
Na verdade, o Estado e os partidos políticos do Tocantins aparecem sob a sombra do dirigente e do grupo político que o apóia com maior ênfase, sobretudo no caso de Siqueira Campos, e no caso da oposição, com menor força em razão das personalidades de Moisés Avelino e José Freire Júnior.
Todos os grupos e as práticas políticas são muito parecidas. Leal (1995) registra que a nomeação de professores no estado, no ano de 1993, evidenciam como as práticas políticas ocorriam:
No estado do Tocantins, como, em outras regiões do Brasil, o professor leigo da zona rural se encontra quase que na sua totalidade ligado á esfera municipal, onde as políticas sociais parecem ser meras ações paliativas o que indica, que possivelmente as decisões educacionais em muitos desses municípios estilo vinculadas á política local, e os recursos destinados à educação possivelmente atendem a interesses especificas, como rendimentos eleitorais e prestigio político, meios efetivos para a criação dos chamados currais eleitorais e para o estabelecimento do voto de cabresto. (Leal, 1995, p.77)
A experiência alternativa de exame vestibular realizado em Arraias e Tocantinópolis está permeada por esses costumes, e talvez seja uma das razões de tão pouca duração desta experiência , como registra em dissertação de mestrado o professor José Manoel Miranda de Oliveira. Segundo ele a experiência durou apenas dois anos e foi interrompida entendida como não adequada aos propósitos da qualidade do ensino.(Oliveira, 1996).
Estes fatores também explicam a rápida mudança das intenções de votos nas eleições em que Siqueira Campos foi derrotado por Moisés Avelino. As forças populares e progressistas representadas pelo PT e segmentos dos movimentos pastorais e eclesiais da região, só vieram apoiar o candidato Moisés Avelino no segundo turno das eleições, ou seja, as mudanças de intenção de votos ocorreram quando se percebeu que Siqueira Campos de fato podia ser derrota.
Grosso modo, a base de apoio do novo governador constituía-se pelo PMDB, no PDT e no PSDB, partidos que se opunham ao grupo de Siqueira Campos, mas que não possuíam uma base popular.
Uma vez eleito, o governador não fez diferente de seu antecessor. Os destinos da universidade foram influenciados pela realidade política existente. Criada como fundação no governo Siqueira Campos, transformou-se em autarquia no governo seguinte, o de Moisés Avelino (PMDB), que impôs á universidade uma completa reestruturação dos seus quadros e de objetivos. No entanto não há registros de reação por parte dos estudantes. Moretz-Sonh (2002) afirma:
De imediato, o governador desautorizou a renovaçilo do contrato de todos os funcionários nilo concursados do Estado, incluindo funcionários docentes da UNITlNS, além de reter os vencimentos a titulo de levantamento dos bens da UNITlNS. (Moretz-Sonh, 2002, p. 77)
Dentre as conseqüências das ações políticas do governador, a renúncia da reitora Cassimiro e as mudanças no projeto original da Unitins tiveram um certo impacto na sociedade tocantinense. Os jornais publicaram diversas matérias tratando da renúncia da reitora e de denúncias feitas por ela sobre as ingerências políticas no interior da universidade, o que segundo a ex-reitora impedia que cumprisse o seu papel.
O retorno de Siqueira Campos ao poder, em 1994, não mudou os destinos da universidade, pois os dois grupos majoritários da política mantinham uma matriz ideológica quase comum. Por detrás dessas disputas políticas, vicejava uma concepção de Estado que pouco se diferenciava nos dois blocos, a de que o Estado não é o maior responsável pelo ensino superior público Essa concepção, na verdade, prevalecia com nuances mais fortes no grupo de Siqueira Campos, já o grupo do PMDB adotava uma concepção privatista, porém, menos liberalizante.
Ao retornar ao poder, o governador Siqueira Campos mais uma vez resolveu reestruturar a Universidade. Em todas as áreas, o governador foi muito agressivo. Aprofundou a dependência da população ao poder público, buscou mão-de-obra de outros países (médicos e professores de Cuba) e em outros estados do Brasil, o que era mostrado como esforço do governador em colocar o estado na rota da modernidade.
A reestruturação da universidade seguia o paradigma adotado no estado: profissionais vindos de fora, convênios internacionais e um paulatino e sutil processo de privatização. Entre 1996 e 1998, a universidade assinou mais de dez convênios com organismos internacionais, nacionais e estaduais.
A universidade passou a viver um momento de euforia. Em 1996, e em 1998, foram realizados congressos e jornadas científicas envolvendo todos os alunos da universidade. Nos campi, ocorreram simpósios por áreas, com palestrantes de outras universidades. Em 1998, a Unitins concedeu incentivo para publicação de livros, cujos autores eram seus professores e em 1999, um projeto ousado de qualificação de professores do ensino médio, em convênio com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), instituiu os cursos Unitins/Seduc, para formar licenciados nas mais diversas áreas.
Durante esse período, foi grande o incentivo para que os professores se qualificassem em nível de mestrado e de doutorado, culminando com o oferecimento, pela própria universidade, no ano de 2000, dos cursos de mestrado interinstitucional nas áreas de Produção Vegetal, Educação Brasileira Letras e Literatura. Estas realizações foram produtos da nova concepção, dos avanços apregoados e do discurso por uma universidade moderna, mas, ao lado de tudo isso, na verdade, aconteceu também um processo de privatização da única universidade pública existente no estado, o que, no primeiro momento não foi compreendido com clareza pelos estudantes.
A reestruturação iniciada, em 1996, pelo então reitor Osvaldo Della Giustina, em um primeiro momento foi aplaudido por uma grande maioria de alunos e professores, mas conduziu a universidade à cobrança de mensalidades e também à instituição da representação estudantil. Essa representação, instaurada nesse momento, aconteceu nos mesmos moldes da representação em períodos anteriores da história brasileira, um instrumento que foi utilizado pelo regime militar como meio de desmobilização do ME.
Com base no novo regimento, a universidade deveria ter um conselho universitário composto por diretores e representantes dos alunos por curso, e, cada congregação deveria ter em eleição distinta das eleições do ME, a qual deveria ser conduzida pelas direções das unidades
Além das modificações da universidade, no período de lançamento da nova proposta, foi feita uma propaganda maciça entre os estudantes pelo jornal da Assessoria de Comunicação da universidade, Universo, com o objetivo de mostrar as possibilidades de a Unitins vir a ser um modelo de universidade a ser seguido em outros estados do pais, construindo-se, assim, um discurso do que deveria ser a universidade pública no Tocantins a partir de então.
A nova concepção apresentada pelo reitor Oswaldo Della Giustina nas palestras e pelo Universo era de uma universidade transformadora, dinâmica, moderna, e, verdadeiramente pública, o que era feito por meio de um intenso jogo de palavras que mais confundia do que esclarecia os estudantes. Em seguidos editoriais, o reitor utilizou diversos referenciais teóricos para justificar a concepção de universidade instalada.
Citações de Habermas e conceito de esfera pública burguesa eram utilizados para tentar esclarecer o que se podia chamar de público ou de privado. Em meio a um constante combate às formas atrasadas de concepção de Estado, esse discurso acabou por não se sustentar, culminando com a saída do reitor da direção da Universidade.
A reitoria construiu o discurso oficial com Editoriais publicados em diversos periódicos de jornais que defendiam a concepção de universidade em três pontos, exatamente aqueles que eram motivos de críticas: a natureza pública ou não, a cobrança por serviços prestados, e a democratização do acesso. Em relação ao caráter público da universidade:
Na verdade não há como entender o contrário, a não ser por razões de velhos ideologismos ou de interesses demagógicos, ou por confusões, fruto da ingnorância ou da má fé, como quando se confunde o público com Estatal, (ou o privado com o particular). (Universo, 1998a, n. 02, p. 2)
As palestras dirigidas aos alunos eram repletas de termos eloqüentes Diretores e professores defendiam essa concepção, citando Habermas, Hegel e outros. Os estudantes, sem conseguir formular de início um discurso que se contrapusesse ao oficial, responderam com faixas escritas, com dizeres comuns, como a aparecia em uma delas: A Unitins é hermafrodita.
Outras vezes, o discurso oficial recorria à História do Brasil para enfrentar o que chamava de desinformação estudantil.
Tais confusões podem até ser compreendidas, também a partir do fato de que, pouco temos tido de sociedade livre, democrática, em nosso pais. Assim 3 que neste século, primeiro a ditadura Vargas, durante 15 anos, e depois ao Regime militar, durante mais vinte anos, venderam a sociedade brasileira a idéia do Estado Novo, depois do Brasil, GRANDE POTÊNCIA, representada por um estado forte, sem sociedade. Compreende-se que o Estado Novo, e o Estado Grande Potência tenham feito adeptos. (Universo, 1998a, n, 2, p. 02)
Sobre a cobrança pelos serviços prestados, assim se explicava o reitor:
Primeiro com se viu a UNITlNS é Pública. mas não estatal. Segundo entende-se a alegação. também. a partir da nossa tradição paternalista, graças a qual os mais poderosos do poder. da riqueza ou do saber. por tradição vivem à custa dos favores do Estado, enquanto cresce O• número dos excluídos: os analfabetos ou semi-alfabetizados. a quem o Estado não garante gratuitamente e de nenhuma outra forma. sequer, a educação básica, os sem terra, os sem teto, os sem trabalho, sempre os mais fracos. Os mais fortes estilo ai, gozando dos favores do Estado. (Universo, ano I, n, 02, 1998b, p. 02)
Nos termos do editorial a cobrança dos serviços prestados pela Unitins, incluído a mensalidade, era uma forma de evitar que os mais fortes se utilizassem dos serviços do Estado, e alegava-se que a universidade se colocava a serviço dos mais fracos. Parece que esse não era o caso dos alunos da Unitins. Um ano depois de iniciada a cobrança de mensalidades, a maioria dos estudantes estava inadimplente, por não ter condições de arcar com os custos.
O reitor assim se expressava:
As Universidades gratuitas atendem, no Brasil, a 23% dos estudantes e essa gratuidade consome em torno de 70% dos recursos do ME C, destinados a educação. Os 77% restantes, freqüentemente os mais necessitados, não tem qualquer apoio governamental, a não ser o precaríssímo sistema de Crédito Educativo, por meio de da Caixa Econômica Federal. O Modelo UNITlNS, instalado pela nova Universidade do Tocantins, quebra esta clamorosa injustiça. Assim é que a contribuição fixada para os alunos representa apenas 30 % de seu custo efetivo. Desta forma a UNITlNS, propicia a todos 70 % de gratuidade. Para os alunos que comprovarem a impossibilidade de pagar esses 30 %, no entanto, o Estado instituiu um sistema de bolsas reembolsáveis, que garante a todos permanência na Universidade. (Universo; 1998b, n. 03, p. 03).
Após certo período, os estudantes iniciaram o processo de uma construção discursiva, em que procuravam fundamentar a defesa da universidade ou da não cobrança de mensalidades, com base nos conceitos de público versus privado, mostrando as contradições do discurso oficial que apresentava o Estado como da livre iniciativa e da justiça social, mas ao mesmo tempo mostrava-se excludente. Por não conseguirem pagar as taxas referentes a matricula e às mensalidades, alguns estudantes recorreram à justiça.
No entanto, todas as ações impetradas foram julgadas favoráveis ao governo, tanto as que se referiam à cobrança de taxas de matriculas como de cobranças de mensalidades. A direção da universidade aproveitou-se do episódio para desmobilizar os estudantes, acusando o advogado responsável pelas ações, e ex-presidente do DCE, de demagogo e de estar usando os estudantes para promover-se politicamente. Em reportagem sobre as ações, o jornal Universo assim agurmentava:
Tem sido moda de alguns que fazem do exerclcio de usar os estudantes em beneficio próprio, objeto de demagogia, induzi-los a entrar com ações judiciais contra qualquer contribuição financeira destinada á Fundação UNITlNS. Desde que a fundação foi criada, foram ajuizadas 12 açães por esses contestadores. Até hoje nenhuma delas teve ganho de causa. (Universo, 1998b, p. 3)
A construção discursiva dos estudantes mostrou-se frágil perante as ameaças veladas, e com pouca estrutura para o enfrentamento, o ME acabou por sucumbir aos poucos ao processo de cooptação Em artigo publicado pela Assessoria de Comunicação sobre o resultado das ações judiciais, o reitor assim se manifesta:
Desde o ano passado, além de liminares negadas de inicio, por juizes singulares, o tribunal de justiça vem suspendendo liminares concedidas em primeira instância, às ações movidas por estudantes, quase sempre os mesmos. É o que comprovam alguns despachos que transcrevemos a seguir, dentre muitos, com o agravamento que esses mesmos estudantes engajados pelos que prometem mundos e fundos vêm depois solicitar à UNITlNS, com desculpas de toda ordem, que a Universidade renegocie suas dividas, induzidos que foram pelos falsos líderes. A Fundação vem negociando, mas poderá não fazê-lo se a má fé persistir em tumultuar a Instituição.(Universo, 1998b, n° 03, p.03)
O embate entre duas correntes, a que defendia o público como sinônimo de gratuidade e a que alegava que a gratuidade não era necessária em uma universidade pública, conseguiu transferir o problema para o poder central. Em 2000, iniciou-se o processo de federalização da Unitins.
A UNE, entidade máxima dos estudantes, pouco participou dos embates tocantinenses. O momento mais importante da luta estudantil foi a realização de um fórum de debates sobre o processo de estruturação da Unitins. A programação de abertura do evento, que começou com todos os presentes cantando o Hino Nacional e rezando o Pai Nosso, de mãos dadas, terminou com uma posição tímida do diretor de Políticas Educacionais da UNE, que se limitou a fazer um histórico das tentativas privatistas e da luta da entidade que representava em defesa da universidade pública. Houve muitas trocas de acusações entre os lideres estudantis locais e os representantes do governo no Fórum. (Diário do Tocantins, p. 315, abro 2000)
A importância estratégica da Unitins e o discurso dos estudantes
Sem dúvida, a criação do estado do Tocantins representou um avanço para a população do Norte. O Estado passou a se fazer presente ao país e, de imediato, foram tomadas medidas visando diminuir o fosso que existia entre a região e o restante do Brasil. Em 1991, esse fosso podia ser ilustrado com os dados levantados para a elaboração do Plano Decenal de Educação Para Todos (Brasil, Mecãnep, 1992).
A taxa de mortalidade infantil no estado era de 10,2%, ao passo que a média brasileira era de 3,9%. O analfabetismo no Estado era de 63%, atingindo 83 % r,a região norte do estado, o chamado Bico do Papagaio. O ensino fundamental contava com 193.460 estudantes, dos quais 19% não chegavam a concluir essa etapa de formação. A área municipal contava com 93 mil matriculados e uma evasão de 20,92%, o que significa um número de 19.665 crianças que abandonavam a escola. O agravante maior era que 55% das crianças na faixa etária obrigatória não tinham acesso à escola (Brasil, Mec/lnep,1992).
Em 1992, quatro anos após a criação do estado, o ensino de nível médio contava com 14616 matriculados, dos quais 846, ou 578% não chegavam a concluir essa etapa de ensino. Do total de 12156 professores, 10.919 (89,82%) atuavam na primeira fase do ensino fundamental, e desse total, 5,053 (46,27%) eram professores leigos, dos quais uma quantidade considerável sequer haviam cursado o ensino fundamental (Brasil, Mec/lnep,1992).
Estes dados explicam a críação da Universidade do Tocantins e a implantação dos seus primeiros cursos. O curso de Pedagogia em Guaraí, Tocantinópolis e Arraias tinha o objetivo de alterar essa realidade. Havia uma necessidade premente de formação de professores para o ensino fundamental, sobretudo para as séries iniciais. Nos anos seguintes, com a aprovação da lei nO 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996, que estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional (LOB), e com a política da erradicação de professores leigos até a ano de 2007, surgiu uma modalidade de formação de professores que incrementou o ensino superior no Tocantins, o regime especial Unitins/Seduc.
A professora Maria do Rosário Casimiro ocupou o cargo de reitora na Unitins, com a promessa do então governador Siqueira Campos de que teria amplas condições para realizar na Unitins, o que não havia conseguindo realizar na UFG. Entretanto a professora renuclou ao cargo poucos meses depois, lamentando a interferência da política partidária no interior da universidade. Em suas próprias palavras:
Aliás, a experiência me demonstrou que Universidade e política silo coisas incompatíveis. Já o grande fundador da UNICAMP, professor Zeferino Vaz, dizia que quando a política partidária entra pela porta da frente da Universidade a competência sai-lhe pela porta dos fundos. (apud Moretz-Sonh, 2002, p.78).
A saída de Cassimiro da reitoria, no final do ano de 1992, foi a primeira de uma série. Da criação da universidade ao término do governo Avelino, a universidade teve seis reitores, e, entretanto, os estudantes não se mobilizavam para resolver essa situação caótica. Por quê? O que dificultava a mobilização dos estudantes para mudar o posicionamento desses reitores? Por que, muitas vezes, os alunos sequer tomavam conhecimento dos motivos que provocavam as mudanças no reitorado da universidade?
A resposta pode estar no fato de que, nesse período, o ME do Tocantins começava a ser organizar. Durante o governo de Moisés Avelino, houve reação tímida dos alunos de Arraias e Tocantinópolis, contra a mudança do modelo de seleção para o concurso vestibular. No Centro Universitário de Arraias, encontrava-se em processo de organização o Centro Acadêmico de Pedagogia, registrado em cartório no dia 7 de outubro de 1993. No entanto, a reação dos estudantes era ainda embrionária. Os professores ligados ao grupo político do PMDB, e liderados pela professora Magda Suely hegemonicamente compunha a direção do campus, e se encarregaram de acalmar os ânimos dos alunos, não permitindo maiores resistências.
Em 1998. estudo realizado por alunos do curso de Matemática sobre a origem social dos estudantes mostrou que, em Arraias, a maioria dos alunos se originavam de famílias tradicionais. No entanto, a configuração estudantil nesse campus começou a se modificar a partir de 1994, quando uma grande parcela de alunos do Nordeste goiano, sobretudo dos municípios de Campos Belos e Monte Alegre, passou a sobressair na vida estudantil universitária arraiana (Unitins, Campus de Arraias, 1998)
Em 1994, a Unitins contava com dez campi e vinte e três cursos. No entanto, as experiências alternativas de seleção só foram realizadas em Arraias, Tocantinópolis e Guaraí. Os demais campi Miracema, Porto Nacional, Colinas, Paraíso, Araguaína, Gurupí e Porto Nacional - foram submetidos ao processo seletivo tradicional de outras universidades, pelo sistema vestibular.
Presente na reestruturação de 1993, já havia um processo de mudanças na universidade que, aos poucos, foi se desvelando para os estudantes, professores e para a sociedade. Della Giustina então reitor, para legitimar a nova concepção, apresentava a Unitins como modelo de universidade moderna, ágil, e que permitiria corrigir as injustiças sociais como a dificuldade de acesso dos mais humildes ao ensino superior. A Unitins era então considerada:
Pública com acessos eqüitativos, participativa. com responsabilidades distribuídas, autônoma para servir à sociedade, ao conhecimento, e aos cidadãos que a demandam. (Jornal do Tocantins, 10 a 12/11/1996), (grifas do autor)
A cobrança de mensalidades estava bem explícita nos discursos oficiais. Em nota distribuída à imprensa e enviada para todos os campi em formato de informativo, o reitor afirmava:
Se, apesar da contribuição dos poderes públicos, das instituições privadas co-instituidoras e co-mantenedoras, por meio de incentivos existentes, contratos de serviços e de outras formas, restar ainda a necessidade de contribuições dos alunos, essas contribuições serão orientadas sobre tudo, a criação de um fundo de democratização de oportunidades para os mais carentes, de modo que se supere o atual privilégio odioso que caracteriza o Brasil. Onde os mais aquinhados tem maiores oportunidades de acesso á Universidade, o conseguem por meio de sacrifícios enormes, de trabalho simultâneo, de deslocamento, e de escolas ás vezes de segundo categoria. (Universo, 1998a, p.3)
Em 1996, foi instituída a cobrança de mensalidades para os alunos que seriam selecionados no ano de 1997. Nesse mesmo ano, já houve manifestação estudantil intensa em todos os campi da universidade, destacando-se as ocorridas em Tocantinópolis, Palmas, Araguaina e Porto Nacional.
Em Tocantinópolis, os estudantes bloquearam as estradas que dão acesso à cidade, na tentativa de chamar a atenção da sociedade para o que estava acontecendo na universidade. Em Porto Nacional e em Palmas, os estudantes fizeram passeata em direção às sedes dos poderes públicos.
Os campi de Arraias, Tocantinópolis, Guaraí e Colinas apresentavam um motivo a mais para que seus estudantes se mobilizassem. Constava no plano de reestruturação da Universidade a transferência dos cursos ministrados nesses campi para Palmas.
Em Colinas, onde o prefeito era do PT e oposição ao governo Siqueira Campos, para que fosse mantido o curso de Direito, houve forte reivindicação da população local, e a prefeitura acabou por assumir a manutenção da universidade, criando a Fundação Municipal de Ensino Superior de Colinas.
Embora os campi de Arraias, Tocantinópolis e Guaraí tivessem ficado um ano sem a realização do exame vestibular, o governo voltou atrás e manteve os campi na estrutura da universidade, na tentativa de incorporá-los à universidade federal que estava em processo de criação. As movimentações dos estudantes nesses campi mobilizou a sociedade civil e os políticos, contribuindo para a sua manutenção.
Já a cobrança de mensalidade foi instituída em 1997 e suprimida no ano de 1998. As razões conhecidas para a supressão estavam presentes em várias entrevistas, e se constituíram em uma arma utilizada pelo governador Siqueira Campos para garantir sua reeleição. Naquele ano, não somente a cobrança de mensalidades foi suprimida, como também foram perdoadas as dívidas de todos os estudantes que estavam inadimplentes com a universidade.
A cobrança de mensalidade desnudou o caráter neoliberal das reformas governistas e mostrou a verdadeira face das reformas e das contradições de um governo que pretendia levar ao Tocantins à modernidade e alcançar a justiça social com base no livre mercado. Um ano depois, um grande número de estudantes continuavam inadimplente, o que constituía uma prova factual da necessidade de o Estado se responsabilizar pelo ensino superior público. Em um misto de modernidade e atraso, a inadimplência dos estudantes foi utilizada como arma política eleitoral.
O governo, entretanto, além de manter um. discurso em defesa do novo modelo de universidade, utilizava-se de outros mecanismos como cooptação, pressão e persecução política que provocaram uma cisão no ME do Tocantins. Uma parte dos estudantes manteve um discurso de contestação ao governo e outra parte usava de um discurso semelhante ao governista e dizia que a situação da universidade era a melhor para os próprios estudantes.
O primeiro grupo era representado pelo ME organizado, e que, no processo de negociação da greve, conhecida como SOS-Unitins, era formada pela Comissão Multicursos, dirigida pelo presidente do DCE. O outro grupo materializou-se na constituição da Comissão Pró-dialógo e tinha como meta resolver as diferenças entre os estudantes sobre o destino da universidade e sua relação com o governo, por meio de um diálogo de amigos como definiu mais tarde o governador Siqueira Campos.
A existência do crédito educativo que, segundo o governador seria o instrumento de conceder acesso ao ensino àqueles que não pudessem pagar, se transformou em meio de coação política, como mostra do presidente do DCE, em entrevista a um jornal local:
O presidente do Diretório Central dos Estudantes da UNITINS, Élsio paranaguá, informa que o governador do Estado do Tocantins, Siqueira Campos, durante uma manifestação de estudantes das UNlNTlNS em Gurupi, no domingo 02 de abril, ameaçou-os de perda do crédito educativo. Para Élsio, “O governador quer que o universitário que não se adequar as normas imposta por ele, passe por uma punição rigorosa. Ele acha que nós temos que aceitar calados, que a nossa única Universidade gratuita, seja entregue á iniciativa privada” ressalta. (DCE denuncia agressão a estudantes. (Primeira página p. 3 abril,2000)
As retaliações iam além das armas criadas pelo próprio governador. A influência do poder político do governante fazia-se sentir em conselhos para donos de empresas e supermercados, lojas, e outros serviços para que não dessem empregos aos alunos rebeldes.
Por outro lado, a recompensa para os alunos 'considerados compreensivos pelo governo como sendo o futuro do estado. Sobre eles os estudantes que participavam da comissão Multi-curso representada pelo DCE, Centros Acadêmicos e Das assim afirmou: os integrantes desta comissão são funcionários ou filhos de funcionários de gabinetes de deputados e vereadores, e cargos comissionados. (Primeira Página, abril p. 06, 2000a).
A posição da Comissão Multi-cursos e da Comissão Pró-diálogo diferenciavam-se em diversos aspectos. A primeira exigia do governo a manutenção de uma universidade pública e gratuita no estado, e a segunda aceitava negociar o acesso dos estudantes ao ensino superior, mediante a instituição de créditos educativos e outros mecanismos, como a prestação de serviços.
Com o avanço da luta pela criação de uma universidade federal no estado as duas comissões apresentavam pontos comums, e o próprio governo passou a encampar a luta pela federalização da Unitins.
A privatização da Unitins e a Mobilização do Movimento Estudantil
Na década de 1990, como já foi dito, o momento em que a juventude tocantinense se mobilizou de forma a se fazer presente no cenário político com uma certa força, ficou conhecido como SOS-Unitins.
O movimento nasceu com o objetivo de defender a Universidade do Tocantins contra as investidas neoliberais do governo Siqueira Campos, que dentre as diversas propostas de reestruturação da universidade, em 1998, instituiu a cobrança de mensalidades. O auge do movimento ocorreu em 1998, mas há registros de mobilização de estudantes desde o início do funcionamento dos cursos, com o objetivo de participar da construção da universidade.
Em 1995, a reação dos estudantes perante as transformações ocorridas na universidade, sobretudo o anúncio da cobrança de mensalidades, prenunciava que os estudantes se fortaleciam. Grassavam no meio estudantil, idéias políticas polarizando-os. Os centros acadêmicos intensificavam o debate sobre a situação da universidade e passaram a lançar informativos com notícias, na tentativa de levar os estudantes a compreenderem as mudanças que estavam sendo realizadas. Os estudantes tentavam construir um discurso mais elaborado, que se contrapusesse ao discurso oficial da reitoria.
No entanto, o crescimento dos protestos estudantis não amedrontou o governador, que afirmou várias vezes em jornais locais que ele permitia as manifestações, pois afinal o Tocantins era o Estado da democracia, da livre iniciativa e da justiça social, referindo-se ao slogan do seu governo.
Sobre os jovens do SOS-Unitins, o governador afirmou não haver problemas na manifestação dos jovens, pois sabia que tal ato seria passageiro. Citou o exemplo do ex-deputado federal Edmundo Galdino que, na juventude, fora comunista e, revolucionário e naquele momento fazia parte da sua equipe. Segundo o governador, o fim das manifestações chegaria quando aqueles jovens compreendessem a realidade e que o estado estava fazendo o melhor para a universidade.
Durante solenidade realizada pelo senador eleito Eduardo Siqueira Campos, no espaço cultural, na cidade de Palmas, para comemorar o início do seu mandato, o senador assim falou aos grevistas do SOS-Unitins que o vaiavam da platéia, conforme noticiado por um jornal local:
"Respondam por mim, a esse povo, os 74% que votaram em mim", iniciou Eduardo, dizendo que se tratava de "uns 30 desorganizados, que até hoje, sequer conseguiram eleger um vereador". O senador prosseguiu convidando os manifestantes a formarem uma comissão e o procurarem na Secretaria de Estado do Governo para tratarem de suas reivindicações. O senador ressaltou ainda que a manifestação foi um incentivo a mais para ele trabalhar na estrutura do governo acreditar que 'assim como nosso companheiro Galdino (ex-deputado Edmundo Galdino) hoje está conosco, não vai demorar e eu terei a honra de abonar a ficha deles (os alunos) na União do Tocantins7. (Jornal do Tocantins, p. 3 abro 2000a).
Embora o governo permitisse a manifestação dos jovens estudantes, ocorreram enfrentamentos entre a polícia e os estudantes, que foi denunciado pelo ME ao jornal:
Élsio afirma ainda que o governador não viu essa campanha pela privatização como um movimento justo e organizado e 'acabou perdendo a cabeça durante uma manifestação e agredindo a estudante de agronomia Anderlí Divina Ferreira, na cidade de Gurupi. Além de deixar 65 acadêmicos detidos, por aproximadamente 03 horas, sendo todos filmados pela polícia militar. (Jornal do Tocantins, p. 3 abro 2000a)
As agressões, o medo da polícia e da perseguição, o temor de perder o emprego de que muitos estudantes dependiam para sobreviver, fizeram que o poder de cooptação do governo se tornasse forte e diminuísse a quantidade de alunos com capacidade para resistir às investidas de agentes do governo.
Os jovens que participaram do movimento SOS-Unitins eram em sua maioria, os poucos que possuíam atividades no setor privado, ou então filhos de pequenos empresários urbanos e de profissionais liberais, e, em alguns casos, daqueles que trabalhavam no setor público e eram constantemente ameaçados de perderem o emprego.
Os conflitos entre os estudantes podem ser exemplificados pelo SOS-Unitins quando estes entraram em choque quanto aos rumos do movimento. O SOS-Unitins, no decorrer do movimento, formou duas comissões de negociação, e uma não reconhecia a legitimidade da outra.
Alguns entrevistados chegava afirmar que nenhuma das duas tinha legitimidade para representar o movimento, citando uma carta aberta escrita por estudantes e não-assinada,' com ofício anexo, no qual se denunciava conluio entre o então presidente do DCE e o governo para boicotar o movimento.
A carta aberta afirmava que o então presidente do DCE, Élsio Paranaguá e outros líderes, representantes da juventude tocantinense, pediram a nomeação de Ricardo Aires, filiado ao Partido da Frente Liberal, para o cargo de Secretário de Juventude, e denunciava a relação promíscua entre as lideranças estudantis e o poder constituído, mas também era uma demonstração de como os vícios da política local apareciam no interior da juventude.
A carta foi escrita e publicada por alunos da própria universidade depois da greve encerrada, mas o período de nomeação ocorreu no mês de janeiro de 2000, durante o processo de planejamento da greve.
Segundo a carta aberta escrita pelos alunos, o atendimento ao pedido condicionaria os solicitantes a não participar do protesto contra o governo, mas a ajudar o governo a convencer os estudantes da inutilidade de uma greve.
O mecanismo de cooptação aparecia como proposta, de um lado, surgida no seio da juventude ansiosa por conquista de espaços para o desenvolvimento da carreira profissional no setor público, e, de outro, por saber que o governo possuía o poder de controlar os movimentos sociais e buscar quadros dinâmicos para o serviço público.
No entanto, a prática do aliciamento de jovens para as fileiras partidárias estava presente tanto nos partidos governistas quanto nos partidos de oposição, demonstrando que a cooptação e o aliciamento significavam é tanto uma forma de busca da conquista do poder pela oposição quanto de manutenção do poder por aqueles que o detinham.
Alguns alunos e uma grande parte deles acabaram por ficar no anonimato político, recusando a filiação partidária para evitar perseguição política que podia ainda envolver seus familiares diretos.
Em 1997, o presidente do CA de Pedagogia de Arraias viu-se às voltas com uma transferência de uma cidade para outra, em razão de sua participação nos protestos contra a reestruturação da Universidade. Tratava-se de funcionário de carreira da Policia Militar que teve de recorrer a políticos de Influência para não inviabilizar a continuidade do curso. Anos depois, já pedagogo, o ex-presidente se tornou funcionário de carreira, também da Secretaria Estadual de Educação e eleitor do governador Siqueira Campos.
A influência dos partidos políticos no ME foi mencionada por um estudante que participou da greve de fome durante a radicalização do SOS-Unitins. Ele afirma, em entrevista, ter visto pessoas ligadas ao político Raul Filho, do Partido Popular Socialista (PPS), como os responsáveis pela manutenção da estrutura da greve deflagrada pelo SOS-Unitins, com recursos materiais e orientação política:
Quando chegou um homem, baixo o qual eu não conhecia, e o estudante Gilvan Noleto, ex-presidente do DCE, o cumprimentou dizendo algo assim: "Mas rapaz, como você está sumido! Onde é que você estava?" Ao passo que a pessoa respondeu: "sumido? Se não fosse eu esse movimento nem tinha começado! Eu é que to bancando tudo". Depois descobri que aquele homem era Adjalr de Lima, principal articulador da Campanha de Raul Filho e mentor do Movimento SOS-Unitins. É claro que diante das pressões dos estudantes, figuras como Adjair de Lima sumiram das reuniões, mas apareciam recursos para carros de som e as camisetas do movimento. (Entrevista com o estudante Lailton)
As influências sobre o ME não provinham apenas do campo da oposição. Também, os políticos governistas dispunham de pessoas e de meios com os quais buscavam interferir no ME do Tocantins. A indicação do estudante Ricardo Aires pelos representantes da juventude do estado, para a Secretaria da Juventude, e, posteriormente, sua filiação ao PFL, comprovam a influência governista sobre o movimento.
Estes fatos provocaram o aparecimento de divergências. No processo de negociação do fim da greve, as duas comissões, a Comissão Multi-curso e a Comissão Pró-diálogo, não reconheciam a legitimidade uma da outra.
As duas comissões enfrentaram-se constantemente, como ilustra a entrevista do então presidente do DCE, ao jornal local:
Não somos contra o diálogo, e buscamos esse diálogo, mas o governo não teve a dignidade de nos responder. (...) Respeitamos o que os colegas estã fazendo, mas sabemos qual é a intenção ... É pulverizar, reúnem com esses estudantes e traçam estratégias contra o movimento. Sabemos que deputados e vereadores se colocam contra o movimento. (Primeira página, p. 03 abro 2000)
Este fenômeno lembra a criação da Juventude Brasileira pelo ex-presidente Vargas, na tentativa de enfraquecer a UNE, e mostra os mecanismos que o governo utilizava para lidar com movimentos sociais e com pessoas que discordavam dos seus rumos.
A influência do Estado, configurado no poder estatal e nos partidos que se constituíam a base de sua sustentação, sobre os destinos do ME do Tocantins não se restringiu apenas à constituição de grupos de alunos simpáticos ao governo que se opunham a grupos de alunos que contestavam a política do governo. Esta influência também existia por meio do exercício do magistério por professores que eram defensores do regime de poder instituído.
As razões para que se defendesse o projeto de universidade presente na proposta do governo nem sempre se deram por convicção ideológica, muitas vezes, por razões de cunho pessoal e em prol da própria carreira profissional. É o que aconteceu no caso da participação dos professores na condução do desfecho da greve de fome. Eles intervieram para convencer os alunos de que era uma insensatez continuar a greve, como relata o estudante Lailton:
Por volta de uma hora da manhã o professor Deocleciano, do curso de Direito, entra e se reúne com alguns dos grevistas. Eu estava dormindo e quando acordei, o professor estava dizendo que a greve estava terminada. Nós, os grevistas, nos reunimos e decidimos ligar para o Orion, a partir de um celular, acho que era do professor. (Entrevista com o estudante Lailton)
No caso do ME, os professores exerceram um papel importante como formadores de opinião, pois exerciam influência sobre os alunos, pelo fato de muitos deles terem vivido experiência como militantes quando estudantes, e pela fragilidade do ME no estado.
Entretanto, a influência dos professores, em sua grande parte, não contribuiu para tornar o ME mais forte nos embates com o governo, como ilustra a fala do estudante Lailton. Poucos professores envolviam-se em discussões políticas, porque não queriam se comprometer, já aqueles que se envolviam, muitas vezes o faziam, desempenhando o papel de legitimadores das opiniões governistas. No campus de Tocantinópolis e no curso de Comunicação Social da cidade de Palmas, de acordo com os relatos, parte das atividades realizadas (protestos, eleições para C, A, etc) teve o incentivo direto de vários professores. Alguns restringiam-se a esclarecer aos alunos em sala de aula, ou, as vezes, fora dela, o significado das mudanças que estavam ocorrendo, de um ponto de vista mais politizado, e procuravam mostrar que as ações do governador não estavam lastreadas apenas por má vontade em relação às regiões em que os campi seriam fechados (referiam-se ao caso da polêmica de 1996, que envolveu os campi descentralizados), mas fundamentadas na doutrina do livre mercado, e na conseqüente recusa do Estado de manter o ensino público.
Além da forte cooptação, reinava entre os estudantes uma grande dificuldade de compreender os processos de reestruturação da universidade como um problema de embate entre o público e o privado ou de concepção de Estado. A característica neoliberal do governo Siqueira Campos era vista como mais uma má vontade do governador. Muitos estudantes não consideravam que o fato de o governador pertencer a um partido, cuja doutrina econômica é a defesa do livre mercado, seria a explicação para as constantes reestruturações da universidade. A retórica da modernidade (transformar a Unitins na mais moderna universidade do Brasil) muitas vezes serviu como fator de desmobilização do ME, como ocorreu em 1996, após as mudanças feitas nos campi, durante o início do processo que culminou na cobrança de mensalidades.
Liberal, mas intervencionista. Trata-se de uma grande contradição. Uma entrevistada declara:
a vida política do Tocantins é completamente direitista como disse o repórter da Veja '0 governo estadual participa de brigas pequenas e está presente tanto em assuntos importantes como acompanha as brigas pequenas do movimento estudantil". (Entrevista com Auriely Painkofw)
A reportagem à qual a estudante se refere foi publicada pela Veja, com o título Siqueirinha e Siqueirão, os donos do Tocantins, na qual o repórter referia-se aos bens da família Siqueira Campos e fazia uma análise do domínio político e econômico que o grupo político liderado por Siqueira Campos tinha sobre o estado.
Pode-se, contudo, qualificar essa configuração de liberal, e ao mesmo tempo de intervencionista? Na verdade, isso se tornou possível em razão da característica agrária do Tocantins, com grandes latifúndios, uma classe média frágil, uma indústria incipiente e um governo vivendo diante da contradição de colocar o Estado na rota do mercado nacional e internacional, e, ao mesmo tempo, manter os privilégios obtidos em razão de seu parco desenvolvimento.
Uma leitura interessante de todo o processo envolvendo a tentativa de privatização da universidade foi feita por estudantes do campus de Araguaína, sob o estímulo do professor de História Eugênio Pacceli que mantém em seu arquivo pessoal uma série de textos de alunos do Curso de História, em que fazem uma análise do SOS-Unitins. É interessante notar como esses alunos 'apresentam uma diferença sutil em relação às facções em que estavam divididas as lideranças estudantis, mostrando um distanciamento entre a base do movimento e os seus dirigentes, como já havia denunciado, em sua entrevista, a estudante Auriely Painkow.
Durante as greves e rebeliões dos estudantes contra a reestruturação da universidade, implementada a partir de 1996, e que chegou em seu aplce em 1998, com a cobrança de mensalidades, o campus de Araguaína foi o local no qual os estudantes se comportaram de forma mais aguerrida.
Foi o primeiro campus a entrar em greve, e o último a recomeçar as aulas. Em suas análises, a aluna Stelha Maris do Curso de História assim classificou a luta:
Foi uma luta de forças que parecia injusta; os universitários com a sua única arma: a paralisação por uma Universidade pública e gratuita, contra a prática neoliberal do Excelentíssimo Senhor Governador (que se julga onipotente) com relação ao Ensino Superior na tentativa de excluir a massa tocantinense do acesso ao terceiro grau. (Lima, 2000)
As palavras da aluna, além da ironia, demonstram o motivo por que governo e estudantes estavam de lados opostos. Estava em questão a cobrança de mensalidades recém-instituída e cada estudante enfrentava o Estado como podia.
As palavras ferinas tomaram conta do discurso estudantil. Carlos Antônio Machado Vieira qualifica o Estado de máquina destruidora de sonho. Sirley de Oliveria Cruz, por sua vez, qualifica o Estado de ditatorial:
o movimento demonstrou a força não desafia tantas ameaças do Governador, que ao decorrer de todo epis6dio se declarou como verdadeiro ditador, usando ameaças e violência "sica contra os estudantes Universitários que participavam do movimento. (Cruz, 2000)
Para Zenaide Silva Marinho, o governo de Siqueira Campos e seu grupo político é assim classificado: governo ditador e corrupto, voltado apenas ao seu próprio interesse (Textos de avaliação da greve dos alunos de História de Araguaína Zenaide Marinho).
Outro aluno que também elaborou texto de avaliação da greve ocorrida em Araguaína utiliza na sua análise a expressão peixe grande, referindo-se ao governo, que não podia ser vencido pelos peixes pequenos, referindo-se aos alunos (Pereira, 2000).
Para alguns, a realidade inspirava ironia em relação à situação e mesmo um ódio ao governador. Outros, entretanto, apresentavam uma construção discursiva mais elaborada, procurando compreender o momento com base na inserção do estado do Tocantins no cenário nacional, global e a inevitável convivência com os dogmas vigentes do neoliberalismo.
Dos 26 textos analisados, quatro fazem referência direta ao neoliberalismo como a orientação política norteadora da política do governo em relação a universidade, e três textos atribuem à política do governo as orientações da política nacional, citando as privatizações das empresas estatais, como a da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), da Companhia Vale do Rio Doce, dentre outras. A privatização da universidade ora aparece para os estudantes como artifício do neoliberalismo para dominar o globo terrestre, ora como discurso globalizado utilizado em defesa dos interesses próprios das elites.
Os estudantes tinham dificuldade para compreender a realidade política do Tocantins em suas interfaces com a política nacional e global. A presença na mídia em campanhas publicitárias nas quais o governador aparecia assinando contratos com empresas internacionais, da Alemanha e do Japão, a dificuldades de realização do debate aberto sobre as motivações reais do governo, dificultavam o aprofundamento da compreensão de conceitos como neoliberalismo.
Segundo depoimento presente nas análises, os professores eram pressionados para defender a construção discursiva, como escreve Sthela Maris de Lima:
Os manifestantes também tiveram o apoio de alguns professores da UNITINS, porém de forma restrita pois eles também foram pressionados tendo inclusive reduzido seus salários. (Lima, 2000)
Na perspectiva dos estudantes de Araguaína, o SOS-Unitins foi um movimento vitorioso, mesmo com as divergências entre os campi. Em um determinado momento, o campus de Araguaína foi o único a manter a paralisação diante das ameaças e tentativas de cooptação pelo governador. As dificuldades do movimento são assim compreendidas por Stelha Maris de Lima:
Houve muitas dificuldades sobretudo quando os Campi ficaram divididos entre os que aceitaram o falso compromisso do Governador e os que continuaram firme sem ser manipulados por este compromisso pois entendiam que esse não tinha caráter jurídico. E neste momento que o campus de Araguaína fica sozinho, mas quando o Campus de Gurupi soube que Araguaína jazigo paralisada também aderiu novamente a paralisação e ambos campi buscaram junto ao governo novas negociações. (Lima, 2000)
Tal afirmação, presente em quase todos os depoimentos dos estudantes de Araguaína, e a conclusão generalizada nesse campus sobre os campi de Araguaína e Gurupi serem os responsáveis pelas conquistas do SOS, são discutíveis por dois motivos: primeiro, porque houve em vários campi, como Arraias, Tocantinópolis e Guaraí fortes movimentações contra a privatização; e, segundo, porque houve também greve de fome, da qual participaram alunos de Palmas. No entanto, constata-se nas entrevistas e observações realizadas que os estudantes, na época, provocaram maior agitação nestes campi, nos quais, os alunos mais demoraram para voltar as salas de aula.
Sobre os conflitos no interior do ME, que levaram ainda o campus de Araguaína a tomar uma decisão isolada de continuar a greve, são inúmeros e diferentes os pontos de vistas. Alguns atribuem essa atitude a um caráter submisso dos estudantes, na condição de filhos de políticos ligados ao governo ou às elites; outros assinalam que os conflitos devem-se ao medo de sofrerem retaliações e perseguição, incluindo seus familiares.
Ao final, a grande maioria considera uma vitória do movimento o fim da cobrança de mensalidades e a promessa do governador de se aliar aos estudantes para pressionar o governo da União para a implantação urgente de uma universidade federal para o Tocantins.
Considerando que, no discurso oficial, o modelo de universidade implantado e contestado pelo SOS-Unitins, aparecia como um futuro modelo para o país, a promessa do governo de lutar por uma universidade federal pública e gratuita, pode ser considerada um recuo do governador e uma vitória dos estudantes pois, diante da oposição dos estudantes o governo passou o problema para a União, com a implantação da Universidade Federal do Tocantins.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES PELA NECESSIDADE
DA CONCLUSÃO
Narrei ao senhor. No que narrei, o senhor até ache mais verdade do que eu, a minha verdade. Fim que foi. (...) O senhor não repare. Demore, que eu conto. A vida da gente nunca tem termo real (...) O diabo não há! É o que eu digo, se for... Existe é homem humano. Travessia.
Guimarães Rosa
A tentativa de organização do ME no Tocantins apresenta um caminho cheio de pedras para os estudantes universitários. A influência externa sobre a juventude, sobretudo do Estado, da Igreja e dos partidos políticos são fatores contribuem para a conformação do ME, tal qual ele se encontra na atualidade.
Na história do ME do Tocantins, a Igreja, (no caso, a Igreja Católica) pouca influência teve, o que, de certa forma, o diferencia do ME do restante do país, em razão da forte presença da JUC e da JEC, e, mais recentemente, das orientações de setores atuais da Igreja que trabalham com a juventude. A construção da Cenog, porém, teve participação ativa de setores da Igreja Católica, tendo dentre seus organizadores e grande incentivador, o Padre Rui Rodrigues.
Além disso, a Igreja, pela sua atuação como provedora de colégios de ensino médio no Norte (os conhecidos colégios das irmãs), cumpriu um papel importante, preenchendo o vazio deixado pelo Estado no então Norte goiano.
Na discussão envolvendo o laico e o religioso, ainda é preciso registrar o papel da Igreja Batista, que também ajudou a impulsionar o setor educacional no Norte goiano, contribuindo para a construção do movimento cenoguiano e para a conscientização da juventude nortense.
No Norte não ocorreu a discussão sobre o conflito que permeou o discurso educacional nos anos 50 e 60, que tinha como centro as disputas entre o laico e o confessional, em razão de grande ausência na região. No Norte, as disputas deram-se muitas vezes entre a Igreja Católica e a Igreja Batista, e algumas cidades ainda guardam vestígios de sepulcros de educadores e pastores batistas enterrados fora dos cemitérios públicos, por serem considerados pagãos. Esse exemplo apresenta uma clara associação, embora não-oficial, entre o estado e a Igreja Católica.
A questão do poder público e suas influências sobre o ME do Tocantins podem ser compreendidas em dois momentos: um primeiro, antes da criação do estado do Tocantins, pois a ausência da ação do Estado serviu como motor organizativo da juventude estudantil do Norte; um segundo momento, refere-se ao movimento estudantil após a criação do estado do Tocantins, quando o poder público passou a se utilizar do autoritarismo e de mecanismos como perseguição e cooptação para desmobilizar os estudantes.
No caso do Tocantins, pode-se dizer que a influência do Estado foi nociva à organização do ME. As pressões, cooptações, perseguições e atos de violência registrados neste trabalho mostram como o Estado agiu em relação aos movimentos sociais e, especificamente, ao movimento estudantil.
A forma truculenta com que o governador Siqueira Campos e o Poder público trataram os estudantes teve origem, de uma parte nas próprias raízes do estado do Tocantins, um espaço em que no passado era considerado a lei do mais forte pela ausência do poder público como árbitro dos conflitos sociais (Giraldim, 2002).
A esse fato, deve-se acrescentar a inserção do estado na conjuntura nacional e global, o que foi pouco discutido neste trabalho por que se privilegiaram fatos que o discurso dos estudantes.
Neste sentido, a modernização era entendida como o meio de colocar o estado no ciclo de produção e de acordo com os padrões exigidos pelo mercado. Ocorre que o estado do Tocantins, possuindo em seu interior formas arcaicas e não-capitalistas de organização da produção, como as grandes propriedades improdutivas, tornava necessário, de um lado, que o poder estatal fosse o grande impulsionador do desenvolvimento do mercado, desde as áreas de produção de capital à qualificação de recursos humanos, e, de outro, um forte e centralizador comando político, como forma de manter o metabolismo social do capital.
Assim, parece que o Tocantins ajusta-se à concepção discutida por Meszáros (2002) sobre o Estado no atual estágio do capitalismo:
A formação do Estado moderno é uma exigência absoluta para a assegurar e proteger permanentemente a produtividade do sistema. O capital chegou a dominância no reino da produção material paralelamente ao desenvolvimento de práticas políticas totalizadoras que dão forma ao estado moderno. (Meszáros, 2002. p. 106)
Na essência, isso explica a característica liberalizante e totalizadora do papel do estado tocantinense: em um primeiro momento, uma grande preocupação em construir infra-estrutura e investir na qualificação de recursos humanos, e, em um segundo momento, uma pressa em passar todo o aparato estatal para as mãos do mercado.
Neste caso, agravante foi a existência de bolsões de pobreza e o afluxo de jovens de outros estados em busca de oportunidades no Tocantins, que produziu um grande número de alunos que não conseguiram arcar com os custos da mensalidade na universidade.
O comando totalizador da política sobre os processos de reprodução da vida material era potencializado pela pouca existência de nichos empregatícios disponíveis para aqueles que dependiam da venda da força de trabalho para o sustento. Em Tocantins, o principal nicho empregatício é o setor público, por isso não se torna difícil a manipulação dessa variável para a manutenção do controle político por meio de ameaças de perda do emprego sobre as pessoas que possam se colocar contra a política oficial. A história demonstra ter funcionado como fator de desmobilização do ME no Tocantins, o que explica a opinião de Athos Pereira, quando perguntado sobre a razão da fragilidade dos partidos do campo democrático e popular no Tocantins:
O Estado do Tocantins é muito atrasado. O domínio de Siqueira Campos sobre a sociedade do Tocantins é muito extenso. O acúmulo de forças democráticas no Tocantins é ainda muito modesto. (Entrevista com Athos Pereira)
Uma vez que o estudante no Tocantins, sobretudo na década de 1990, reivindicava um estado democrático, a sua influência sobre o ME era negativa, ou seja, o poder público estatal passava a agir para desmobilizar o ME, porque esse aparecia como opositor das políticas que o estado pretendia implementar.
A face totalizadora do governo tocantinense é vista pelos mecanismos utilizados para desmobilizar os estudantes, o que ocorre desde a perseguição política por ameaças, violência física e métodos de cooptação, como a criação da representação estudantil em congregações de cursos e no Conselho Universitário, que se elegiam em processos dirigidos pela direção da universidade.
A situação do Estado é a de um vassalo do capitalismo selvagem. Ao discutir questões que dizem respeito à relação do estado do Tocantins com os mercados nacional e internacional, Pacceli (2003) mostra uma situação em que a opressão política está a serviço de uma ordem na qual a selvageria do capitalismo, com sua expressão mais cruel e excludente, aparece de formas mais variadas, desde as construções bem elaboradas do discurso de um caminho único do neoliberalismo até a ação policial contra os estudantes e outros movimentos sociais, o que aparece nesta análise pelos enfrentamentos dos estudantes com o poder político no Tocantins, o qual produziu violência física e até mesmo prisões de lideranças estudantis.
Outra forma de agir do Estado em relação aos movimentos sociais consiste em vencê-los pelo cansaço, ou tratar a coisa pública com um certo descaso. Falando da forma que a universidade tratava o desenvolvimento dos cursos de licenciatura plena em regime especial, Oliveira (2002) assim qualificou a forma de agir do estado: no andar da carroça que as abóboras se ajeitam. No ME, também não era diferente, como se percebe na entrevista do governador em jornais e analisadas neste trabalho.
O estudante e suas ações políticas eram tratados com descaso. O governador, de fato, só deu importância à greve dos estudantes, isto é, a ação do SOS-Unitins, quando os estudantes paralisaram a maioria dos campi. Percebendo a gravidade da situação e vendo que os estudantes estavam chamando a atenção da mídia nacional, o governo agiu de várias formas - de um lado, tentou deslegitimar a representação dos estudantes incorporada no DCE, e de outro, incentivou os alunos que concordavam com a posição do governo na verdade pessoas com vínculos empregatícios ou dependentes de pessoas ligadas ao governo, como mostra o caso Ricardo Aires, a constituírem comissões para negociar com o governo, dividindo, assim, o ME da universidade. E ainda, o aparato estatal e até mesmo o aparato policial eram utilizados para ameaçar e amedrontar os estudantes.
Os partidos políticos não conseguiram influenciar e nem estabelecer uma hegemonia sobre o ME. Os partidos de esquerda, talvez pela fragilidade com que se mantêm organizados no estado, e os de direita, por serem vistos pelos estudantes como uma extensão da pessoa do governador, e o como partido político propriamente dito. Esse trabalho não analisa com profundidade o fenômeno do personalismo nos partidos políticos do Tocantins, mas no caso da ausência de influência dos partidos sobre o ME, ou desse se constituir em locus de quadros para a esquerda, diz respeito à baixa politização dos estudantes, o que se evidencia nas entrevistas com estudantes, que separam participação política da vida estudantil. Assim há uma compreensão silenciosa de que basta não protestar, não militar, para não ser vítima da posição totalizadora do estado.
Nessas condições, os estudantes pouco se envolveram nas lutas nacionais, mesmo vivendo o momento em que a Unitins foi privatizada, quando o Ministro da Educação colocava a possibilidade de estabelecer a cobrança de mensalidades nas instituições de ensino superior. Nem nesse momento houve uma sintonia do ME tocantinense com o ME nacional .
Os esforços da UNE, que chegou a realizar um seminário sobre políticas públicas para o ensino superior, pouco modificaram a situação. Os problemas locais impediam uma discussão profunda sobre as reais causas que moviam a execução das políticas no Tocantins. Uma pequena minoria chegou a compreendê-las..
Esta parece que foi uma grande pedra no caminho dos estudantes tocantinenses, na tentativa de organizar o ME. Ao não perceberem o contexto no qual estavam situados, perderam uma oportunidade de compreender como os processos de globalização interferem nos setores periféricos de um país como o Brasil. O enfrentamento da situação no Tocantins não poderia SE: desconectar do processo de globalização excludente que se instala no mundo, é o que Bourdieu chama de construção de um movimento social que ultrapasse os limites do Estado-Nação (Bourdieu, 2001).
Não pode passar despercebido o aparecimento de conflitos no interior do ME tocantinense na década de 1990. Na verdade, trata-se de uma extensão do conflito de uma forma liberal de ver o Estado, agravado pela especificidade do Tocantins e as orientações provindas de partidos do campo popular democrático, que pretendiam apresentar uma política alternativa, em lugar da política neoliberal adotada no país.
Mesmo utilizando uma construção discursiva frágil, os estudantes tocantinenses reagiram à imposição de uma política que excluía uma parcela dos estudantes tocantinenses do acesso ao ensino superior. Talvez a reação tenha sido motivada sobretudo pela existência do projeto de carreira - já que este é uma das grandes preocupações da condição de estudante - em um momento em que tais preocupações se tornavam intensas pela realidade própria da década de 1990, pois a discussão sobre o mundo do trabalho viveu um refluxo no início da década e só voltou a tomar impulso mais para o seu final. A questão da central idade do trabalho (Antunes, 2000) e a dificuldade de construção de um discurso competente para fazer face ao caminho único apontado, certamente influenciaram, mesmo que indiretamente, a situação de empecilho para uma maior politização dos estudantes.
Enfim, muito ainda pode ser estudado sobre o ME tocantinense na década de 1990. As análises presentes neste trabalho constituem o que foi possível discutir. Parafraseando o mestre Guimarães Rosa: nem os estudantes eram anjos ingênuos, nem seus opositores, o diabo. É uma história de humanos, em busca da travessia da vida, cada um defendendo interesses específicos. A história da vida não parece mesmo ter termo real. Mas isso é o que se sabe, e que se pensa que muitos não sabem. A verdade seja dita, muita coisa é bem diferente daquilo que eu desconfiava ser.
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AURYEL Y, PAINKOW. Aluna do curso de Comunicação Social, habilitação em jornalismo. Militante do SOS-Unitins. Entrevista realizada em julho de 2002, em Palmas-To.
ITAMAR ANTÓNIO DE OLVERIA JUNIOR. Aluno de Engenharia Ambiental de Palmas-To, quinto período. Foi militante do SOS¬Unitins. Entrevista realizada em julho de 2002, Palmas-To.
JOÃO BOSCO CARDOSO JUNIOR. Estudante de Engenharia Ambiental de Palmas-To, oitavo período. Foi militante do ME do Tocantins. Entrevista realizada em agosto de 2002.
KLEBER DE ALBURQUERQUE BRASIL. Militante do ME do Tocantins no Campos de Porto Nacional de 1997/2002. Entrevista realizada em julho de 2002.
LAIL TON ALVES DA COSTA. Aluno de comunicação social da Unitins. Militante do ME na época do SOS-UNITINS e um dos alunos que realizou a greve de fome. Entrevista realizada em agosto de 2002.
MARGARETH PEREIRA ARBUÉS. Historiadora e Advogada, professora na Faculdade Anhanguera .. Foi professora na Faculdade de Gurupi de 1985 até 1990. Entrevista realizada no dia 18 de maio de 2003.
[1] Nelson Soares dos Santos é Pedagogo pela Universidade do Tocantins, Mestre em Educação Brasileira pela Universidade Federal de Goiás, e Doutorando em Educação e Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás.
[2] Este trabalho foi escrito a partir da pesquisa para a realização da Dissertação de Mestrado que teve como titulo “Caminhos Pedregosos: A tentativa de organização do Movimento estudantil no Tocantins na década de 1990.”, sobe a orientação da Professora Drª. Maurides Macedo.
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