O Natal e ensinamentos políticos do Mestre Jesus.
“Vai
vende tudo que tens, e dá aos pobres.
Jesus”
Nasci cristão e não posso dizer que os princípios humanistas que regem
minhas ações não tenham no cristianismo sua maior influência. Hoje, quando olho
para sociedade não deixo de ver que se fato seguíssemos os ensinamentos do
Mestre Jesus muitos dos problemas que temos não existiriam. Arrisco dizer que
na essência a ideia de socialismo e comunismo tem ponto de encontro com aquilo
que o Mestre da Galiléia ensinou. Ser humanista, democrata e socialista é ser
olhar o mundo, um pouco da forma como o mestre olhou. Ver todos os homens como
iguais, como tendo direito às mesmas oportunidades, a igual pedação de pão. Em
um ano pré-eleitoral talvez seja interessante, neste natal, refletir um pouco
sobre o que mestre diria aqueles que pretendem ser governantes do povo, e, ao
próprio povo.
“Bem aventurado os simples e humildes por que deles é o reino dos céus”.
No momento pré-eleitoral está marcando o debate político a questão do
financiamento das campanhas. Não são poucos os que dizem que só podem ser
candidatos àqueles que possuem muito dinheiro para tocar as campanhas, pagar
cabos eleitorais, comprar currais eleitorais. Dizem por aí, que tem um
candidato com mais de dois bilhões reservados para tocar uma campanha de
governador. Os tais candidatos endinheirados alardeiam por todos os lados o
quanto vão gastar, e até mesmo, como vão gastar, colocando toda a fé da vitória
sobre o dinheiro como se o povo não tivesse nenhuma consciência e fossem apenas
mercadorias, objetos inanimados que podem ser vendidos e comprados em um mercado.
Os candidatos ricos já não possuem humildade ou mesmo sentimento de
apreensão. Admitem que gastando milhões na campanha eleitoral, serão
ressarcidos pelos cofres públicos, ou seja, todo dinheiro não sairá do bolso
deles e sim do bolso dos mais pobres. Totalmente em contradição com os
ensinamentos do Cristo, do qual dizem serem seguidores. Em vez de vender tudo
que têm e dar aos pobres, eles encontram maneiras astuciosas de tirar tudo que
pode ir para o bolso dos pobres. E assim, aumenta a fome, a miséria, a
violência e todos os males dos quais a humanidade sofre.
A igualdade e a tolerância.
Jesus era um homem que comia com fariseus, atendia pecadores, publicanos,
samaritanos e todos os proscritos da sociedade. Sua lição foi a de que todos os
indivíduos são filhos do mesmo pai celestial, e por isso, são dignos de
atenção, de cuidado, merecem, portanto, o direito de terem condições de se
tornarem melhores homens. Os ensinamentos de igualdade e tolerância já não são
mais lembrados pela maioria dos nossos políticos. Eles insistem em ver o povo
apenas como uma parcela da sociedade que precisa de “esmolas”. Sim, as casas
nas julgam que o povo deve habitar não possui qualidade, não traz conforto. As
escolas públicas não possuem qualidade, e os grandes empresários arrancam tudo que o pobre tem seja na
exploração do trabalho, ou na venda a preços caros dos alimentos que este mesmo
trabalhador produziu.
Os que querem governar, em vez de incentivar o tratamento igualitário e a
tolerância, insuflam o ódio e as diferenças, sejam elas religiosas, de raças ou
de gênero. Não são os ensinamentos do Mestre Jesus. Ele ensinou as virtudes, a
paciência, a tolerância, a bondade, a verdade, a coragem, a prudência, e maior
de todas, a virtude do amor. O amor é
esta virtude que nos faz desejar servir em vez de sermos servidos, que permite
ao outro ter a liberdade de escolher, e que faz ver no outro, no nosso
semelhante também a nossa imagem, o que nos leva a uma ecologia espiritual, por
que nos torna conscientes de que no final, somos todos UM, e o mal que fazemos
ao próximo fazemo-nos a nós mesmos.
O Significado do Natal para uma sociedade humanista.
O dinheiro usurpou o aniversariante e o natal significa muito mais comer,
comprar, dar, e ganhar presentes do que sentir a divina presença humana do
outro que conosco parte o pão. Em uma sociedade humanista é a presença do outro
que deve ocupar o lugar do consumo desenfreado. É a convivência pacífica com as
diferenças que deve ocupar o lugar da competição que mata e destrói. O dinheiro
deverá perder o valor que hoje tem nele mesmo a única razão de existir, e a
exploração do homem pelo homem, de forma cruel e vexatória como temos na
atualidade deverá dar lugar a solidariedade e ao companheirismo.
No humanismo socialista será tanto um dever lutar pelo pão quanto o será
ter a consciência de repartir o pão e dar a cada um de acordo com as suas
necessidades. Em tal humanismo é essência humana a senhora de todas as coisas,
e o caminho será a evolução da sociedade na construção da valoração do ser
humano acima de todas as coisas. A
consciência da radicalidade democrática levará ao desenvolvimento da
tolerância e do diálogo em uma possibilidade de um diálogo profundo com os
ensinamentos do Mestre Cristão. E as diferenças serão motivo de grandeza e não
de mortes e misérias. Então, que neste
natal, possamos refletir se não é o ser humano a verdadeira razão e sentido das
palavras do Mestre Jesus.
[1]
Nelson Soares dos Santos é Professor Universitário na Faculdade Delta, 1º
Secretário Geral do PPS de Goiânia e membro da direção estadual do PPS Goiás, e
membro da Direção Nacional do PPS.
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