Avançar na luta em defesa de uma Educação de qualidade e de políticas públicas mais igualitárias.
Nelson
Soares dos Santos[1]
No
Congresso passado fui um dos signatários da proposta segundo a qual o partido
deveria assumir de forma propositiva a discussão sobre a qualidade da Educação
em nosso país. E por ser um dos propositores acompanhei com atenção o
desempenho da direção do partido e de cada um dos nossos parlamentares federais
no tratamento da questão. É possível dizer com tranquilidade que avançamos na
forma como a questão foi tratada. E o principal avanço foi mesmo o fato de que
tanto a Direção Nacional do Partido, quanto os parlamentares federais levaram a
sério a questão, entrando na discussão com os outros partidos de forma altaneira
e, acrescentando qualidade ao debate hoje dominado pelo Partido dos
Trabalhadores.
O
ponto alto deste histórico foi certamente a Conferência Nacional realizada pelo
Partido na Câmara Federal. Ali, o partido mostrou-se propositivo e não reativo.
Para além dos erros políticos da realização do evento, o partido discutiu temas
importantes, e na conferência sobre a Educação iniciou uma aproximação com uma
figura emblemática da questão educacional que é Cristovam Buarque. As propostas
suscitadas naquela conferência, caso tivesse sido levado adiante, certamente
teria produzido um documento propositivo sobre a questão da educação o que nos
tiraria da situação de reatividade e da denúncia sem propostas.
Avançar
no debate, chegar às bases do partido.
A
questão que se coloca para o partido é como avançar na construção de uma
contribuição real e propositiva no campo das políticas públicas, que a rigor,
significa o partido se debruçarem sobre uma proposta de sociedade brasileira,
uma proposta de projeto de desenvolvimento, que, pelos princípios emanados no
último congresso será uma proposta humanista, democrática e socialista. Tal debate deve envolver, inicialmente os educadores
e especialistas em Educação e políticas públicas, militantes e simpatizantes do
partido para em seguida ser levado a todo o partido, o que certamente produzirá
um debate rico e construtivo.
Mas
como avançar em um debate de tal natureza? Segue algumas propostas que podem
ser relevantes.
1.
Orientar todas as instâncias partidárias a
discutir a questão da educação, com eixos básicos centrados na qualidade do
ensino, valorização do educador, e modelo didático-pedagógico.
2.
Designar um educador que conduza o
debate junto às direções estaduais e municipais com a chancela da Fundação
Astrogildo Pereira;
3.
Orientar as direções municipais e
estaduais a se posicionarem diante dos problemas educacionais enfrentados nos munícipios
e nos Estados;
4.
Defesa intransigente de meios de se
valorizar o educador;
5.
Defesa de investimento prioritariamente
na Escola Pública mantida pelo Estado;
6.
Fiscalizar, por meio dos militantes,
dirigentes e ou parlamentares o cumprimento dos gastos constitucionais com a
Educação e a forma como os mesmos tem
sido feito.
7.
Realização em todos estados, capitais
e cidades com mais de 200 mil habitantes de seminários de discussão do tema com
os dirigentes, militantes e simpatizantes do partido.
8.
Emitir neste congresso moção de
repúdio a todos os governantes que não respeitaram o direito de manifestação e
de greve dos professores, e, no caso de alguns usaram da força policial
repressiva de modo truculento.
Creio
que se conseguirmos colocar em prática estes oito pontos teremos ao final da
gestão que se inicia com este congresso avançado bastante no objetivo de
mostrar a sociedade que o investimento em Educação é o principal caminho para
que uma nação tenha um desenvolvimento humano e com democracia. Envolver todos
os dirigentes partidários, militantes e simpatizantes no processo de
reconhecimento da importância da educação na história de uma nação será o caminho para fazer germinar ideias
inovadoras no processo de gestão e criação de novas políticas educacionais.
Outrossim,
o PPS estará cumprindo o seu papel de vanguarda na sociedade, assumindo o lugar
de propositor e saindo da reatividade. Todos os países que compreenderam a
importância do papel da Educação na construção de uma sociedade mais
igualitária avançaram no índice IDH, como pode ser visto facilmente quando
analisamos a história recente de Cabo Verde, Coréia do Sul, e o caso mais
conhecido que o do Japão. O Brasil pode fazer uma revolução e transformar seu
desenvolvimento, hoje canibal, em desenvolvimento humano, mas isso não será
feito se não compreendermos com clareza o papel da Educação nas sociedades
atuais.
[1]
Nelson Soares dos Santos é Professor Universitário e membro do Diretório
Estadual do PPS de Goiás.
Comentários
Postar um comentário