O PPS e Igualdade Racial no Brasil.

 Nelson Soares dos Santos[1]


Na Cidade de Salvador para participar da reunião do Movimento Negro da Coligação na entrega da “Carta de Salvador” a Marina Silva pude conhecer melhor nossa candidata a presidente. Olhar calmo, demonstrando certo cansaço pelas atividades do dia, exalava uma bravura serena típica daquela característica habermasiana de quem compreende o papel do político na Esfera pública burguesa.  Na entrevista Coletiva, ouvindo Marina, fiquei  a lembrar das propostas feitas no Congresso Nacional do PPS, Partido Popular Socialista, pela criação de uma coordenação Nacional de Igualdade Racial e da tentativa de criarmos um movimento que plantasse um novo modelo de luta por igualdade racial no país.
Chamamos nossa proposta de “Política Humanista de Igualdade Racial”, por que nossa ideia não criar mais um movimento negro no país, mas reconhecer que o Brasil é o país da diversidade e que estamos condenados ao respeito às diferenças. Não significa que não compreendamos a necessidade imperiosa de implantação de políticas afirmativas que ajude a emancipar as massas excluídas de negros nos diferentes estados do país, mas mais que isso, significa que entendemos a luta por igualdade atrelada ao biônimo  - oportunidade iguais, Educação de qualidade.  O que não queremos é mais um movimento que instigue o ódio, o rancor, a ideia reparacionista que olha para o passado em vez de olhar para o futuro.
Na nossa “Política Humanista de Igualdade Racial”, não há lugar apenas para negros, mas para todas as minorias ou raças oprimidas no seio da sociedade. Trata-se de uma luta por emancipação de um país, na qual a educação de qualidade para todos tem lugar preponderante. É na formação de uma consciência política elevada, na formação humana integral que vemos a verdadeira emancipação, e para quais as políticas afirmativas como cotas etc, são apenas um instrumento passageiro, um meio para se alcançar objetivos maiores, por isso, determinadas políticas devem ser transitórias, sobretudo na vida dos indivíduos.
Uma política humanista de Igualdade racial e inspirada nas ações e lutas de Nelson Mandela e Martim Luther King, tem no aprendizado do amor, na inclusão, seu eixo central, e isso por que sabemos que “ninguém nasce odiando ninguém, e se aprenderam a odiar também podem aprender a amar.” ( Nelson Mandela.).  É para isso que defendemos a força da educação cultural, da mistura de culturas, do aprendizado da música e da arte clássica nas escolas públicas para que se dê a oportunidade do país ter ao seu dispor os seus melhores talentos. E por que não podemos sonhar com um Brasil onde tenhamos campos de futebol tenham negros, brancos e índios na mesma quantidade e do outro oposto, também nas orquestras sinfônicas, na pintura, nas profissões nobres como medicina, matemáticas tenham negros, índios e brancos na mesma proporção?
A luta por igualdade racial é por fim, uma luta por uma humanidade onde o conceito de raça perca importância e todos os seres sejam tratados como seres que tem vida humana e por isso dotados de talentos que somados podem levar a sociedade a um novo salto de evolução. Evolução esta que só é possível por meio de uma educação de qualidade, igualitária para todos, com fundamentos no bom uso da liberdade, da tolerância e da generosidade.  É esta a nossa luta. Enquanto houver um só ser humano oprimido, discriminado, vítima de preconceito esta luta será travada todos dias, todas as horas e sem nenhum descanço.



[1] Nelson Soares dos Santos é Licenciado em Pedagogia, Mestre em Educação Brasileira, Professor Universitário

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