Liberdade de expressão: Elon Musk, Bolsonaro, Mourão e o trabalhador sem comida na mesa.
Nos
últimos assistimos uma verdadeira comoção mundial em torno da proposta e compra
do Twiter por Elon Musk, pelo valor de 44 bilhões de dólares,, ( mais de 215
bilhões de reais), com a justificativa, uma delas, de que a plataforma precisa
prezar pela liberdade de expressão absoluta. Com um patrimônio de mais de um
trilhão de reais, Musk fala de forma tranquila sobre a tal liberdade de
expressão absoluta. Passei dias pesquisando a vida do bilionário e descobri que
ao redor dele ninguém tem liberdade de expressão, nem mesmo a mínima, quanto
mais absoluta. O que Musk chama de
liberdade de expressão poderia ser interpretado sobre quem tem o poder da fala,
e não o direito da fala. Este é o mesmo conceito que está por trás das defesas
dos bolsonaristas sobre liberdade de expressão no Brasil.
Para
entender o que estes indivíduos querem dizer com “ Liberdade de expressão Absoluta”, é preciso
investigar o ponto de vista pelo qual eles olham o mundo, os princípios que os norteiam,
as regras e métodos pelos quais olham o mundo e a natureza, ou seja, a régua
pela qual o mundo é medido. A história do Elon Musk, não é difícil a régua dele. Para ele, ser livre é
ter o direito de fazer, ousar, inovar no que for necessário para conquistar o que deseja, sem
regras, sem normas, apenas o direito de se dar bem. Alguns fatos, já públicos,
em sua biografia no The Times, deixa claro isso. Ao separar da primeira mulher, com quem teve
cinco filhos, induziu-a a assinar um documento sem que ela soubesse, abrindo
mão de todo dinheiro que tinha direito. Outras reportagens dão conta, de que
com a ex-mulher Talulah, no espaço de oito anos de relacionamento separou-se
três vezes, casou duas vezes, sendo duas separações por divórcio.
A
análise de suas relações profissionais que os meios de comunicação se esforçam
para mostrar apenas o lado positivo, aparece alguns fatos ao menos intrigante.
Foi expulso do conselho de uma das empresas que criou, e anos depois, a comprou.
Fatos assim,, olhados superficialmente não oferece muitas conclusões, mas se pudéssemos
investigar com profundidade o cotidiano que levou a expulsão, e principalmente as
manobras que permitiu,, mais tarde, a recompra da empresa, entenderíamos muito
mais do significado que ele dá ao conceito de “Liberdade de expressão absoluta”.
Outro fato que mereceria aprofundamento e análise seria a infância de jovem
nerd que sofreu maus tratos na escola, e que desde muito cedo, teve a mente
voltado para a relação entre a vida na
terra e o universo como um todo, como mostra o primeiro jogo de computador
criado por ele.
Todos
estes fatos levam a crer, o que posso interpretar, é que liberdade de expressão
absoluta para Musk, está diretamente ligada a lei do mais forte, do que tem
mais poder, sobretudo poder da fala, ou a resiliência da conquista sem regras,
e apenas com aquilo que a imaginação e inteligência possa guiar. Um conceito
tal de liberdade de expressão parece esconder um profundo autoritarismo sobre
aqueles que não tem a sagacidade da rebeldia, a resiliência do desejo da
vingança ou a luta por justiça, e mais ainda, uma exploração em demasia dos
mais frágeis e necessitados.
Um
discurso de Direita.
Liberdade
de expressão absoluta tornou-se um discurso de direita, no Brasil e no mundo. Na Hungria já se tornou a força política
dominante; na França, já é a segunda força política por mais de dez anos. Nos
Estados Unidos chegou ao poder com Donald Trump, que expulso do Twiter,, criou sua própria rede social. E assim, o
cenário segue por diversos países do ocidente. A característica central do
movimento e ou da multidão que defende ou segue tais ideias é a contradição. Digo
isso por que defendem uma coisa no discurso e praticam outra. Os principais
atores deste discurso,, defensores da família, já se casaram e divorciaram
diversas vezes; são contra o aborto, mas defende o direito deles mesmos fazerem
quando quiserem. E assim, em todos os aspectos.
No
Brasil, este discurso é liderado por todo o bolsonarismo, mas sua base
verdadeira está no que hoje é o União Brasil. Um partido cujas bases é o
agronegócio e tem no Governador de Goiás uma de suas mais fortes lideranças. A
liberdade que eles defendem é a liberdade para o uso discricionário do poder
contra aqueles que nada tem. E a liberdade dos que nada tem é preconizado pelo
direito de se permitirem serem humilhados e obedecer as ordens mais esdrúxulas
do serviço sujo para os patrões. Não há verdadeira liberdade por que apenas os
que tem poder tem de fato o direito de fala, e em uma país com mais de 30%
abaixo da linha de pobreza, e quase 80% vivendo com um salário mínimo, não se
pode falar em liberdade quando não há o direito a sobrevivência. A liberdade está ligada a condição de ser, de
existir de sobreviver, de pensar. Submergido a luta pela sobrevivência não há
ou não tem sentido o direito a liberdade de expressão, que defendido de forma
radical aumenta o poder dos que tem acesso a todos os bens, a limitar a
possibilidade de acesso dos que nada tem.
É
mais ou menos isso que defende Mourão e Bolsonaro quando defendem a liberdade
de expressão daqueles que pedem intervenção militar no Brasil, rasgam a constituição
que lhe garante a democracia, e, xingam o STF que luta pelo cumprimento da Constituição.
Hoje, o poder do estado já está, praticamente, a serviço de uma elite
endinheirada e servil. A intervenção militar e o fim da democracia com o fim do
STF, aprofundaria este fossos por que tiraria qualquer direito a manifestação
seja contra os poderes, seja contra os patrões que possui o poder
discricionário de contratar e demitir a força de trabalho daqueles que a
possuem como o único instrumento da sobrevivência. Não a toa,, estes mesmos atores são defensores
da total liberalização das regras trabalhistas, deixando totalmente fora da
regulação do estado os direitos trabalhistas.
O
que se conclui, portanto, é que não pode existir liberdade de expressão para
aqueles que só possuem a força de trabalho como instrumento de sobrevivência,
sem a mediação do estado regulado por uma democracia com governantes eleitos
por todo o povo. A liberdade de expressão absoluta defendida por estes atores,
só pode levar a um totalitarismo de homens gananciosos pelo poder e domínio por
meio do dinheiro. Não chegaria sequer a uma aristocracia, pois esta exigiria a
liberdade e poder de fala dos melhores, e uma sociedade governada por
interesses financeiros não produz os melhores, muitas vezes produzem a
subserviência medíocre que leva a totalitarismos como o Nazismo e o Fascismo.
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