Aécio Neves e a Democracia em Novo Patamar
Aécio Neves agradou menos do que se esperava dele em seu primeiro discurso no senado. Deixou de agradar não por que deixou de fazer o que podia ser feito, mas por que se esperava muito, e, aqueles que esperavam nem sabiam direito o que queriam ouvir. Sabendo disso, Aécio fez o óbvio. Assumiu o papel de líder da oposição e propôs reconhecer todo o passado olhando pra frente.
O discurso durou 25 minutos, e mobilizou o senado todo resto da tarde. A imprensa, a mídia em geral repercutiu mais do que o necessário. Uma coisa me parecer ter passado despercebido no discurso de Aécio, ou aqueles que ouviram acharam melhor não demonstrar que entenderam. Aécio tentou elevar o debate político a um novo patamar tentando sensibilizar o plenário e o país de que o futuro exige de nós um maior senso moral.
E uma tacada só Aécio enfrentou adversários internos do seu partido pregando uma oposição sadia, não raivosa e programática e de outro lado, fustigou o PT ao lembrar as ausências do Partido Governista nos momentos nos quais o país precisou dele. Ao demarcar suas diferenças internas com líderes do Partido como José Serra, Aécio manda um recado claro: sua posição é a de um gestor que deseja se unir a todos aqueles que querem construir um país mais justo, e ai, neste ponto o líder da oposição esqueceu de dizer qual o rumo que o país deve tomar.
Não deixou claro, por exemplo, qual papel defende para o Estado, pois se de um lado defendeu o fortalecimento das políticas sociais, não deixou claro a intenção ao defender o Legado de FHC qual seu posicionamento sobre a questão da privatização. Neste caso, bem complicado, pois a relação estado mercado ainda é um fator importante se queremos entender o papel do estado na proteção dos direitos humanos e sociais na atualidade.
Quem não ouviu direito, o caso da Senadora do PSOL, ficou com a incômoda opinião de que o discurso poderia ter sido feito pelo Líder do PT, do PMDB, do DEM, ou do PSB, ou ainda do criado e inexistente PSD. Quase ninguém não quis ouvir ou não ouviu o chamamento a um novo posicionamento diante da condição moral que se encontra o país. Aécio tentou; tentou dizer a colegas de partido que na política não existe inimigos, existe adversários; tentou dizer que o senado é um lugar pra se debater idéias, projetos, programas em defesa do crescimento e do desenvolvimento do país, e, não da busca do poder a qualquer custo como se ali fosse um palco semelhante a um bigbrother; tentou mostrar gentileza e elegância como se dissesse que podemos dizer verdades de forma tranqüila e sem magoar as pessoas a quem dizemos. Aécio tentou ser maior que o momento político que o país vive, carente de líderes de elevada estatura moral.
Que o futuro nos ajude a entender o discurso de Aécio, e quiçá ele não se desvie do seu propósito de agir sempre em defesa dos interesses do país, mesmo que para isso precise sacrificar o seu próprio projeto de poder. Caso isso aconteça talvez ele não seja presidente do país, mas talvez ajude o povo brasileiro a dar um passo, desta vez rumo a evolução moral para uma existência livre, consciente e responsável.
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