A Educação é a Chave - Que Educação mesmo?
Na
semana na qual o governo trocou o ministro da Educação foi rica de quantidade
de artigos sobre a Educação em todos os jornais do país, escrito pelas mais
variadas autoridades, desde autoridades municipais a autoridades federais.
Aqui, peço permissão ao leitor para citar apenas alguns dado que, na verdade, a
grande maioria é repetitiva e sem novidades. Grosso modo, apenas uma coisa
parece ir tornando consenso: a Educação é senão
a única chave, uma chave importante para garantir a continuidade do
desenvolvimento do nosso país. Quando, no entanto, começamos a analisar o que
cada um diz sobre a educação fica uma
pergunta intrigante: Qual educação é mesmo a chave para contribuir com a nova
realidade do país?
É
então que percebemos que se começa a existir uma pálida consciência de que se
deve investir em Educação o que existe mesmo é uma babel de interesses e uma
confusão de discursos vazios que na
verdade nada diz sobre a educação necessária e urgente. O discurso mais
contundente é de Cristovam Buarque, Senador pelo PDT, ( Partido Democrático
Trabalhista), que foi candidato a presidente da República tendo como bandeira
principal a defesa da Educação e teve no final pouco mais de 1% dos votos dos
brasileiros. O senador defende altos salários para os educadores ( acima de
nove mil reais), altos investimentos em Educação ( mais de 10% do PIB) e
mudanças fortes no processo de gestão educacional. Entretanto, no discurso do
Senador falta dizer ao eleitor no que de fato tais mudanças irá mudar a vida
dos brasileiros, e mais ainda, que tipo de educação e sociedade teremos afinal.
Torna pois, um discurso moralista abstrato.
O
discurso do PT ( Partido dos Trabalhadores e seus aliados PSB ( Partido
Socialista Brasileiro) PC do B ( Partido Comunista do Brasil) e PMDB ( Partido
do Movimento democrático Brasileiro), de um lado, aparece como avançado, e de
outro de um pragmatismo aterrorizador. As políticas públicas e de financiamento
da Educação no Governo do PT e aliados transformou a educação em um negócio
cujo o único enganado é o estudante, que cada dia mais deixa de receber aquilo
que ele mais precisa – formação humana. As práticas e políticas transformaram a
Educação em Serviço, conhecimento em mercadoria e professor em operário. O
resultado desta combinação é o mercado e a sociedade estar recebendo
profissionais medíocres e despreparados para qualquer tomada de atitude ou
decisão.
Ninguém
deve se assustar, no entanto, com o discurso dos conservadores, contra qualquer
política de combate a desigualdade social (política de cotas, financiamento,
educação pública de qualidade e gratuita), feito por autoridades do Democratas
e outros partidos conservadores como Partido Progressistas e os liberais em
geral. Estão na esfera deles compreender e desejar que o mundo seja e continue
sendo desigual. O que assusta é o PSDB (
Partido da Social Democracia do Brasil), que defende em seu estatuto uma maior
equidade social se revirar em contradições nos discursos e nas práticas traindo
seus próprios ideais de valorização do ser humano e da defesa da equidade
social. Quem leu o artigo de Aécio Neves na Folha de São Paulo esta semana e
não analisou a política implantada em Minas entenderia que o senador é oposição
às políticas do Planalto, embora seja nos governos do PSDB, inclusive nas Minas
Gerais de Aécio Neves onde a Educação como mercadoria foi levado ao paroxismo
do absurdo. Controle de resultados, rebaixamento salarial da carreira do
professorado, terceirização, política de ranqueamento, liberação de número de alunos por sala, foram algumas das
medidas que foram aplicadas e são ainda, em outros governos do PSDB. Tal
política é desumana com o aluno, com os pais, e, com a sociedade, levando a
todos a um nível intenso de ansiedade e contribuindo pouco para a formação
humana por meio da educação.
No
PPS Partido Popular Socialista), temos
defendido também que a educação é a chave que pode abrir as portas do novo
século. No entanto, o que defendemos é que a educação seja colocada na esfera
que lhe é própria – a esfera do Humano. A educação não pode ser vista como
negócio, o conhecimento não pode ser visto como uma mercadoria qualquer, pois
ambos, conhecimento e educação estão ligados a essência do Ser Humano.
Os
países que são desenvolvidos e que não compreenderam tal verdade estão
afundando em crises, que na verdade são provocadas e tem como pano de fundo a
banalização do humano e a transformação do individuo em mercadoria. Por isso é
que defendemos uma discussão profunda com a Sociedade sobre o papel do Estado e
da Sociedade na construção de um projeto educacional onde a educação e o
conhecimento sejam vistos como bens públicos e como tal, construir um forte
controle social sobre os investimentos e gestão no campo da Educação. Isto
significa rever as relações do Estado com as Instituições privadas de ensino
que em sua maioria vê a Educação como negócio, o ensino como mercadoria e o
professor como operário, e o aluno como um cliente bobo fácil de ser enganado.
Na verdade tais instituições tem cada vez mais uma única preocupação, a de
conseguir notas nas avaliações de controle para manter as permissões de vender
os cursos.
Defendemos
ainda, o aumento do investimento em Educação ( 10% do PIB), e uma política de
valorização do professor, acompanhada de profundas mudanças no processo de
gestão e nas relações entre escola, Universidade e sociedade construindo um
processo de responsabilização que vá do aluno ao estado. Na resolução Nacional
do PPS, os prefeitos eleitos pelo partido são conclamados a investir 30% da
receita em Educação, lutar pela universalização da Educação infantil e
erradicação do analfabetismo, por entender que este é o eixo de grande
importância em qualquer política que se crê proporcionar um desenvolvimento
verdadeiramente sustentável. Isto para nós, é um pouco do que significa colocar
a educação no campo do especificamente humano.
Lúcido, pertinente e necessário!
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