A corrupção nossa de cada dia
Quando Palloci caiu tentei não escrever sobre o assunto aqui no blog. Resisti, mas por fim, uma leitora pediu. Queria saber o que eu escreveria sobre o assunto. Então levantei a tese de que a queda de Palloci representava apenas uma conseqüência lógica do jogo do poder, e da forma como o jogo do poder é jogado na atualidade. Tento esclarecer melhor agora: O jogo do poder na atualidade não é jogado com o objetivo de governar a sociedade, e sim, e quase que apenas no sentido de atender aos interesses egoístas dos envolvidos no jogo. Isto parece senso comum e óbvio, não é. Tudo é feito como se fosse o interesse do povo que está em disputa, quando na verdade a única coisa em disputa é quem será o próximo a ser desmoralizado.
No jogo do poder quase todo mundo sabe os podres de todo mundo. No caso de Palloci tudo começou e terminou com o interesse dos partidos aliados por cargos. Digo terminou por que a nova ministra assumiu dizendo que infelizmente não iria atender aos pedidos de todos, e que haveria sim descontentes. No caso do Ministério dos Transportes desconfio que a fumaça da corrupção já era vista de longe. Alguns meses atrás conversando sobre o embróglio que envolve o Deputado Sandro Mabel e a o dirigente do PR Valdemar da Costa Neto, um bem informado executivo afirmou: Sandro Mabel conhece o jogo do poder, sabe como funciona, não vai deixar a direção do PR em Goiás tão fácil assim. Que não me falhe a memória, Sandro Mabel é o mesmo que no passado esteve envolvido dossiê envolvendo Marconi Perillo, o fato foi noticiado no dia 15 de Junho de 2011.
O esquema de corrupção no Ministério dos Transportes vai acabar minando a autoridade de Costa Neto, e, por conseqüência resolvendo o problema de Mabel. O interessante é que logo depois que Mabel disputou a presidência da Câmara, Marco Maia, Henrique E. Alves e Vacarezza procuraram os interlocutores do PR, para interceder pela não punição a Mabel. Entenda: pessoas de grosso calibre do Governo Federal já haviam perdoado a aventura solitária do deputado goiano. Os bastidores do poder têm sempre muito mais segredos do que imaginamos, e é quase impossível saber o que acontece entre uma conversa e outra. A minha tese é que desde sempre já se sabia da fumaça e que todos os envolvidos sabiam que uma briga no PR não seria boa para ninguém. A questão é que por mera coincidência, claro, Juquinha das Neves seria presidente do PR Goiano no lugar de Mabel, e, claro, fique bem claro este blogueiro só acho interessante a coincidência e não tem nenhuma evidência que uma coisa esteja ligada a outra.
No final, Goiás como estado saiu perdendo, e perderia de qualquer jeito. Se Mabel perdesse a guerra sairia desprestigiado, e hoje é um importante político goiano, embora sem uma definição clara de bandeiras para colocar a serviço do povo. Do outro lado, ao cair, Alfredo Nascimento levou nomes goianos, que certamente faz diminuir a interlocução goiana com o Governo Federal. Infelizmente, parece que os grandes esquemas de corrupção passam por Goiás; primeiro foi Delúbio, agora, Juquinha das Neves e Companhia. A pergunta é quem será o próximo.
Retornando a minha tese: a queda do Ministro Alfredo Nascimento nada adianta se não mudar as relações existentes entre o poder público e os interesses privados e corporativistas seja de empresas, ou mesmo e até, dos partidos políticos; e, repito, precisamos urgente de trabalhar a formação para a cidadania para que as pessoas entendam que, as vezes, é preciso recusar até mesmo uma boa proposta de emprego se o mesmo significar envolver-se em um esquema de corrupção. Caso não se encontre caminhos para a mudança necessária, vamos esperar o próximo ministro cair, quando um novo esquema de corrupção for “descoberto”, e os nacionalistas de plantão sair em defesa do patrimônio nacional.
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