Democracia do Coronel.

Não existe mais o céu
Não existe mais a lua.
É tudo do coronel;
Mesmo a calçada da rua.

As abelhas já não fazem mais mel.
As flores não são beijadas pelo beija-flor.
Não se pinta mais quadros com pincel.
Por que? Por que o coronel mandou.

A água da velha fonte;
Não corre mais e está vazia.
Os pobrezinhos da cidade,
Tomam banho de bacia.

A reputação tem preço.
A vida é mercadoria.
E dizem que é tudo que mereço;
No que chamam de democracia.

Não existem mais caminhos;
O ar, não se respira mais.
O jardim, só tem espinhos.
A lavoura, bananais.

As estrelas , já não brilham.
Ligam e são desligadas.
Os carros que descarrilam.
Vidas que são apagadas.

É a nossa democracia.
Onde abelha não produz mel,
Os passarinhos não cantam,
Sem a ordem do coronel.

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