O velório de Itamar, Lula, FHC, Dilma e a praga do Sucessor
Lula foi no velório de Itamar quando o corpo estava em Juiz de fora. Eu esperava que Dilma aparecesse lá junto com o Lula. Não aconteceu. Para falar a verdade, ficou bonito aquela foto dos três ex-presidentes homenageando Itamar: Sarney, Collor, e, Lula. Nosso grande companheiro fez por merecer. Confesso que fiquei pensando que Fernando Henrique não apareceria. Lendo tudo que encontrei que explicasse a mágoa que tinha de FH, achei mesmo que este não apareceria. Quando o ex-presidente e sucessor escreveu artigo reconhecendo a importância do ex-chefe no processo de construção da estabilidade, vi muitas perguntas e também me perguntei: Por que só agora?
Sim, ninguém fez festa de 80 anos para Itamar Franco. Ninguém reconheceu a sua importância como o presidente que encontrou a solução para inflação no Brasil. Todos os méritos do plano real foram “roubados” por FHC. Li uma coluna do Paulo Henrique Amorim muito interessante. Nela o jornalista conta de forma clara que na verdade poucos méritos do plano real são de FHC. O que não foi de Itamar, foi de Rubens Ricupero e de Ciro Gomes, pois estes sim, é quem foram os responsáveis pela operacionalização do plano. A verdade sempre aparece e a morte de Itamar acabou por ser uma ducha de água fria nas festividades de FHC. O louvado agora aparece como traidor.
Surpresa maior minha foi abrir os jornais hoje a tarde. Uma foto de FCH, ladeado de José Serra, Aécio Neves, e, Dilma. Isso mesmo, Dilma. Para mim, tal foto deve ser guardada para a posteridade. Olhando assim, parece uma coisa inocente, apenas conicidência. No Brasil porém, onde fazer o sucessor parece ser uma tragédia grega aquela foto tem de ser guardada. Olhando bem a foto fiquei com a impressão de que Dilma foi a candidata de FHC, e, aliada a tudo que li nos últimos, a troca da afagos, os exageros de Jobim, alguma coisa me diz, que como Itamar, Lula pode não ter sucesso de ter feito sua sucessora. Como Dilma, FHC deveu sua eleição a alta popularidade de Itamar e as políticas do seu governo. Como Lula, Itamar deu a Dilma carta branca para realizar um trabalho que a viabilizou como candidata. Ali na foto, Dilma era igual a FHC –Itamar no caixão, igual a Lula, ausente.
Fazer o sucessor no Brasil parece nunca ter sido algo assim tão bom. Nos estados, os exemplos de traição são numerosos. Em Goiás todos os sucessores, com exceção de Maguito, se afastaram dos seus sucedidos. E mesmo Maguito, não trouxe seu padrinho Iris Rezende de volta ao Poder. Fico aqui imaginando como Itamar ( se estivesse ali perto daquela cena), teria olhado para Dilma conversando com FHC. Logo no seu velório aquela foto, logo ele que morreu sentindo as dores da infidelidade e que ele considerava como traição de FHC. Fico imaginando ele com a coerência que lhe era devida, o democrata, fiel aos princípios que defendia, vendo diante do seu caixão um primeiro encontro público do que pode vir a ser o traço da infidelidade e da traição.
Pode ser só coisa da minha cabeça de leigo na política. Só devaneios. A revista veja noticiou que existe bastidores e que neles o tricô entre FHC e Dilma incomoda tanto ao PT, como ao PSDB. O futuro dirá se o constrangimento que se inicia tem algum sentido. Na política brasileira os valores tem sido deixados de lado, as virtudes tem sido relegadas. O poder, a vaidade, o egoísmo, tem ditado as ações dos políticos. Mas, já pensou se o primeiro encontro de FHC e Dilma for o fruto de alguma coisa pela qual Lula poderá se sentir traído? Não. Não, não pode ser. Logo no velório do Itamar?
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