Paulo Garcia e os direitos dos Educadores da cidade de Goiânia
Nelson Soares dos Santos[1]
Durante
o período em que os partidos políticos estiveram ocupados com o processo de
troca-troca partidário que prostitui a política brasileira, um acontecimento
pouco recebeu atenção seja da imprensa ou da sociedade – a greve dos servidores
da Educação Municipal de Goiânia. Na verdade, a cidade esteve recheada de
movimentos grevistas incluindo bancários, correios, e bem pouco tempo antes os
servidores da Polícia Civil e do Sistema Penitenciário Estadual. Retrocedendo
apenas alguns meses mais, tivemos a greve dos motoristas de ônibus e os
movimentos espontâneos pelo Passe Livre Estudantil.
Alheio
a tudo isso, os políticos simplesmente se prostituem, troca de partidos como
trocam de camisa apenas com o objetivo de se manter no negócio da política como
quando se vai a um banquete de hipócritas vestidos de fraques. O assustador é
que a sociedade prejudicada pela a falta de prestação de serviços fica
desorientada e não sabe a que ou a quem recorrer. Indiferente dos partidos
políticos, os governantes tratam os trabalhadores como animais colocando o
aparato da segurança do Estado que deveria existir para proteger os cidadãos
para bater nos grevistas, e neste, caso nos professores, que absurdamente não
lutam por melhorias de salários, e sim, para não perder direitos adquiridos. E
incrível, tudo isso acontece sob um Governo do Partido dos Trabalhadores.
A
luta dos professores de Goiânia.
A
luta dos professores de Goiânia é uma luta justa. Perder direitos adquiridos em
uma democracia é uma daquelas coisas que devem ser consideradas como
inaceitável. Os servidores não querem conquistar mais direitos, querem apenas
manter o que já adquiriram. Incrivelmente, um governo do PT, que deveria primar
pelo diálogo, uma vez que pregam defender os trabalhadores, manda a política
descer o porrete esquecendo que estes professores é que cuidam do futuro da
nação.
Os
educadores não devem ceder. Não se deve aceitar perda de direitos. Que Paulo
Garcia ouça a voz da consciência da história, e que saiba que será julgado por
aquele que no tempo em que a sociedade brasileira se mobiliza pela valorização
do Educador, retirou direito e empobreceu a educação de nossa capital. A razão das
atitudes do prefeito em nada difere das ações e atitudes arquitetadas pelo
Secretário Thiago Peixoto que também retirou direitos dos servidores estaduais
prejudicando milhares de pais de família em nome de uma revolução que não
aconteceu por que fundada em ideias equivocadas que tornam impossível a
construção de uma educação de qualidade.
Muito
mais que lutar para não perder direitos tem que despertar a sociedade para
lutar por um novo modelo educacional. Em 25 anos da nova constituição não
conseguimos introduzir a democracia na Educação. Em nome da liberdade,
passou-se a viver a libertinagem e o desrespeito ao professor; em nome do
respeito ao educando nivelou o aprender pela mediocridade contribuindo para as
altas taxas de analfabetismo funcional. O que está esgotado não é apenas a
forma como que os governantes tratam os trabalhadores são as próprias relações
entre Estado, Mercado e Sociedade. O Estado se perdeu, não consegue mais
cumprir o seu papel, e o mercado se transformaram em uma prostituta cansada que
escraviza em vez de dar algum tipo de prazer.
Precisamos
repensar o modelo de Estado que queremos, o modelo de sociedade que queremos, e
até mesmo que tipo de relações de mercado queremos para nossos filhos. O Governo do
PT não tem condições de fazer este debate, é apenas o povo se manifestando
livremente, discutindo e debatendo nas assembleias, na força do poder local que
será possível encontrar novos caminhos, novas alternativas e uma nova
esperança. E é por todas estas razões que vejo na luta dos professores não
greve em defesa de alguns direitos, mas uma luta em defesa do futuro da nação.
[1]
Nelson Soares dos Santos é Técnico em Magistério, Licenciado em Pedagogia,
Mestre em Educação Brasileira, Secretário Geral do PPS da Cidade de Goiânia e
membro da Direção Estadual do PPS em Goiás.
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