“Você não pode ser candidato por que você não tem dinheiro: Tenha Bom Senso!!!”
Nelson
Soares dos Santos
Desde
que manifestei meu desejo de concorrer ao cargo de Governador do Estado de
Goiás tenho ouvido as mais diversas opiniões, mas tem algumas que trazem
consigo mensagens interessantes e que devem merecer muito tempo de reflexão de
todos nós. Uma delas que tenho considerado como interessante é que dá título a
este texto: “Você não pode ser candidato por que não tem dinheiro: Tenha bom
senso!!”. Quase sempre tal alerta vem acompanhado de diversos elogios e alguns
deles quase que admitindo que embora eu apresentei qualidades do que pode vir a
ser um Grande Estadista, o fato de não ter dinheiro é um obstáculo intransponível para a realização do sonho de ser um grande político e governar
o Estado.
O Papel do Dinheiro
na Política Eleitoral.
Diante
deste fato decidi refletir sobre o papel do dinheiro na política eleitoral
brasileira e na construção de uma democracia. A rigor, parece elementar de que
não é preciso ter dinheiro para se propor a ser líder em uma sociedade
democrática, o que se precisa mesmo é ter as qualidades necessárias ao homem
público – sobretudo ética e decência; e, atender os pré-requisitos presentes na
Constituição que por acaso não exige que os pretendentes tenham nenhum tipo de patrimônio
como pré-condição para serem governantes.
Não
sendo o dinheiro pré-condição para ser candidato ou governante, como o mesmo se tornou tão essencial? Ora, complica
a reflexão sobre esta questão o fato de que não se conhece na história nenhum
político empresário que abriu mão do próprio patrimônio para se tornar homem
público, pelo contrário, o que se vê é que os empresários ao entrarem na
política tornam-se mais ricos, o que do ponto de vista da ciência econômica
pode indicar ser a política um bom investimento financeiro. De outro lado,
políticos que já confessaram terem entrado na política pobres e se tornaram ricos, milionários e estão se
tornando cada vez mais ricos a cada eleição.
Alguns
afirmam que a o dinheiro é essencial por que sem uma boa estrutura de campanha
não se elege deputado estadual ou federal. Daí, fico pensando – se os
políticos, mesmos os empresários não gastam dinheiro do próprio bolso, pelo
contrário, ficam sempre mais ricos de onde sai o dinheiro para estruturas caras
de campanhas? Parece que aqui está um indício de que as campanhas eleitorais se
apresentam como o principal instrumento de corrupção e corruptor do nosso
sistema democrático, pois resta concluir
que campanhas caras são o germe dos futuros escândalos ou tentativas de desvio
do dinheiro público para mãos privadas, mãos interesseiras que “doaram” para as
campanhas milionárias.
No
ciclo vicioso leva-se a conclusão de que quem não tem dinheiro, na verdade, não
pode ser candidato só a governador; não pode ser candidato a nada; a não ser,
que esteja disposto a receber uma grande doação para a campanha e é claro, se
corromper e participar dos diversos mecanismos existentes de desvio de dinheiro
público para fins poucos honrosos.
Os Ricos Candidatos.
Então,
se todo cidadão de bem, com ideais nobres, mas sem dinheiro tiver bom senso e
não tentar se candidatar, restará ao eleitor escolher um entre os candidatos
ricos a disposição. Neste caso, aliás, se o critério for dinheiro, me parece
que o melhor candidato a Governador é mesmo o mais rico de todos. Outros
candidatos ricos, e todos os que estão postos o são, duvido que vá gastar
dinheiro do próprio bolso pensando em cuidar do estado e das pessoas por
generosidade.
De
outro lado, se tais candidatos resolvessem fazer uma campanha fundada na
honestidade e no firme propósito de enquanto governantes eleitos não roubar e
não deixar roubar; teriam então que dar apoio a fortes estruturas de campanhas,
o que deixaria todos os candidatos a se obrigarem a andar com as próprias
pernas, e, se resolverem a gastar do próprio bolso, uma vez eleitos terem
apenas o próprio salário para suprir o gasto feito em campanha. Não é difícil concluir
que quanto mais cara uma campanha política mas corrupto será o governo ou
governante, já que dinheiro não cai do céu e não surge do nada.
Os
ricos candidatos com campanhas caras são na verdade o protótipo do futuro
corrupto a frequentar as páginas dos jornais, como temos vistos nestes últimos
anos, nos casos das Operações Monte Carlo, Miquéias e mais recentemente a Tarja
Preta. Quanto mais cara a campanha mais corrupto o governante será.
A corrupção da
Máquina Pública.
Outro
meio de corrupção do processo é a utilização da máquina pública. Estes dia
mesmo, vi nos jornais que um secretário de Estado reuniu toda a sua equipe de
trabalho da secretaria para comunicar seu apoio explicito a um pré-candidato a
dep. Federal também, secretário e auxiliar do Governo. Ora, a campanha nem
começou, as candidatura sequer foram registradas e o processo de aliciamento e
pressão sobre os servidores públicos ( muitos deles concursados), já começou.
Neste
sentido há um caso interessante de uma prefeitura goiana na qual o prefeito-candidato
a reeleição assinou um decreto onde liberava os funcionários mais cedo do
trabalho para que os mesmos pudessem trabalhar na campanha. A corrupção do
sistema vai se tornando tão esdrúxula que se transforam em decreto-lei. Outros casos
se espalham fazendo com que diversas cidades tenha que realizar novas eleições por que chega ao
absurdo de todos aqueles que foram candidatos não terem condição de assumir por
que todos se corromperam.
O que é ter Bom
Senso?
Depois
de apresentar os argumentos de que na verdade todo candidato rico e que coloca
muito dinheiro na campanha já se mostra desde já um corrupto e corruptor, e que
a principal função do dinheiro no sistema eleitoral é o de corromper o
processo, resta-nos analisar o que significa o “ter bom senso” no contexto da
frase. Um dos indivíduos que pronunciou esta frase disse-me de forma jocosa que
tinha de admitir que eu tivesse uma capacidade monstra de usar bem as palavras,
o dom da palavra, mas me falta dinheiro, bom senso e um pouco mais de beleza.
O
dinheiro? Já discutimos. A beleza, eu
compreendi que o moço branco e de olhos azuis estava deixando sopesar em suas
palavras o racismo subjetivo e inconsciente de que sendo negro não é possível
ser belo, e expressando que o conceito de beleza que ele tem na mente é na
verdade o conceito de beleza da elite brasileira loira e de olhos azuis.
Já
o bom senso, o tão esperado bom senso eu, depois de muito refletir, mostra uma
forma de submissão ao modelo de estratificação social da sociedade. Houve um
tempo em que negros e pobres não podiam sonhar sequer em ter segundo grau. Eu
me lembro que a primeira vez que eu afirmei que um dia faria um curso superior,
o prefeito da minha cidadezinha ( que aliás, até hoje é prefeito), disse-me que
eu era completamente louco, e o pior, até mesmos pessoas bem próximas acharam
que era loucura sair pelo mundo sonhando um dia ser doutor.
Hoje,
ter um curso superior já não é mais tanta loucura. Mas ser um político, ah sim,
ser um politico tanto mais querer ser um governador é loucura, falta de bom
senso, por que é tentar romper a chamada e aceita “Ordem Natural das coisas”. É
esta mesma ordem natural que faz com que as mulheres sejam violentadas, as
crianças pobres estejam trabalhando em vez de estarem em escolas públicas de
qualidade, hospitais públicos bem equipados e uma segurança que cuide de todos.
Aumentando a falta de
bom senso.
Eu
quero na verdade, em resposta a tudo que ouvi nos últimos dias, aumentar minha
falta de bom senso. Quero lutar para alterar a ordem natural das coisas. Quero
ser candidato para alterar a ordem natural das coisas. Quero desafiar todos os
candidatos a deixarem os eleitores livres para votar. Deixem que votem pela
própria consciência.
Eu
os desafio a fazer um compromisso de não roubar e não deixar roubar. De prover
um governo com democracia e desenvolvimento humano, e que tenham a coragem de
reduzir a máquina pública, enxuga-la, cortando 50% de todos os cargos
comissionados.
Eu
os desafio ao debate para que expliquem como fazem para conseguir tanto
dinheiro para as campanhas políticas. Eu os desafio a apresentar a evolução do
patrimônio pessoal e mostrar a população que nunca se corromperam e que o
patrimônio obtido está de acordo com o salário recebido.
Eu
os desafio a reduzir a máquina estatal. Viverem apenas do próprio salário e sem
luxo como o povo vive. Eu os desafio a serem servidores do povo e não
mercenários a serviço daqueles que muito tem. Tudo isso parece ingenuidade,
muitos dirão; mas não será ingenuidade quando o eleitor perceber que são todos
os cidadãos que pagam a conta final e que estes tais políticos que se dizem
preparados por que são ricos, são na verdade aqueles que tiram dos pobres para
dar os ricos. Chega de bom senso, seja para qual cargo for, ser candidato é
mais do que nunca, uma forma de lutar por democracia, liberdade e
desenvolvimento humano.
Chega de alienação!!
ResponderExcluirA sociedade precisa de um lider que fuja das filosofias instalada nesta sociedade, onde o poder aquisitivo é o dominante, o lider que nossa sociedade goiana precisa com máxima urgência é aquele que favorecer o todo com ética, respeito e progresso tanto quanto no desenvolvimento economico e humano. Precisamos especialmente de mestre que estabeleça uma nova cultura politica, um novo modo de fazer acontecer, rompendo o bom senso da maioria societária, pois esta grande maioria ainda não encontrou seu proprio senso e achou melhor seguir o que esta em ênfase com a maioria.