Em Filiação de Vice Governador, Freire conclama Frente pela Democracia, em alusão a Bolsonaro
O Cidadania 23, realizou nesta manhã de sábado, um evento para receber a
filiação do Vice-Governador Lincoln Tejota.
No evento, bastante concorrido, teve registrada a presença de diversos
deputados federais, deputados estaduais, do Senador Vanderlan Cardoso, e, do
governador Ronaldo Caiado. Quando lá chegamos , o ambiente cheirava quase
aquele conservadorismo bolsonarista, reacionário e pouco inteligente de se
fazer política. Os movimentos silenciosos, sutis, pareciam barrar qualquer
posição ousada de se fazer um debate político verdadeiro. As panelas fumegando,
carne assando, almoço sendo preparado, quase tudo indicava o velho pão e circo.
Encontrei poucos conhecidos militantes históricos do partido. Arthur
Otto, perambulava impressionado, e mesmo com sua defesa astuta que vem fazendo
do Governo Bolsonaro, ali demonstrava assustado que o nosso partido,
descendente e herdeiro do velho PCB estava parecendo um partido totalmente de
direita e conservador. O velho Rocha, os dirigentes partidários do interior,
quase ninguém parecia se sentir em casa. Eu mesmo, quase fui embora antes que
terminasse o evento, mas por insistência do André Almeida, fiquei ali, no palco
, próximo ao Roberto Freire, ouvindo os discursos e atônito, me lembrando de
uma cena do Nazismo onde todos fazem a saudação Nazista e um homem solitário se
recusa a levantar seu braço, sendo depois mandado para a morte no campo de
Concentração.
Os discursos se sucederam O ex deputado Federal e ex-presidente do
Diretório estadual do cidadania Marcos Abrão, e Virmondes Cruvinel, deputado
estadual e presidente do Diretório Metropolitano do Cidadania, abriram as falas, mas o que me
impressionou foi o discurso de Ronaldo
Caiado, ao demonstrar seu respeito por Roberto Freire, presidente Nacional do
Cidadania 23, ressaltou certa reverência pela democracia, pelo papel do Senado
Federal, das Instituições democráticas e da necessidade de nós, os políticos,
respeitarmos a vontade soberana do povo. Foi o primeiro discurso que se falou
em respeito a Democracia. Nenhum discurso dos que utilizaram o poder de falar
criticaram o ambiente fascistas que se instala no país, nenhuma defesa
explícita da democracia, nenhuma crítica
contundente aos desvarios de um presidente que ousa confrontar as instituições
democráticas e a liberdade de um povo. O Senador Jorge Kajuru, embora membro
filiado ao partido não esteve presente ao evento e o Senador Vanderlan não fez
uso da palavra.
Quando o novo filiado tomou o microfone para seu discurso, esperei,
ansioso para ouvir. Um jovem promissor. Entretanto, não viu a necessidade de
fazer uma defesa enfática da política democrática. O ambiente era tal, que já
estava preparado para viver mais uma decepção na política. Pensava que o
Roberto Freire seguiria naqueles mesmos caminhos. A única coisa realmente
positiva no discurso do Jovem filiado vice-governador, foi dizer que está
disposto a fazer em Goiás a ressonância da política defendida pela direção
nacional do partido, que compreende as grandes desigualdades existentes em
nosso país, e que busca trabalhar por um país com mais oportunidades iguais
para todos. Acho que o que de mais importante ouvi no discurso dele foi: “Como
pode uma criança em uma casa onde não tem um banheiro, e não tem comida ter um
bom rendimento na escola”.
Finalmente, o Discurso de Roberto Freire. Tomou o microfone, como um velho
guerreiro que sabe bem manejar a espada, que não teme a batalha, mesmo quando
cercado de inimigos. Já cansado, depois de tanto tempo de pé, ergueu a cabeça,
cumprimentou a todos, falou da felicidade de estar filiando um vice-governador,
falou da necessidade de fazer a boa política, falou da necessidade de se ter
para além da quantidade, qualidade de
lideranças para dirigir o partido. Eu já quase cansado, já não esperava
muito mais. Já achava aquele discurso heroico e que certamente já contrariava
muitos rostos que ouviam; mas Roberto Freire não parou por ai.
Ergueu a sua cabeça, ergueu a sua voz, como quem sabe que o ambiente e o
público não será receptivo às suas palavras e vociferou mais ou menos assim:
“Sei que este momento é festivo mas não podemos deixar de falar em defesa da
democracia”. E continuou com uma crítica dura ao governo Bolsonaro, do
desrespeito que se tem feito à Constituição Federal, das afrontas ao Congresso
Nacional, ao STF e a todas as Instituições do Estado Democrático de Direito.
Conclamou todos a uma grande reflexão, chamou a todos a entenderem de que sem
liberdade, sem democracia a política mesmo, não pode existir. Naquele ambiente,
quase hostil a democracia, Roberto Freire ergueu a sua voz numa crítica dura,
em uma indignação justa disse com voz clara que o Cidadania 23 é um defensor da
Democracia, que o Cidadania 23 não corrobora e não apoia políticas e ideias
nazistas e fascistas que tentam arrastar o país para uma ditadura, para um
regime de exceção, para um governo de uma só pessoa.
Ao final do discurso eu o cumprimentei como um soldado que se sente
liderado em uma guerra, por que na verdade, é nisso que nós todos estamos, em
uma guerra. E todos os dias enfrentamos uma batalha em defesa da democracia, em
defesa dos direitos humanos, da solidariedade humana. A nossa esperança se renovou,
aos 45 minutos do segundo tempo, pois acreditamos que o Cidadania 23 continuará
nas trincheiras da defesa das amplas liberdades democráticas.
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