Lula, o maior Estadista do Brasil desde D. Pedro II. Para a Leitura de Paulo Coelho.

 



Quando Lula foi eleito e 2002, eu estava dirigente do Partido Comunista do Brasil, e jamais vou me esquecer as falas o imortal João Amazonas, um dos maiores pensadores do Brasil que vi de perto, sobre quem era Luiz Inácio Lula da Silva e por que o partido deveria lutar para que aquela eleição de 2002, fosse possível alcançar a vitória. Muitos membros do PC do B, torciam o nariz para a “Carta aos Brasileiros”, publicada naquele ano eleitoral,e João Amazonas e Renato Rabelo, fortalecidos pelas companhias de homens como Haroldo Lima, Aldo Arantes, Aldo Rebelo, para lembrar aqueles nos quais minha atenção se fixou, firmara o pé na defesa do fortalecimento de Lula, contribuindo para o fortalecimento da frente ampla de esquerda que obteve aquela vitória. Entretanto, muito antes daquela vitória, Lula já tinha se colocado como estadista. Seu comportamento durante as “Diretas Já”, a consolidação de sua liderança no campo da esquerda, e sobretudo, seu conceito de vivência da democracia que incluía compreender as relações que estabelecem no Brasil entre a elite e os excluídos, os patrões e empregados, os donos de meio de produção e o proletariado.



Lula, organizou os trabalhadores durante a ditadura militar. Esta percepção de um líder lutando por melhores salários, melhores condições de trabalho, melhores condições de vida é uma questão que me marca quando estudo e leio sobre a biografia de Lula. Não era ideológico. Eles lutavam pelo pão, pela vida, pelo direito de viver. O que tornou a luta de Lula ideológica foi o fato de que os patrões, os donos das fábricas, os donos dos meios de produção não estarem dispostos, não apenas a repartir o lucro, mas não estarem dispostos a conceder uma vida minimamente digna aqueles que para viver precisam que seja vendia seu suor, sua força de trabalho. E Lula pagou o preço por isso, por que quem governava o Brasil naquele momento, estava do lado daqueles que não concebiam que trabalhadores tivessem uma vida digna.



Só no Governo Itamar Franco, parece que Lula e o PT começaram a compreender que havia uma luta maior do que condições dignas de vida, e que condições dignas de vida estavam ligadas a uma luta maior que perpassava conquistar corações e mentes dos brasileiros para uma mudança social, na qual negros, índios, mulheres, e todas as demais minorias pudessem ter o direito de igualdade perante qualquer outro brasileiro. Isso, fica claro na posição que teve Lula e o PT, durante a constituinte e a eleição de Tancredo Neves, e a posição pela qual foi evoluindo até chegar nos dias atuais em um defesa intransigente dos direitos constitucionais, da constituição, da democracia de das liberdades individuais.



Quando chegou no Governo no ano de 2002, Lula já tinha claro o que era o Brasil e os brasileiros. E poderia citar aqui uma série de políticas de combate as desigualdades, como Minha casa, minha Vida, expansão das Universidades, Institutos Federais, Instituição do Prouni. Entretanto, nada foi mais simbólico para minha percepção do que a lei que regulamentou o trabalho das empregadas domésticas, por que nada revela mais o caráter escravista de nosso país do que a relação estabelecida com aqueles que realizam o trabalho doméstico. É impressionante como a classe média e elite não consegue perceber que um trabalhador doméstico é também um ser humano que merece um descanso semanal remunerado, férias, Décimo terceiro e direito a aposentadoria. O caráter escravista desse país aparece no racismo praticado e negado, no machismo que não suporta a igualdade legal entre homens e mulheres e no desprezo para com os índios, quilombolas e outras minorias.

Quando D. Pedro II, permitiu que sua estrutura de Governo proclamassem a Lei áurea, talvez ele já soubesse que os militares retirariam o apoio ao império, e o seu reinado pudesse chegar ao fim, por que a questão militar já estava posta, e a elite, a maioria católicos, também não ficariam satisfeitos, por que, por aqui cristãos, até os dias atuais querem decidir quem pode merecer ter alma ou não. E a Lei Áurea custou a D. Pedro II, seu reinado, sendo a questão religiosa e a questão militar fatores decisivos para proclamação da república. Felizmente, não tiveram coragem de retroceder e a lei áurea permaneceu.

Depois de D. Pedro II, apenas Getúlio Vargas foi o único governante a compreender a complexidade do Brasil, ter coragem e condições de em seu mandato fazer avançar o processo civilizatório no brasil, concedendo o direito ao voto para as mulheres, regulamentando as relações entre capital e trabalho ou entre trabalhadores e patrões. No entanto, Getúlio, em um primeiro momento se apoiou no exército, e, não resistindo às pressões tirou a própria vida. Quando visitei o quarto onde Getúlio se matou com um tiro ainda pude sentir a aura de compromisso com as lutas igualitárias.

Jânio Quadros, talvez tenha tentado, por que por mais que leia muitas biografias de Jânio Quadros, não consigo ver um político hábil, um estadista que tivesse condições de presidir o país, e talvez por isso mesmo, sob a fraqueza de quem governa, os militares preponderam e assumem o poder, seja de forma oculta ou real. Foram mais de vinte anos de Regime, Ditadura ou o nome que apraz chamarem, certo é que fomos governados pelos militares, sem voto direto, se eleições, sem liberdades individuais e onde os direitos dos oprimidos eram suprimidos.

Com a vitória da Democracia em 1989, inicia um novo ciclo no país. E Collor, talvez, tenha sido uma das primeiras vítimas de uma elite que não queria nenhuma mudança, antes dele, me lembro de uma foto de Sarney na veja, sozinho, solitário e dizia a reportagem, sobre como era difícil e foi para Sarney manter a democracia nas circunstâncias que governou. Poucos devem lembrar, sem uma boa pesquisa, das ameaças do General Leônidas Pires Gonçalves, e tantos outros generais. E se Collor durou pouco, Itamar Franco fez uma grande coalizão, um grande acordo nacional que colocando a economia sobre controle elegeu Fernando Henrique Cardoso. E Lula sofreria sua segunda derrota como candidato a presidência.

Derrotado, Lula percorreu todo o país nas Caravanas pela Cidadania. Enquanto isso, FHC governava com aliados como Antônio Carlos Magalhães e Marco Maciel. Precisamos registrar aqui, que foi no Governo FHC, que ocorreu o maior escândalo de Corrupção da História de nossa Jovem Democracia restaurada em 1989. Se você pensa que Lava Jato, única investigação que prendeu um ex presidente da República foi um grande escândalo de Corrupção, atualize. A Lava Jato não está entre os dez maiores escândalos de corrupção no País. Na Super Interessante, uma reportagem dá conta dos dez maiores escândalos de corrupção. Publicado em 04 de Julho de 2018, a Lava Jato sequer aparece. Confira no Link https://super.abril.com.br/mundo-estranho/os-maiores-escandalos-de-corrupcao-do-brasil/gclid=CjwKCAjwoIqhBhAGEiwArXT7K2_itBHW7k6qUedOa_VSqPG_hA40-BSXGzNkw1tB3XXKek9lvzV2ZxoCJR4QAvD_BwE

Eleito, e buscando governar para todos, Lula tornou se alvo. Tornando-se alvo, foi preso. Poderia ter saído do País como o fez D. Pedro II, não saiu. Poderia ter se matado como fez Getúlio Vargas, não se matou. Lula ficou 582 dias preso. Respeitou a constituição, seguiu as regras do judiciário, e o mesmo sistema Judiciário que o condenou devolveu a ele os seus direitos políticos, pelos quais ele se candidatou, se elegeu, e retornou para governar o país pela terceira vez. E não nos esqueçamos, ele elegeu com sua popularidade, a Dilma, duas vezes. Por esta razão, Lula precisa muito mais de 100 dias para colocar o país em ordem, aplacar o ódio que espalhou pelos rincões desta pátria e em todas as famílias. Nós que votamos pela democracia, pela liberdade, pela diminuição das desigualdades, etc não nos esqueçamos que aqueles que espalham o ódio estão vivos, rancorosos e dispostos a tomar o poder de qualquer forma.



A democracia deve ser construída pela vigilância constante, mas também pela paciência e pela luta constante de ideias. Não vejo dúvidas de que Lula é o maior estadista da história do Brasil, o maior estadista da América Latina, e como publicou um amigo no face, um sol que nasceu para brilhar e iluminar caminhos. Ninguém tinha as condições de Lula para vencer o ódio que se estabeleceu neste país, e é preciso que se construa pontes para cuidar do povo, pois apenas cuidando de melhorar a vida do povo, em todos os aspectos, conseguiremos deter o ódio e construir pontes entre os cidadãos novamente.

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