BBB e A FAZENDA: Quem aperta o controle da Televisão?

Acabo de ler no noticiário nota da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, condenando a baixaria na qual se transformou alguns programas da Televisão Aberta no Brasil. Infelizmente, muitas famílias não tem acesso a formas de lazer que não seja os programas televisionados,e premidos pelos problemas do cotidiano muitos encontram no tempo em frente a TV, conforto e força para seguir vivendo. Reconhecido tais dificuldades, e feliz, com o fato de que a sociedade civil organizada começa a se posicionar, é preciso dizer algumas verdades que muitos podem vir a julgar inconvenientes.

Primeira verdade: O sucesso de tais programas reflete a vida na sociedade. Estamos vivendo uma época tão complicada que alguns acham possível combater violência com violência, baixaria com baixaria.Tenho visto e lido blogs que são verdadeiros celeiros da violência. Em revistas semanais, jornais, e em todos os meios de comunicação. No afã da liberdade de imprensa tem-se cometido verdadeira violência contra o ser humano. Eu, quase não vejo TV aberta, mas o tempo todo sinto o poder da agressão de tais programas. Não é possível fugir deles, pois estão nos jornais, nas revistas, nos programas de rádio, nas conversas dos fins de semana, no e-mail, no twitter. Onde quer que você vá, ou o que quer que você faça lá está os programas da TV. A questão é perguntar por que estes programas estão em todos os lugares? Por que são capazes de produzir tanta audiência? Por que vende tanto? Por que recebem tanto patrocínio? E, então, surge a verdade inconveniente. Ele reflete a vida que vivemos. Outro dia vi uma reportagem que comparava os escândalos da vida real ao programa BBB, e quem escreveu dizia: São dias difíceis para o BBB. a concorrência está desleal, pois os escândalos na vida real estão roubando a cena. A questão é que é essa a verdade. Na vida real as coisas estão tomando proporções inimagináveis. Mulheres contam com orgulho que estão a trair o marido, e estes fazem o mesmo. O falso moralismo está contagiando a todos.

Segunda verdade: Vivemos no tempo das verdades rápidas, da vida enlatada, da solução pronta. hoje, tudo está pronto, inclusive a emoção que se gostaria de viver. Portanto, não é preciso mais sentar e conversar com o parceiro em casa calmamente. O tempo todo o celular tem estar ligado, a tv ligada, o computador ligado. Já não se vive mais sozinho, já não se vive mais com o outro, vive-se com o mundo todo em uma solidão coletiva. Chegamos a isso não apenas pelo eclipse da razão, pela alienação desenfreada, mas, sobretudo pelo eclipse da Moral. Finalmente cumpre-se a profecia de Rui Barbosa. Hoje, é difícil, vergonhoso e prejudicial a carreira profissional apostar em uma vida de honestidade, de sinceridade de propósitos.

Terceria e última verdade inconveniente. O Dinheiro se transformou no Deus todo Poderoso. Vivemos em uma época em que tudo é feito pelo dinheiro. Outro dia questionei uma moça - linda e ótimo partido por sinal - por que ela queria se casar, por que queria ter filhos, enfim, por que queria mudar seu status social. Minha pergunta era tão somente para que refletisse sobre as responsabilidades da vida a dois. Por trás da pergunta eu esperava como resposta - Eu quero cuidar de alguem, e receber cuidados, quero viver acompanhada, dividir, compartilhar. Não tive resposta, ficou irada. É assim, as pessoas querem casar, mas querem continuar tendo tempo unicamente para si; tempo para ganhar dinheiro, tempo para....etc. Nunca tempo para estar com o outro, para viver com o outro, para crescer junto. Homens e mulheres decidem ser pais e mães para alavancar a carreira profissional, sem ao menos procurar informação sobre como é a vida de pai, e mãe nos dias atuais. Tudo se transformou em meio, meio para melhorar de vida, conseguir conforto, dinheiro, prazer enlatado. Até mesmo a religião é buscada como meio de negociar com Deus uma vida melhor. E está cheio de cultos por ai, buscando benção para que se ganhe mais e mais dinheiro. O BBB oferece um milhão. E eis que o telespectador se sente ganhador do prêmio, sente-se totalmente representado, mesmo que ao final, ele ficou mais pobre em todos os sentidos.


É razoável que os intelectuais se pronunciem, que a sociedade civil se posicione. Importante mais ainda é que se invista na verdadeira educação. É preciso que a família, a escola, a Universidade se debruce na compreensão da vida atual. Não é a extinção do BBB que resolverá todos os nossos problemas - embora ele deva ser extinto - ; o que pode resolver os nossos problemas é cuidar das novas gerações. Pensar um novo modelo de sociedade, de educação. Encontrar o sentido para a vida nos dias atuais. Quando os governos investirem neste rumo, quando a educação for a prioridade, quando as famílias forem protegidas, descobrir-se-á que toda Televisão tem um controle remoto, que para ligar a tv, alguém tem de escolher.

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