O ERRO DA PROFESSORA RAQUEL TEIXEIRA, A MERITOCRACIA E A POLÍTICA DOS CORONÉIS
Quero acreditar que a política de Meritocracia do Governo Marconi vai funcionar. Acreditar nisso significa acreditar que muitos jovens estudiosos do interior, que com lágrimas e esforço conseguem passar em um concurso não serão demitidos por perseguição política, e, melhor ainda terão a oportunidade de ocupar cargos de gerências ou outros mais, e melhores por todos os cantos do Estado. Porque quero tanto acreditar nisso? Por que eu fui vítima de perseguição política por anos pelos coronéis deste estado. Homens que não aceitam em hipótese nenhum o filho de um “agregado” conseguir algum espaço na sociedade.
No ano de 1994 comecei a enfrentar dura perseguição política dos lacaios do PMDB na cidade de Divinópolis de Goiás. Eu era jovem, destemido e disposto a não aceitar tanta injustiça que se fazia por todos os cantos do município. Cestas básicas eram utilizadas para aterrorizar as pessoas; emprego, casas, lotes eram utilizados para comprar votos. Os ricos pareciam donos da cidade. Abusavam das “meninas” do povo. Sim, os jovens filhos dos ricos tratavam os vindos do povo como verdadeiros escravos que tinham que lhes servir a qualquer preço. Fiz concurso para a Secretaria Estadual de Educação, pensando assim estar livre da influência de tais homens e poder fazer alguma coisa por tanta gente tão sofrida.
Fui perseguido, vilipendiado, e quando passei no vestibular para fazer curso de graduação em Pedagogia na Cidade de Arraias no Tocantins, para inviabilizar a continuidade dos meus estudos os “coronéis” da cidade fizeram de tudo para impedir que eu fosse transferido para a cidade de Campos Belos. Contei na época com o grande apoio do Prefeito de Monte Alegre, ( José da Covanca), a diretora de um Colégio Estadual em Campos Belos ( Naldina Marques), um vereador do próprio PMDB ( José Cândido), e o vice-prefeito também do PMDB ( Anjo Galvão - in memoriam). Depois de muita luta para eu fui transferido. A perseguição, no entanto, não acabou.
O professor Rosolindo Neto, lacaio dos Coronéis do Nordeste Goiano se encarregou de continuar a cruzada contra mim. Como delegado regional de educação e professor universitário passou a vigiar-me da forma mais cruel e covarde que alguém possa fazer. Na eleição de Marconi no ano de 1998, para contrariedade de muitos que me defenderam resolvi apoiar Marconi, juntamente com um grupo enorme de jovens que certamente fomos os responsáveis por divulgar o nome de Marconi no naquele rincão do nordeste, pois até o início do segundo turno todos os “coronéis” de oposição e ou situação estavam “unidos” para eleger Iris. Qual não foi a nossa tristeza ao ver todos aqueles lacaios apoiarem Marconi no segundo turno, ocupando os espaços, fazendo-se donos do voto do povo.
Filiado ao PC do B ( Partido Comunista do Brasil), guardei ainda alguma esperança de poder desfrutar da nova era que seria iniciada por Marconi. Foi engano, tristeza e melancolia. Quando tomou posse, o novo governador tratou de atender apenas os coronéis. Vendo tudo se perder lutei para conclui o curso de graduação e entrar para um mestrado no intuito de continuar o processo de qualificação para melhor servir a sociedade, pois, depois de inúmeras tentativas para que eu fosse nomeado Chefe do Departamento Pedagógico, entendi que aquela luta estava perdida.
No ano de 1999, já concursado como professor efetivo de nível III, fui aprovado na seleção do Mestrado da Universidade Federal de Goiás. Tudo que eu precisava era de uma licença para qualificação, ou mesmo, por interesse particular para que eu pudesse realizar o curso do mestrado. Uma vez mais estivemos por um sem número de vezes em romaria a sala da professora Raquel Teixeira em busca de uma solução. Tudo foi um fracasso unicamente por que Rosolindo Neto tinha a plena confiança da professora Raquel e dos poderosos do Governo. Fiz opção pelo mestrado e abandonei algo que para mim era tão importante, a condição de servidor público.
Segui outros caminhos, conclui o mestrado, hoje, estou no Doutorado em Educação. Tem muitas outras histórias que terminaram com os seus atores bebendo cachaça em algum bar, caído em alguma calçada, lares desfeitos, apenas por que o governo do Estado tinha plena consciência na palavra de uns coronéizinhos do interior. Sei que nada mudou tanto. Tenho amigos, colegas na cidade de Campos Belos, Divinópolis, Monte Alegre, Cavalcante, Terezinha, Posse, Alvorada, Simolândia e outros mais que continuam sofrendo perseguição. Em Campos Belos, um amigo em estágio probatório na Universidade Estadual de Goiás vive com medo, pisando em ovos devido ao modo do todo poderoso Rosolindo Neto Administrar a UEG.E ele, creio não ser o único ali.
Outro dia deparei-me com a professora Raquel no Twitter. Toquei no assunto do passado, não por que eu tenha mágoas mas por que o momento foi oportuno. Ela se assombrou pelo erro cometido por ela. Imagina, ela, que tanto é a favor que as pessoas se qualifiquem. Sim, ela, ela assinou minha exoneração enquanto que fazia mestrado. Eu sei que ela o fez por que confiava cegamente em um coronel do interior. Por tudo isso, torço para que o processo de Meritocracia dê certo. Em um estado tão pequeno a qualidade de vida de todos não vai melhorar enquanto nossos melhores quadros forem deixados de lado, perseguidos, vilipendiados.
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