Indignação seletiva - a voz dos imbecis
É
verdade que com o advento das redes sociais muitos que não tinha voz passaram a
ter. E concordo com Zigmut Baumam que a internet concedeu voz a um número
enorme de imbecis que antes só batiam palmas nos discursos no centro da cidade
ou nas igrejas. Em tempos assim é bom tentar definir alguns sinais se aquela
postagem que aparece em seu feed é uma indignação moral que vale a pena ser
lida ou é apenas um desabafo de algum imbecil alienado e doente. Então vamos
lá:
1.
Indignação não é revolta, embora seja
sinônimos. Indignação é um ato moral de alguém que de forma autônoma,
consciente, se recusa a aceitar algum ato ou fato como sendo normal e motivado
por um profundo respeito a vida e a dignidade humana. Por exemplo, se uma
pessoa defende uma pessoa que provocou danos a vida humana e a coletividade e
no dia seguinte, por alguma razão sai em defesa de outro pessoa que cometeu o
mesmo crime ( indignação seletiva), denota que na verdade esta pessoa não está
indignada e sim que ela faz parte de uma facção.
2.
A indignação como ato moral é um ato
consciente. Isso significa que a pessoa precisa por si mesmo analisar a
situação e ser capaz de compreender os fatos. Fora disso, a pessoa está reproduzindo
a consciência ou verdade de outro. Então não é indignação. É fé, é fanatismo.
3.
A indignação como ato moral pressupõe
autonomia. Isso significa que a pessoa que sai por ai distribuindo folhetos,
pedindo dinheiro para manifestações e se obriga a seguir regras impostas por
outros, é qualquer coisa menos indignação como ato moral.
4.
A indignação como ato moral pressupõe
responsabilidade. Capacidade de assumir responsabilidades está diretamente
ligado a questão da autonomia, mas, aqui tem também o significado de ser capaz
de ser dono de si. Não tem responsabilidade ou capacidade de tomar decisões o
filho que vive dependente do pai, a mulher dependente do marido ou vice-versa,
etc. Funcionários públicos que protestam por medo de perder o emprego não
deveriam ser levados a sério. Da mesma forma, militantes pagos não são sujeitos
morais. E pode ser incluído, mesmo, empresários que protestam unicamente
movidos por interesses financeiros.
5.
Por fim indignação como ato moral – ato consciente,
responsável, autônomo – é movido por princípios e valores. Nesse caso os
princípios elevados do respeito a vida como valor sagrado e a humanidade toda
como sendo uma mesma família. Foi esta a indignação de Martim Luther King,
Mahatma Gandi e todos aqueles que de fato lutaram por um mundo melhor.
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