Júnior do Friboi: os primeiros movimentos de um desconhecido.

Nelson Soares dos Santos

Existe uma certa desconfiança das lideranças políticas quando um cidadão bem sucedido profissionalmente ou na vida empresarial resolve tentar uma carreira política. Este fato não é uma coisa inerente apenas ao Brasil e a Goiás, mas ao mundo inteiro. Nos E.U.A, por exemplo, milionários já tentaram por diversas vezes serem candidatos a presidência da república mas, sem sucesso. Mesmo quando ambicionam apenas se tornarem membros do Senado, encontram dificuldades intransponíveis. Do outro lado, artista, atores, e, atrizes pavimentam o mesmo caminho com facilidade, tendo por lá, até mesmo um ator de filmes, nem tão bom assim, chegado a presidir o país.
No Brasil, a situação não é tão diferente. Não conheço nenhum estado importante que tenha sido governado por um grande empresário. Em São Paulo, o exemplo mais intrigante é o de Antônio Ermírio de Moraes, que mesmo sendo oriundo de uma família tradicional nunca conseguiu se emplacar como político, embora dono de uma reputação social admirada por todas as lideranças políticas. Na última eleição, um ex-presidente da poderosa FIESP, amargou números ínfimos nas pesquisas como candidato a Governador de São Paulo. O mais perto que um grande Empresário chegou ao poder no Brasil foi com José de Alencar, que se tornou vice presidente na chapa de Lula, em um movimento inusitado de aliança com forças representantes dos trabalhadores.
Em Goiás, alguns grandes empresários já são presentes na cena política. Sandro Mabel é um exemplo considerado de sucesso, embora, nunca tenha conseguido ir além de Deputado Federal. Vanderlam Cardoso, com uma gestão altamente aprovada como prefeito de uma cidade da região Metropolitana ( Senador Canedo), não conseguiu ocupar os espaços pretendidos ainda no cenário político estadual. Para tentar entender as dificuldades enfrentadas por estes “bons” homens precisamos tentar entender as diferenças entre as relações políticas e comerciais.
A principal questão que precisa ser aceita e compreendida é que as relações políticas são completamente diferentes das relações comerciais. Nas primeiras, ocorre uma relação de poder entre as pessoas, onde ser ou se tornar poderoso depende de como ( isso na democracia), cada pessoa esteja disposto de alienar sua identidade aquele que considera digno de ser seu representante. É um processo feito no escuro, uma aposta cuja decisão é de foro íntimo, e, portanto moral. Nas relações comerciais as relações são estabelecidas principalmente pela necessidade. Um comerciante faz negócios com outro pela necessidade de aumentar o seu lucro e de acordo com as possibilidades que o outro tem de oferecer chances deste lucro acontecer. Não é preciso necessariamente identificação, alienação, adesão íntima; apenas a certeza que os parâmetros acertados no negócio serão cumpridos. Mesmo quanto a credibilidade e confiança torna-se um tanto impessoal, pois ambas as partes conta com a possibilidade de buscar no Estado a proteção contra a quebra de contrato.  Na política, a única garantia é a confiança que se passa de identidade a identidade, de pessoa a pessoa, daí, por que e mais ainda na democracia, na política o individuo precisas ser aprovado pela maioria dos cidadãos e, portanto, estabelecer um contrato de confiança com cada um deles.
Nas relações comerciais o individuo relaciona-se sempre com seus iguais. Quando precisa entrar em contato com classes inferior e ou superior a si mesmo contrata executivos, e ou  profissionais. Poucos são os empresários que possuem contatos diretos com seus funcionários, sobretudo, aqueles mais simples e que realizam o trabalho mais pesado das empresas. Duvido quantos grandes empresários sabem o nome da faxineira que limpa o seu próprio escritório. Muitos, sequer sabem como vivem a empregada doméstica que cuidas dos seus filhos. Na política existe uma exigência de conhecimento da situação na qual vive as pessoas, e, costumeiramente o cidadão tende a votar naquele que compartilha com sinceridade, mesmo que por alguns momentos, da situação nas quais ele vive.
Por todas estas questões os movimentos de Júnior do Friboi não devem ser menosprezados. Primeiro por que suas primeiras tentativas de entrar na política pela mão dos grandes líderes políticos foram fracassadas o que o levou a entender que este não era o caminho possível. Sendo assim, seu primeiro movimento, na sua nova tentativa, foi assumir o controle de um partido, no qual ele tivesse voz decisiva, ou mesmo soasse como tendo força suficiente de decisão quanto teria em uma  empresa sua. A escolha do PSB, embora revele certo desprezo pelas ideologias partidárias,  - e  será difícil um empresário milionários convencer o mais leigo dos eleitores que se tornou um socialista; poda dar certo na medida em que ele conseguir desvencilhar seu pensamento de empresário para o seu pensamento de governança política e se diferenciar dos líderes tradicionais Marconi e Iris.
O segundo movimento que tem sido feito pelo empresário foi começar a conversar com lideranças do interior, apresentando-se de forma humilde, expondo suas idéias, e é claro, investindo nas lideranças que podem a vir serem eleitas em 2012. Aliado a isso, faz um movimento sutil de distanciamento dos políticos tradicionais, sobretudo, Iris e Marconi, tentando se colocar como a possibilidade de uma terceira alternativa. Movimento de sucesso semelhante foi feito  por empresários nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde em ambos os estados que possuem características semelhantes ao Estado de Goiás, lograram êxito na empreitada. Inclusive, em um dos estados, o partido escolhido também foi um partido socialista, no caso o PPS.
Movimento não tão sutil, tem feito o empresário no terreno do Marketing e da mídia. Aos poucos, começa a se notar, aqui e ali, artigos favoráveis, análises marqueteiras, que o bom leitor percebe que não se trata de nenhuma notícia, nem tão pouco uma analise isenta. (Não é o caso do editor deste que nunca esteve na presença do empresário). As análises que aparecem nos jornais, vai mostrando na verdade quem poderá ser os aliados do empresário no terreno intelectual e na mídia formadora de opinião, hoje, dominada por Iristas e Marconistas.
Não tenho dúvida de que os movimentos do empresário tem sido acompanhadas por lideranças de todos os Partidos em Goiás. As suas movimentações, certamente, apressou as movimentações de outros pré-candidatos a Governador em 2014, diga-se, Rubens Otoni e Vanderlan Cardoso. Entende-se, portanto que a batalha de 2014, já começou, todos sabem disso, mas é preciso fingir que o que está em jogo é apenas 2012. Do lado do Governador Marconi, não lhe resta muitas estratégias senão fazer um governo arrojado, desenvolvimentista e atrair uma alta competitividade empresarial para o estado, esta, pode realmente ser a forma mais inteligente de combater o futuro crescimento de um grande empresário na política  - fazer da política uma grande empresa a serviço de todos.
De resto, pode se entender que os movimentos de Júnior do Friboi já começam a serem bons para Goiás. De um lado, mostra a Rubens Otoni e Vanderlan Cardoso que precisa investir verdadeiramente nas lideranças já em 2012, de outro, mostra ao Governo que precisa levar a meritocracia a sério e combiná-la com uma política de respeito e inclusão do outro nos processos sociais. Uma coisa é certa: os movimentos do empresário não podem ser menosprezados e não estão sendo. Será uma batalha boa de se ver, na qual a conscientização política do povo pode levar a um salto de qualidade na democracia goiana.


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