Iris e Marconi x Alexandre e Dario – As surpresas que podem vir em 2014
Nelson Soares dos Santos
Olhar para a história pode, as vezes, nos ajudar entender o presente e até a prever o futuro. Não costumou olhar para a história da mesma forma que fazem os historiadores ou pelo menos uma grande parte deles. Olho de forma anacrônica buscando relações que ainda não foram feitas, explicações para fatos em outros fatos menos importantes. Hoje, lendo os jornais e vendo as notícias, do nada me veio a mente um fato histórico e ainda por nada diversas outras cenas começaram a se desenrolar em minha mente.
Primeiro vi nos jornais as notícias sobre a UEG e o processo de reformulação, depois vi algumas coisas sobre a malfadada reforma neoliberal de Thiago Peixoto na Educação Básica; as comemorações do Secretário de Cultura do sucesso do Fórum Estadual de Cultura; o gabarito da Meritocracia. Parece um apanhado de notícias boas se olhadas do lado de um governista esperançoso de que tudo vai dar certo no final. Nas páginas seguintes dos jornais estampava a guerra fatricida que se estabeleceu no PMDB, e na página seguinte cinco rostos de goianos que estão entre os mais prestigiados do Congresso Nacional. Tudo isso fez com que nascesse um enredo moderno e atual de uma guerra do passado que mais que uma guerra entre dois exércitos eu sempre a vejo como a guerra entre dois homens.
Tudo começou bem antes do pai de Alexandre o Grande morrer. Felipe o grande segundo um H. G. Wells ao ensinar Alexandre as agruras de ser rei foi questionado por que não juntava um exército e marchava contra os Persas para derrotá-los. Felipe ficou nervoso, reagiu, e encerrou a história por ali mesmo sem dar grandes explicações. Para complicar a situação, ao desposar uma nova esposa, na festa de casamento Alexandre foi tratado como filho bastardo. No coração de Alexandre estava postas as sementes para desejar superar o pai, expandir o império e conquistar aquilo que o pai temeu conquistar.
Ao assumir o lugar do pai, Alexandre não se contenta e não se sente ser imperador. É como se não quisesse herdar e quisesse ser um conquistador. Discípulo que fora de Aristóteles, sabia que as virtudes se aprendiam pelo hábito e via em cada batalha uma oportunidade de aprendizagem. Em Gargamelos, diante do Rei Dario, Alexandre estava disposto a ser mais do que ele mesmo acreditar ser, e, acreditar em seus soldados e generais que sendo estes homens livres seriam capazes de expressar uma vontade capaz de surpreender até mesmo um grande Rei como Dario.
O plano de vencer o Exército de Dario surpreendendo-o pela vontade e velocidade, quebrando-o pelo flanco esquerdo estava a poucos metros de dar a Alexandre a vitória absoluta. Dario estava diante dele, quando ouve gritos de socorro avisando que a outra parte do seu exército estava sendo esmagada. Tendo que decidir entre salvar os seus homens ou matar Dario, Alexandre decide abandonar seus planos iniciais e vê Dario fugindo diante dos seus olhos e perdendo ali a oportunidade de ter uma vitória absoluta. Jura, então, o macedônio de que não descansaria enquanto não encontrasse Dario e o matasse com suas próprias mãos.
Após a batalha o império macedônio se expandiu de forma extraordinária, no entanto, Alexandre vivia obstinado, obcecado, afinal, não alcançara seu objetivo de matar Dario com suas próprias mãos. Tempos depois, segundo a história, Dario é encontrado de forma frágil, é morto, não dando a Alexandre a oportunidade de luta que ele desejava. No final, em honra a Dario a quem tanto respeitava, Alexandre passou a usar até mesmo o seu anel, e sua tiara símbolo do poder do império persa, e, ainda casou-se com Roxana uma Bactriana.
Por que os jornais me fizeram vir a memória acontecimentos tão distantes? A história de Iris e Marconi é muita mais que a história de dois políticos em busca de honra e glória, é a história de dois homens obstinados pela vitória e pela grandeza, e, que se medem um pelo outro. E talvez este seja ou venha a ser o grande erro de Marconi. Em 1998, quando venceu Iris a primeira vez, todos acreditaram que o velho guerreiro estava completamente derrotado. Penso que até mesmo Iris chegou a pensar que seu tempo na política havia terminado.Recolheu-se na sua fazenda, ficou por lá quase dois anos em silêncio, pouco falava, recebia poucas pessoas. Vendo seu exército sendo massacrado o velho Iris voltou para as trincheiras, percorreu o estado inteiro, reorganizou forças; tentou uma aliança com o PT, e, rejeitado, lançou-se solitário e desacreditado candidato a prefeito da Capital. Surpreendeu a todos, venceu, e parece ter ensinado uma lição cara aos seus adversários: nunca se deve subestimar um grande líder.
Do outro lado, Marconi via-se as tramas para escolher seu sucessor, e já passara pelo incômodo de ter que disputar o governo como Demóstenes Torres, vendo o PFL dividido e tendo que conviver com adversários e inimigos declarados em sua própria base. No mandado seguinte, ao passar o mandato ao vice Alcides Rodrigues, teve de contemplar seus homens de confiança defenestrados do governo, sua base enfraquecida, e no final, o seu sucessor aliado a Iris Rezende no intuito de derrotá-lo. Marconi atingiu o exército Irista pelo flanco esquerdo, mas pagou o preço de dividir o exército para fazê-lo.
No novo confronto que no momento se descortina, Marconi parece ter se obstinado a destruir completamente Iris Rezende e seu legado político. Primeiro, enfraqueceu-o na batalha cooptando alguns aliados fortes ( Thiago Peixoto, Francisco Junior, etc); vencida a batalha eleitoral consumou-se a cooptação ( o casamento com Roxana); entregando a Secretaria de Educação praticamente de porteira fechada ao neo-governista e atendendo generosamente os demais neo-governistas com “pedaços do reino”.
De tal casamento e andanças do nosso Alexandre já surge um filho que não é macedônio, e a quem muitos já consideram que pode ser o país de seu novo lar. O filho chama-se PSD, e já há quem especule que Marconi pode deixar o PSDB e estabelecer a capital no país onde vive seus herdeiros. O problema é que Marconi tem suas vitórias creditadas não somente a ele, mas a seus velhos e antigos generais, e, mesmos os novos que com ele estudou e aprendeu da vida já não vêem com tanta confiança que pode tirar de suas mãos o futuro do império construído. A obsessão por vencer o velho guerreiro planta as sementes de uma guerra que cresce em seu próprio chão. No entanto, não se cansa o processo de fustigamento e destruição do PMDB continua com todas as forças mantendo sempre o discurso de que o problema do PMDB é ser dirigido por Iris. O que não se vê, porém, é que muitos dos que ajudaram a dar a Marconi a vitória estão ficando abandonados para que seja dado lugar aos “novos companheiros”, que oxalá tenha as qualidades de lealdade e fidelidades esperadas. Quem tem motivos para trair, terá motivos sempre e todos os motivos terão justificativas lógicas para quem quiser nelas crer.
Na obstinação de isolar totalmente Iris Rezende, Marconi está deixando o flanco direito do seu exército desprotegido, perseguindo diuturnamente o velho lobo deixa seu exército cansado; cooptando gente de baixa qualidade diminui as provisões dos seus velhos aliados e planta as sementes de uma grande destruição. O império de Marconi como o de Alexandre pode acabar cedo, em 2014, em vez de conquistar o mundo ( a presidência do Brasil), pode acabar vendo seu reino todo dividido e passar a história como um jovem intrépido, inteligente, de grande estratégia política mas que não soube a hora de parar de perseguir um velho e cansado general. Marconi precisa esquecer que Iris derrotou Santillo, e contentar-se em seguir adiante. Não importa o quão grande Marconi seja, Iris venceu Santillo, e isso não será mudado.
Boa noite professor,meu nome é Eliane do 1° período de administração, particularmente achei muito 'bacana" este texto. Ele deixa claro que as divergências devem ser esquecidas para que o processo de desenvolvimento seja continuo, coisa que não vem acontecendo a muito tempo no nosso país, apesar de ter atingido algumas metas, contudo está muito longe de alcançarmos o objetivo coletivo para o bem de um todo.
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