Visão do Passado
Nelson Soares dos Santos
Estou deitado, sinto frio. E quase nada de amor.
Eu olho. Vejo o passado. Mergulhado na escuridão.
Negros suados, sem camisa, soltando gritos de dor.
Parece cenas horrendas, do tempo da escravidão.
Nas ruas, mulheres andam suaves
Flertando o homem que passa.
E eu nesta pequena nave....
Sentindo o peso da massa.
É a história que sobre minha alma.
Despeja o peso do tempo e da emoção.
E as negras, com as tetas em suas palmas.
E os homens, com espinhos no coração.
Um tempo de ruas vazias.
De cavalos e carruagens.
Um tempo sem alegria...
Para os negros destas paragens.
Eu. Deitado. Sinto frio. E quase nada de amor.
Olho. Vejo ao longe um grande rio.
E uma carga de amargura e dor...
Transportada como um desafio.
São Paulo, 10 de dezembro de 2011, no Hotel Bourbom Convention Ibirapuera. 06 horas da manha.
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