O proletariado da corrupção - Como funciona a rede corrupção no pequeno mundo dos ambiciosos imbecis.
Quando se vê na mídia os grandes escândalos de corrupção fico pensando como é possível um deputado, senador, governador, aliciar e corromper tanta gente envolvendo-os em um emaranhado de corrupção que pode acabar em uma prisão, perda da liberdade, ou no mínimo se comprometer com a desonestidade. Não é difícil imaginar que para desviar dinheiro público, superfaturar kit de robóticas, desviar dinheiro da saúde, educação, merenda escolar, é preciso envolver um sem número de pessoas.
Pensemos no caso da educação. Para se desviar o dinheiro da educação é preciso envolver diretamente o diretor da escola, o secretário de Educação, o prefeito, e as pessoas envolvidas no processo de prestação de serviços. Caso qualquer um desta corrente se recuse a participar do processo de desvio, é preciso que seja demitido e colocado outro no lugar. Além destes porém, existem os auxiliares que tudo presenciando, optam por ficar calados e deixar o sangramento acontecer no dinheiro público. No caso da saúde é a mesma complexidade. Diretor de hospital, secretário de saúde, médicos, administradores, comissão de prestação de contas, etc. Afinal por que tanta gente se corrompe? Na verdade, estamos falando aqui dos operários, proletariado da corrupção. São aqueles que são explorados para fazer constituir uma grande corrente de corrupção.
No judiciário, é mais complexo ainda. Para um processo não andar é preciso corromper o juiz, a escrivaninha, todo o gabinete, o cartório, e até mesmo o advogado da parte indefesa. Neste caso eu mesmo tenho experiência. Um processo meu ficou dez anos na primeira instância, passou pelas mãos de quatro juízes e nenhum decidiu pelo cumprimento da sentença. Apenas depois de uma denúncia do juiz na corregedoria é que houve uma decisão no processo a partir da qual foi possível entrar com recurso no tribunal, e então em dois anos, o processo andou mais que em vinte anos. Como isso aconteceu? O Juiz repetia os prazos para a prefeitura mesmo quando esta não correspondia. O oficial de justiça não achava o prefeito para fazer a intimação mesmo sendo uma pequena cidade. Entre erros e erros o processo ia e voltava em um movimento sem fim e sem nenhuma utilidade.
O proletariado da corrupção não ganha muito. Estão na ponta e dificilmente se enriquecem. Fazem o que fazem por medo, preguiça, falta de coragem ou mesmo um falta de caráter viciante que os leva a temer sempre o pior se fizerem o que é correto que é não aceitar ordens de corruptos que são absurdas. Quase sempre, este proletariado da corrupção vive a margem, com medo de serem chantageados, com medo de serem denunciados, pois até que se prove que um desvio de dinheiro do mais pequeno ao mais alto, chegue ao mandante, é quase impossível. O proletariado da corrupção é aquele homem que anda de cabeça baixa, envergonhado, não olha ninguém nos olhos por que sabe que vive em um esgoto moral interminável por mais que na Igreja seja o pastor ou o ministro da Eucaristia.
O combate a corrupção só vai ter sucesso se também combater o proletariado da corrupção. Além deles tem aquela corrente externa, sem nome, sem telefone, que fazem reuniões de bastidores, intermeia encontros e recebem pro labore para carregar as malas de dinheiro. Respondem geralmente pelo titulo de lobistas, consultores, assessores ( no caso da robótica), e geralmente, são os primeiros a serem achados pela polícia. Quando achados, geralmente são presos e esquecidos na prisão. É provável que alguns deles se tornem mais tarde, relações públicas e diplomatas do tráfico, do crime organizado e da vida marginal.
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