O governo, o Sintego, O MPG e a Teoria da Curvatura da Vara
Nelson Soares dos Santos
A Educação Goiana
carece de um grave problema – quem decide a educação não
entende de educação. É por isso mesmo, e por que
pretendo que eles entendam este artigo, vou começar explicando
o que é a teoria da curvatura da vara. É uma teoria
aparentemente simples, criada por Lenin, e utilizada por Demerval
Saviani em seu livro “Escola e Democracia”, ficou conhecida entre
os educadores por ilustrar a dificuldade de se fazer uma escola
democrática. Segundo a teoria, quando uma vara entorta para um
lado não é necessário apenas endireitá-la,
é preciso entortá-la para o outro lado para que, uma
vez ao soltá-la, ela retorne ao ponto de equilíbrio. Na essência, depois de avaliar todas as teorias pedagógicas, o autor procura mostrar que não existe neutralidade política no ato educativo e, que educação e política estão unidas na definição de um projeto de sociedade. O que tem, no entanto, isso a ver com a Educação Goiana
na sua fase atual?
A educação Goiana hoje, tem três atores que se enfrentam. O Sintego, O MPG, e o Governo
do Estado. Cada um deles julga ter uma visão de como deve ser
a escola, e os dois primeiros não reconhecem o terceiro como
ator legítimo para discutir os rumos da escola. Acontece que o
MPG ( Mobilização dos Professores de Goiás), é
justamente o único dos três que possui a simpatia da
sociedade civil goiana,e de fato, composto pela classe dos professores. Foi o MPG que puxou a greve, foi o MPG que
manteve a greve por cinquenta dias vencendo o sintego em sucessivas
assembléias, e, é o MPG que está se sentindo
traído pelas recentes declarações do Governo de
que não aceitou negociar a volta da titularidade. Ou seja, no
final, a verdade é que o sintego compõe com o governo e
o MPG é a verdadeira oposição ao pacto pela
Educação.
O MPG, é um movimento nascido
nas redes sociais. Seus principais líderes, orgulham-se de não
serem de nenhum partido político, e estão preocupados
apenas com os rumos da educação. É ai que entra
a necessidade de entender o livrinho de Saviani e a teoria da
Curvatura da vara. O que o MPG não entendeu é que a
proposta de “Pacto pela Educação” do Governo, e que
tem o apoio velado do Sintego é uma proposta política,
apoiada em partidos políticos, em uma ideologia política,
e, pior, com objetivos políticos. O MPG precisa aprender com
Saviani que não existe neutralidade política nas
questões educacionais, simplesmente, por que Educação
e Sociedade são indissociáveis. Achar e querer
neutralidade política é ajudar a reforçar a
ideologia dominante de que tudo está certo e a ordem precisa
ser mantida a qualquer preço. É preciso aprender ainda,
sobre a violência simbólica ( no caso do corte dos
pontos dos professores, nem simbólica mais, pois fere o
direito de greve); é preciso refletir sobre o papel da escola
como aparelho ideológico de estado, e, colocado a serviço
das classes dominantes.
O MPG precisa aceitar o desafio do
Governador. Retesar a vara, fazer a revolução. Já
não existe mais outro caminho. A forma como o fim da greve foi
encarado não é uma afronta apenas aos professores, e
sim, aos mais de 600 mil alunos e todos os seus familiares. Toda a
sociedade precisa refletir se é assim mesmo que quer tratar
seus educadores. A resposta plausível é a
conscientização dos pais, familiares, alunos, e todos
aqueles que sabidamente conhecem o valor da educação.
Repito, o conhecimento não se toma a força. O
conhecimento se conquista motivando ou se fazendo merecer.
Professores revoltados em sala de aula não irá ajudar a
sociedade a ser melhor, e por isso, o MPG precisa de toda serenidade
neste momento, para controlar os ânimos e transformar a derrota
em vitória. Compreendendo o livrinho do Saviani, logo logo,
todos os educadores goianos verão quem tem a força e o
poder, e a relação que existe entre Educação
e Sociedade.
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