O que Marconi não aprendeu: Iris Rzende Machado e a Greve que nunca terminou:.
Nelson Soares dos Santos
Quando Iris Rezende Machado assumiu o
Governo no ano pós-ditadura os salários dos professores
estavam atrasados seis meses. Ele negociou, os professores foram para
a sala de aula e o governador caiu nas graças do funcionalismo
público. Foi assim que Iris se consolidou como liderança
política em Goiás. Tempos depois, no segundo governo,
tendo como secretária Terezinha, o Governador enfrentou uma
greve longa. A secretária agiu com mão de ferro, cortou
ponto, não pagou reposição, demitiu professores.
O Governador não negociou com os grevistas, a greve acabou,
diversos professores, de tão revoltados adoeceram, outros,
nunca mais foram os mesmos; e Iris Rezende, bem este, todo mundo
sabe, nunca mais se elegeu Governador.
Dez anos depois, a história
se repete novamente. Eu já afirmei diversas vezes neste blog,
que Marconi é muito, mas muito parecido com Iris Rezende
Machado, até mesmo nos erros que comete. Marconi repetiu Iris
ao cooptar adversários e esquecer aliados de primeira hora;
Marconi repetiu Iris ao eleger um poste para sucedê-lo (
cidinho tinha 5% quando foi escolhido e no caso de Iris, Maguito
tanto quanto Santillo tinha bem mais luz própria); e agora
Marconi repete Iris na forma como se lida com o funcionalismo
público. A greve dos professores de Goiás, ao contrário
do que possa parecer, não acabou, e está longe de
acabar. Na época da Terezinha muitos professores abandonaram
a carreira, inclusive para se tornarem camelôs; outros,
tornaram-se alcoolátricos ( conheço alguns casos que
nunca mais se recuperaram); outros ainda, mudaram de estado, foram
para iniciativa privada e abriu um buraco imenso com a falta de
profissionais. Tudo indica que a situação novamente vai
se repetir.
Thiago Peixoto e o Governador pensa
que venceu a batalha. Não sabem eles que conhecimento é
a única mercadoria que não se toma a força.
Conhecimento só se transmite quando se tem vontade, de quem
pode transmitir e de que precisa receber. E por este motivo é
que pode se dizer que a greve dos professores não acabou.
Mesmo aqueles que não estavam parados já estavam em
greve, pois se sabe que a revolta do que estão trabalhando é
enorme. Obrigar um professor a ficar em sala de aula não dá
nenhuma garantia de que ele vá ensinar, nem mesmo se o próprio
governador e Secretário for vigiá-los, uma vez que
ambos, com certeza, não domina todas as especialidades.
Para piorar a situação,
o clima nas escolas vai estar totalmente inviável para a
produção e transmissão do conhecimento, e mais
ainda, para o exercício da ação educativa. Para
educar é preciso ter ambiente onde reina a harmonia, a
satisfação, a alegria, a liberdade, o sentir-se igual.
Tais condições serão impossíveis de serem
alcançadas, mesmos a possibilidade de retomar a qualidade
anterior já será remota nos próximos, pelo menos
dois anos. O que se terá nas escolas serão professores
revoltados, tristes, magoados, sentindo-se traídos, e pior,
abandonados, sem ter onde e a quem recorrer. Eles vão reagir,
e a reação será sentida nas eleições
de 2012, e 2014. Os professores do passado nunca esqueceram a
Terezinha, e os de hoje, não vão esquecer o Thiago
Peixoto. A imagem dos carros de política, tropa de choque, as
calúnias em redes de televisão, não lhe sairá
da memória.
Ao colocar o fim na greve de hoje sem
nada de concreto e sem negociar com os grevistas, Marconi não
colou fim apenas na greve. Colocou fim na carreira política de
Thiago Peixoto, e por que não , na dele própria; o que
por um lado pode não ser ruim, já que abre
possibilidades de renovação política. Uma coisa
é certa, a greve não acabou. Um dia governantes ainda
aprenderão que conhecimento não se toma a força,
que não se obriga a que tem conhecimento a ensinar, o máximo
que se pode fazer é motivá-los. Enquanto esta motivação
não vier em forma de salário a educação
brasileira estará entre as piores do mundo.
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