Décimo Sexto dia de Quarentena - Meia volta, Volver!!
Goiânia, 31 de março de 2020.
No dia que se comemora o aniversário do Golpe militar de 1964, o dia
amanheceu com duas notícias interessantes. Mourão vice-presidente, enaltecendo
o Golpe militar, chamando-o de revolução em defesa da democracia; e em um
jornal Goiano, uma Associação de Anistiados, parabenizando Caiado pelas
diretrizes implantadas em Goiás, para deter o processo de contaminação por
Corona Vírus. Em Goiás, ninguém se lembrou de enaltecer o golpe militar ou
mesmo de criticar, talvez, por que aqui os herdeiros da Ditadura estão todos no
poder, sendo o Governador do Estado seu representante mais expressivo.
O dia, porém, terminou bem diferente de como começou. Se ao longo do dia
tivermos as mais pérfidas especulações sobre a demissão do Mandeta, as
Reclamações contra Moro, por parte de Bolsonaro, e o Protagonismo exagerado dos
Generais, terminou manifestando a força da nossa jovem democracia. Ao menos,
por ora, parece que o pronunciamento de Jair Bolsonaro é de Meia Volta
Volver. Ao admitir, pela primeira vez,
que o corona vírus é uma realidade, o presidente muda o tom, e abre espaço para
dialogar com os Governadores, podendo assim, coordenar com mais eficácia um plano
nacional de enfrentamento da pandemia.
Ainda acusado de criar meias verdades, Bolsonaro foi interpretado como
ponderado no pronunciamento, embora, dado a quantidade de panelas batendo, fica
até difícil saber até que ponto foi de fato ouvido. Enquanto Bolsonaro tenta
salvar a própria pele ( mandato), Rodrigo Maia, presidente da Câmara e o
Ministro Paulo Guedes se digladiam tendo como pano de fundo a chamada ajuda
emergencial aqueles que sendo autônomos foram forçados a parar de trabalhar e
não possuem condição nenhuma de manter o
sustento. Aprovado no valor de 600
reais, e que pode chegar a 1.200 reais
por família, é uma ajuda importante para evitar saques e violência, caso
perdure por mais tempo, o isolamento forçado.
Em Goiás, circula nos jornais, que o maior beneficiário político da crise
foi mesmo, Governador Ronaldo Caiado. Ao
colocar a vida em primeiro lugar e usando com força o discurso de médico,
Caiado se tornou uma espécie de líder da Direita em defesa da vida, inclusive,
isso pode contribuir para abrandar sua imagem de direita conservadora e
truculenta, construída ao longo da vida como líder dos ruralistas. O ex-deputado Daniel Vilela foi outro que
saiu em defesa da postura de Caiado, acompanhado de Iris Rezende e de todo MDB.
Na contramão ficou mesmo o Senador Vanderlan Cardoso, que praticamente repetiu o
discurso de Bolsonaro em Goiás. Estado a
fora, alguns prefeitos ensaiaram usar a autonomia do município para desafiar o
Decreto do Governador, pelo jeito, tais ensaios não duraram o suficiente para
merecer um registro histórico.
O avanço da Epidemia.
Enquanto políticos debatem sobre qual tipo de isolamento é melhor, a
epidemia avança. Já são 202 mortes no país, e 5.805 casos. O Estado de São
Paulo, considerado, no momento o epicentro, foi registrado 23
mortes. O Estado é o mais afetado
e já confirmou 2.339 casos.
Entretanto , noticias dão conta
que há uma grande quantidade de pacientes aguardando testes, e outra quantidade
aguardando o resultado, o que pode
tornar o número de casos, no país, facilmente dobrar nos próximos dias. Espera-se que o pico de casos ocorra entre os
dias 15 e 20 de abril, tempo no qual já teríamos uma noção do desenrolar da
epidemia no Brasil.
As vítimas, porém, não estão apenas nos hospitais. No dia de hoje, a
Bovespa, simplesmente derreteu 30%, tendo o pior mês dos últimos 30 anos. A
economia certamente, sairá em frangalhos. Haverá recessão, desemprego, e todas
as consequências possíveis neste campo. Não por acaso, é hora de agir com o
máximo de prudência, pensar em manter economias para o sustento. Embora os especialistas
dizem que dois a três meses tudo voltará ao normal, nada está garantido. Nem
mesmo a China pode afirmar que superou totalmente o problema.
Nos Estados Unidos, onde o Governo Trump também demorou a admitir a
gravidade da pandemia a bolsa também teve seu pior desempenho dos últimos 30
anos. Agora, fala-se em preparar o país para dias sombrios e terríveis, duros,
mas lá, a ajuda do governo aos menos
favorecidos em bem mais generosa que em terras brasilis. O dia termina, com muita gente comemorando a
mudança de postura do nosso presidente. Eu, hoje, não falarei dos recordes de
mortes na Itália e Espanha, amanhã talvez. Termino com a esperança de que
possamos ter uma coordenação nacional de enfrentamento que não descuide da vida
dos menos favorecidos.
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