Décimo Terceiro dia de Quarentena – 28 de Março de 2020: A trapalhada Bolsonarista continua




O dia amanheceu sol claro na cidade de Goiânia, parecendo testemunhar de que o movimento supérfluo dos seres humanos precisa ser detido ao menos uma vez por ano, por alguns dias. A poluição parece ceder, o sol claro, o ar quase puro como das cidades do interior. Apesar do movimento do dia anterior quando uma carreata tentava mostrar força no enfrentamento Caiado Versus Bolsonaro, a cidade amanheceu parada, se não parada como um sábado de fim de semana, mas parada mesmo como se fosse aqueles feriados desertos.  Eu por mim, amanheci lembrando que dois atrás, o Governador de Goiás, lamentava a primeira morte por Covid 19, no estado e o registro de 35 casos.

Na cidade de Anápolis  no dia anterior, era registrado 4º caso de Coronavírus. Nas manchetes dos jornais, era possível ler os casos registrados de todo país. O Governador do Pará Helder Barbalho endurece o discurso contra o bolsonarismo e coloca a polícia nas ruas para evitar passeatas em defesa da volta ao trabalho e da quarentena horizontal. Romeu Zema, o governador mineiro que resolveu não honrar as tradições de Tiradentes, Tancredo e Itamar, entrou para a história como o único governador a não assinar a Carta dos Governadores em defesa da quarentena horizontal para não contrariar o presidente da república. Witzel no Rio de Janeiro, e Flávio Dino, no Maranhão parece seguir com suas guerras particulares, que é de  um lado lidar com as limitações financeiras dos seus estados e cuidar de população, e, e outro manter uma distância considerável e diferenciação do Bolsonarismo.  Entre os dois, Flávio Dino se difere por ser uma liderança que sobrevive após o ataque desmedido ao lulismo do qual fez e faz parte, sendo o único Governador eleito pelo PC do B, enquanto Witzel, foi eleito como apoiador fiel de Bolsonaro, e do qual se tornou terrível inimigo em menos de um ano após as eleições.

A guerra e as trapalhadas continuam em todos os lugares. A Justiça concedeu liminar para que a ordem do Governadores de manter as lotéricas fechadas seja obedecidas, contrariando as ordens de Bolsonaro de que o país não deve parar. Bolsonaro contra ataca com vídeo institucional do Governo nos meios de Comunicação instigando a população a voltar ao trabalho e desobedecer aos governadores. No Brasil, definitivamente o combate ao coronavírus se transformou em algo acessório de uma guerra política e ideológica, onde a vida do povo parece pouco importar. Os maiores colunistas de todo país, as maiores lideranças são unanimes em afirmar que Bolsonaro já não está mais a altura do cargo, mas ninguém ousa defender abertamente o impedimento do Presidente.

No dia anterior, 27 de março, Os governadores da Itália, com destaque para o prefeito da cidade de Milão, pediam desculpas aos seus cidadãos pela campanha feita em defesa da economia – “A Itália não pode parar”, muito similar a campanha feita por Jair Messias Bolsonaro, e que diante de um recorde de 919 mortos em um dia, perceberam não apenas o erro cometido ao não escolher o isolamento e o distanciamento social. Agora, a Itália estava parada, a economia em perigo e com uma pilha de mortos para cremar. Correu pelas redes sociais uma foto de uma grande carreata com mortos para serem cremados, mas mesmo assim, seguidores de Jair Bolsonaro continuam defendendo que o Coronavírus é apenas uma gripezinha.

A Itália superou o número de 10 mil mortos pela pandemia. E, há quem garanta que este número é muito maior. A Espanha contabilizou 852 mortos nas últimas 24 horas, e Trump, ídolo de Bolsonaro considera decretar quarentena horizontal em todos os Estados Unidos da América, mudando o discurso da defesa da economia para a defesa da vida. No Uruguai, presidentes e Ministros reduzem o próprio salário em 20%. No Brasil, o Congresso aprova uma renda básica para dar assistência aos trabalhadores autônomos e informais, no valor de 600 reais, podendo chegar a 1200 reais por família. 

O Brasil registrou, hoje, 111 mortes e 3.094 casos oficiais. Estima-se que tais números podem ser muito maiores, uma vez que os testes só são feitos em pacientes com sintomas graves e que se nota um aumento no número de pacientes que deram entrada nos hospitais com pneumonia ou outras doenças semelhante que afetam o aparelho respiratório. O despreparo da rede hospitalar pode ser visto no relato da família ( a viúva) do Administrador do consulado do Suriname, que em áudios gravados e divulgados na mídia, acusa um grade hospital do Rio de Janeiro, de ter sido abandonado a própria sorte, após ser internado e detectado que estava com Corona Virus.  O dia termina com as manchetes  de jornais ainda dando importância as disputas políticas. De um lado, Bolsonaro tentando diminuir e contradizer seu próprio ministro da Saúde e este o confrontando apoiado pelos governadores, e de outro, os governadores, com exceção de Romeu Zema de Minas Gerais, buscando se firmarem ao construir um comitê de coordenação política e técnica para o enfrentamento da pandemia. O objetivo do comitê será de coordenar e unificar ações, segundo eles, baseandos-e em estudos técnicos e científicos.

Bolsonaro, segue apostando no discurso da morte, e muitos empresários e cidadãos que o defendem fazem o mesmo. Nas redes sociais, surge campanhas para aqueles que defendem o fim do isolamento social abrirem mão de tratamento hospitalar, uso de respiradores ou UTI, caso sejam contaminados e descubram que o que estamos enfrentando não é apenas uma “Gripezinha”. O dia termina na cidade de Goiânia, noite clara e a cidade vazia, e apesar da campanha iniciada pelos seguidores do presidente, parece que a maioria dos goianos optou por ficar em casa.

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