O Racismo nosso de cada dia – Sobre fome e pobreza.

 



Enquanto eu refletia sobre um texto de uma colega postado em um grupo no qual alegava não querer mais conviver com quem votou em Lula, por que segundo ela, Lula é um ladrão e deveria estar na cadeia, e quem votou nele, também é ladrão, fui atropelado por duas notícias de racismo. Um caso em Salvador, outro no Carrefour. No caso de Salvador a mulher sofreu racismo em uma loja de conveniências. A mulher agressora não disse não suportar gente de cor perto dela. Enquanto isso no carrefour, um casal era espancado por roubar alguma comida, que na justificativa deles era para alimentar os filhos com fome.



Os três casos ocupam a minha mente por que cada um deles, de alguma forma manifesta um tipo de pobreza. No caso da minha colega, significa pobreza moral, intelectual e espiritual. Tendo muito dinheiro não consegue ter empatia para o mundo dos que trabalham para viver. É a própria riqueza que a torna pobre e incapaz de compreender a realidade de quem sofre e passa fome. No caso de salvador a situação é mais complexa.

Também ali há uma forma profunda de pobreza moral e espiritual. Uma pessoa racista será sempre uma pessoa que ainda não conseguiu ver que um ser humano é uma personalidade alma habitando um corpo, e que este corpo, gordo, magro, preto, branco, amarelo, é apenas um invólucro por meio do qual a personalidade alma evolui. Tais pessoas imaginam um céu estranho, pois sinceramente acreditando na superioridade de umas raças sobre outras. Entretanto, o racismo no Brasil está diretamente ligado a ideia de que o negro não nasceu para habitar certos espaços. É como se a mulher, considerando-se branca, quisesse dizer que negro nasceu para ser escravo e viver na senzala. Com o fim da escravidão este discurso se modificou igualando negritude, pobreza e marginalidade como se fossem sinônimos.

Já no caso do carrefour, já se pode dizer que existe ali um racismo institucional. Não é a primeira vez que acontece espancamento no interior do supermercado. O indivíduo estava roubando? Que o segurança imobilize, prenda e entregue a polícia e a Justiça. O que tem sido feito é uma espécia de justiçamento onde os indivíduos pagos pela empresa se julgam no direito de ocupar o lugar do estado democrático de direito e realizar a justiça. Independente de ser preto ou branco ( não se ouviu ainda caso de branco que foi torturado), a rede de supermercados precisa respeitar as leis do país. Temos mecanismos eficazes para combater o furto, o roubo, etc. Acima de tudo, precisamos continuar a respeitar as vidas. Sabemos que é nas relações da vida social que nos tornamos melhores pessoas.


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