O incrível caso das pessoas que lutam contra os próprios direitos – Michele e os direitos das mulheres.

 


Especialmente nos últimos seis anos temos visto um fenômeno interessante no Brasil. São negros que aparentemente lutam contra os próprios direitos, LGBTs, Mulheres e Índigenas. O que eles tem em comum? São todos de Direita, extrema direita ou bolsonaristas. Na última semana quando diversas mulheres votaram contra o direito das mulheres de terem salário igual aos homens, ou seja, direitos iguais no mercado de trabalho resolvi levar a questão a sério. Então, percebi que não se trata de uma questão de gênero, etnia, ou sexualidade. Na verdade, o pano de fundo que move estas pessoas é uma guerra surda entre a defesa das elites, diga-se da riqueza, contra os direitos dos trabalhadores em geral, ou seja, a pobreza.


No ano da eleição de 2022, o presidenciável Ciro Gomes chamou um vereador negro de Capitão do Mato. Na época até fiquei meio reticente. Ciro tem um modo peculiar de enfrentar o debate. Afinal, o que foi o capitão do mato? O capitão do mato geralmente era um negro alforriado, ou mesmo um escravo com certas regalias que se propunha a caçar escravos fugitivos, e quando não conseguia trazê-los de volta ao patrão até os matava. Capitão do mato era aquele que usava sua liberdade para servir ao dominador, ao dono dos escravos. Com o tempo e as mudanças nas relações sociais, as formas de escravidão e de trabalho escravo se modificaram, e então, modificou também a característica do capitão do mato. Na atualidade, onde o pano de fundo da guerra ideológica é a extrema riqueza contra a extrema pobreza, o papel do capitão do mato é defender a ideologia que faz aumentar a concentração de riquezas, enquanto na base da pirâmide negros, e todos que não tem acesso a ela aumenta a dor e fome.

A questão é o capitalismo em sua forma mais liberal e perversa passou a subordinar o estado aos seus interesses, e constituiu diversos porta-vozes dos seus interesses entre a multidão rasa e ignorante. Pensemos na Michele. Que diferença faz uma deputada ( na verdade elas possuem os mesmos direitos, ao menos financeiros que os homens como tal), ou a Michele, ou qualquer mulher rica, ou cujo marido é rico ganhar menos que homem? Na verdade a maioria das mulheres ricas não fazem nem a própria comida. A grande maioria não exercem profissões. Então, no final das contas, mesmo aquelas que exercem profissões possuem mecanismos para exigir seus direitos antes mesmo da lei aprovada.

Agora, pensemos na realidade da empregada doméstica, mulher de um pedreiro. Quando uma mulher pobre exercendo a mesma profissão do homem ( caminhoneiro, pedreiro, etc) e ganha menos com ele, temos uma dupla injustiça. Primeiro, a resolvida pela lei que é igualar os direitos, e a segunda, não resolvida pela lei, que é a exploração que já existe e de forma perversa para os trabalhadores menos qualificados. Neste caso, não havendo direitos iguais, a mulher é penalizada duas vezes. A primeira, por ser tratada como inferior ao homem, e a segunda por levar ainda menos para casa no fim do mês, o ingrediente do seu sustento. E, pasmem, o homem também é punido, por que ao final, o salário de ambos juntos não se tornará suficiente para uma vida de qualidade. Em contrapartida, o patrão concentrou ainda mais sua riqueza. Primeiro quando retira os direitos trabalhistas, segundo, quando rebaixa o trabalho da mulher, que na verdade, é a empregada doméstica, jardineira, diarista, etc.


Os indivíduos que defendem ou fazem o papel de capitão do mato, não é que não se sentem negros, gays, ou mulheres. Na verdade, eles se sentem especiais. Acreditam que nunca serão tratados de forma diferenciada. Negando a própria realidade, na verdade, são relegados ao segundo plano o tempo inteiro, dedicam suas vidas a um verdadeiro exercício de “puxar o saco “ do patrão, sendo que muitos, a maioria na verdade, deixam de ter uma história própria para viver a serviço do patrão. Por trás de tudo isso, a riqueza se concentra cada vez mais, construindo verdadeira dinastias em todos os campos da sociedade, enquanto a pobreza e a fome se espalha.



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