Poesia para João pedro - O negro de periferia


Um jovem de 14 anos

Morreu um jovem de 14 anos.
Foi baleado, e largado e algum lugar.
A família demorou horas para saber.
Mas ele até tinha um lar.
Tinha só 14 anos, uma vida pra sonhar.
Era um jovem negro, de periferia.
Assim como muitos outros jovens negros de periferia.

O negro morre todos os dias.
Morre de bala,  morre da pandemia.
Morre de fome, morre de anemia.
A vida tem pouco valor, para quem nada seria.
É assim que se morre os negros de periferia.
Quando não se morre de bala, morre de anemia.
Morre de perversão, perdidos em idiossincrasias.
Por que poucos deles conseguem vencer a burocracia.
O negro que sobrevive, quando não nega a identidade,
É perseguido dia a dia, e tratado com maldade.
Sua vida é assunto de piadas,
Então a maioria, resolve seguir a manada.
E então, morre alma, ou vive como alma penada.
E morre sempre o negro, vítima de saraivada.
Todo dia matam negros em toda a ocasião.
Matam sua identidade, seu ser, sua religião.
Quando não se apropriam para uso malfadados.
Tratando-os como porcos a serem deixados de lado.
O negro não tem lugar. Tudo é periferia.
Quando não se morre de bala, morre de anemia.
João Pedro morreu de bala, mas tantos outros joão havia.
E tantos outros josés, joaquins, pedros e manés
E todos estão morrendo lá na periferia.

O seu nome era João Pedro.
Mais tantos outros joão havia.
E haviam outros pedros, joaquim, josé e marias.
Eles eram todos negros, negros de periferia.
Eles morriam de bala, de fome de anemia.
Eles morriam no corpo quando alma já não tinham.
O seu nome era João Pedro, negro de periferia.
Mais em todos os outros cantos, tantos outros negros morriam.

Eles morrem de sarampo,
De câncer, de pandemia.
Muitos morrem de cancro
E até de uma gripezinha.
Na verdade, se morre de tudo,
Quando se vive na periferia.
João Pedro morreu de bala,
Mas tantos outros haviam,
Morreram de fome, ou mesmo de anemia.
Mas e dái? Não sou coveiro.
Berra o louco presidente
Que nega a vida, demente.
Que vive de forma imprudente
Que afirma que o negro não serve
Nem mesmo para procriar.
Um presidente racista,
Xenófobo, um alienista.
Que vive preso em um mundo
Que não sabe se existirá.
Enquanto isso, lá periferia.
Os negros morem de tudo,
De bala, de anemia, de sarampo e pandemia.
Morre de violência, da bala perdia ou não.
Por que sempre é o alvo de toda a operação.
Agora morreu João Pedro,
Mas tantos outros havia..
Por que morre todo dia,

Negro na periferia. 

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