Chuvas de Janeiro

Onde você está quando as pontes caem em todos os janeiros.
Talvez esteja no seu sitio, em sua fazenda com mulheres e filhos,
Talvez esteja do outro lado do mundo passeando em jardins.
É tudo repetido, são os mesmos janeiros, as mesmas mortes e a mesma dor.
Eu sei que você poderia ter evitado e você não evitou.

Eu não sou político, não sou governante, nem comunicador.
Todos os anos, os mesmos janeiros e tudo se esquece depois que passou.
São as mesmas tragédias, as mesmas manchetes, a mesma dor.
E por que se esquece nos meses seguinte tão forte clamor?

Ouçam as vozes dos que morrem.
Para mim não há diferenças entre ricos e pobres, paulistas, cariocas,
Gauchos, catarinenses, baianos, paraenses, paraibanos ou amazonenses.
As vozes esquecidas dos que se vão é para os que ficam a condenação.
E no ano seguinte, tudo se repete, a mesma ladainha, a mesma dor.


Você é o responsável por toda dor desta nação
Você que ajudou a mudar o clima, mudou as estações, transformou frio em calor.
Você que a tudo consumiu, sem se importar se causaria destruição.
Você que fez tudo por egoísmo e esqueceu do amor.

Onde você estava quando as pontes caíram,
Quando velhos e jovens, mulheres e homens que a chuva levou,
Gritavam indefesos em suas casas que ruíram?
Ouça agora a minha voz. Venha demonstrar um pouco de amor.

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