A vida depois da vida.

 


 

Anseio pela morte,

Não como alguém que deseja tirar a vida.

Anseio pela morte como alguém que anseia pelo que vem depois

Como o viajante que anseia pelo próximo destino.

Dada a compreensão de que o destino atual já foi explorado.

Anseio pela morte como alguém que já sabe não fará falta alguma

Consciente de que não há mais nada a ser feito.

Nenhum palavra a ser dita,

E nada que possa ser experimentado e trazer prazer.

 

Anseio pela morte como alguém que já sabe.

Que sua voz nãos será mais ouvida

Que seus conselhos não serão mais bem vindos

Que sua presença já não é mais solicitada

Que seu  lugar na orquestra já foi ocupado

Que sua força já não é mais útil

E que os seus sonhos já não são mais possíveis.

 

Anseio pela morte como aquele viajante cansado

Não quer mais o próximo destino.

Não quer mais a velocidade da estrada

Não quer mais as vozes em busca de novidades

Não quer mais a surpresa das belezas dos caminhos.

Nem tão pouco a mesmice da novidade constante.

 

Sou como o prisioneiro que anseia pela liberdade.

Cujos muros que prendem o corpo já não .aprisionam a alma

Sou o pássaro cujas asas caíram

Sou a velha árvores ocupando o lugar na praça

Já desprezada e inútil para as novas gerações.

A morte é a liberdade de quem a vida não quer mais.

A morte que anseio é outro lado do caminho.

Uma existência, talvez, com os mesmos espinhos.

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