O movimento das oposições a Ronaldo Caiado : O perigo do Cavalo de Tróia.
Goiás
é um estado interessante pra se estudar. Primeiro, não existe aqui imprensa
independente, e segundo, não existe também partidos políticos no verdadeiro sentido do termo. Para ser realista, por vezes, a sensação que temos,
principalmente depois da eleição de Caiado para Governador é que vivemos na
Idade Média, numa daquelas séries sobre o surgimento do império britânico, tipo
“O último Rei”, “ Os Vinkings”, ou até mesmo aquela série do Rei Arthur, que na
verdade deveria ser sobre Merlim. Neste
texto vamos falar um pouco de nossa visão da imprensa, de como a política e os
métodos políticos anulam a existência dos partidos em seu modelo moderno de
bases da democracia, e tentar concluir falando do movimento das oposições em
Goiás.
Comecemos
pela imprensa. Quando digo que não existe imprensa independente em Goiás,
duvido que necessita de muitos argumentos para convencer quem lê jornais todos
os dias e tem vida pública efetiva na política ou fora dela. A verdade é que em Goiás, só se publica o que
agrada ao palácio das Esmeraldas. E é interessante, que mesmo com o surgimento
da internet, os blogs que tem sucesso são também, controlados de alguma forma.
E controlar a internet e a informação nos tempos atuais é mesmo algo quase surreal
Como isso é feito? Primeiro mantém ou oferece emprego para todo mundo com uma
certa capacidade de crítica; segundo, persegue de forma cruel aqueles que não
se rende a falar ou escrever apenas o que é permitido. E isso se dá de diversos
modos, mas o mais efetivo é o controle dos meios de sobrevivência, ou até mesmo
a perseguição a familiares.
A
segunda questão são os partidos políticos. Os partidos políticos se tornaram em
Goiás, um meio efetivo de controlar o surgimento de lideranças políticas
por meio do controle das cúpulas
partidárias que controlam as filiações e o acesso ás candidaturas. Quando não
se consegue sucesso nas cúpulas do partido no Estado, recorre-se às cúpulas em
Brasília. Vivi a dissolução de três cúpulas partidárias, uma no PC do B ( 2004)
e duas no Cidadania ( 2010/ 2014). Ao
controlar os partidos, os que controlam o poder no estado evitam o surgimento
de qualquer nova liderança consistente. E quando alguém passa despercebido,
imediatamente é colocado em prática uma verdadeira máquina de destruição de
reputações. Não vou citar nomes, mas nos
últimos 20 anos, eu vi pelo menos umas 30 novas lideranças sumirem após
conquistar um mandato em Goiás.
O
fato mais recente foi a filiação de Gustavo Medanha para buscar ser candidato a
Governador. Medanha é do Grupo Político de Iris/Maguito, que ao morrer não
deixaram sucessores políticos natos. Caiado conseguiu cooptar Daniel Vilela.
Digo cooptar por que nenhum argumento consegue me convencer de que os ideias do
MDB e União Brasil podem ser convergentes, mesmo na conjuntura atual. Caiado não cooptou apenas Daniel Vilela. De
fato, Caiado conseguiu manejar o maior processo de cooptação de opositores dos
últimos 20 anos no estado ou desde que retornou o processo de eleição direta
para Governadores. Utilizando todos os mecanismos de controle que ele tem a
disposição como Governador, conseguiu praticamente calar a oposição
parlamentar, cooptar opositores e esvaziar a possibilidade de se ter um
adversário que pudesse causar preocupação. Com isso, passa-se a ideia de que é
um governo popular e que merece ser reeleito.
O
problema se torna ainda mais grave quando analisa os movimentos da oposição em
Goiás. Analisando os movimentos de
Medanha e sua jornada em busca de um partido para disputar o governo pode se
ter bem uma ideia. Medanha conversou, pelo que li pela imprensa, praticamente
com todos os partidos políticos possíveis, e foi descartado por vários. Mesmo tendo
sido prefeito da segunda maior cidade do Estado, o segundo maior colégio
eleitoral, e muito bem avaliado, portanto, um candidato com potencial
eleitoral, foi rejeitado por vários partidos, e se olhar, não precisa esforço
foi ridicularizado pela imprensa “idenpendente” O que isso significa? Na prática,
emite o sinal de que não existe um único partido em Goiás 100% oposição a
Caiado em Goiás. No máximo, o que existe são muitos partidos com muitos cavalos
de troia, com alguns líderes esperando o
melhor momento de fazer valer seus interesses pessoais.
Os
movimentos da Oposição em Goiás.
No
momento, a oposição de fato em Goiás, poderia se resumir a quatro partidos e seus aliados. PSDB, PSB, PT
e Patriota. No PSDB, liderado pro Marconi Perillo, além da complicada conjuntura
nacional que enfrenta, dificilmente lograria sucesso com uma candidatura de
Marconi Para Governador. Saiu na imprensa, “ independente”, que Marconi
conversou com Medanha, e muitos acusam Medanha de sequer ter tirado foto com o
ex-governador. O certo é que não deu liga e as alianças não foi adiante, o que
não significa que o jogo terminou. No cair das Luzes, vi que Elinton,,
filiou-se ao PSB, o que pode indicar que Marconi como bom articulador pode
estar imaginando ainda, uma chapa PSDB, PSB, Patriota. Entretanto, no cair das
luzes quem eu pensava que era marconista legítimo, saiu do Patriota e foi para
o União Brasil.
O
PSB tem apenas um deputado Federal, Elias Vaz. De origem no PSOL, Elias vota
geralmente de acordo com os interesses dos trabalhadores, mas na última eleição
foi parceiro umbilical de Jorge kajuru.
Já Medanha, no Patriota, enfrentará a dificuldade de ter lastro no
Estado. O que pode não ser um problema para sua candidatura, uma vez que
Marconi em 1998, carecia da mesma dificuldade e saiu se vencedor da disputa com
Iris. A questão, é que Iris era bem mais
democrata do que Caiado o que permitiu um espaço de manobra para as pessoas sentirem tranquilas para mudar o
voto. Estas eleições muitos podem não trair por medo.
Correndo
por fora tem o Partido dos Trabalhadores. Com a candidatura de Wolmir Amado, um
perfil de centro, ex reitor da PUC – Goiás, com boas relações dentro do
eleitorado Católico, pode surpreender. Além disso, o partido conta com um
deputado federal, três deputados estaduais que tiveram boas participações nas
últimas eleições. A dificuldade de Wolmir Amado será, em primeiro lugar unir
todos que possuem ideias democráticas em colocar seu nome como opção. As ideias
democráticas em Goiás, não favorecem muito na hora de fazer opções políticas, e
sem condições de negociações personalistas, a candidatura de Wolmir pode nem
chegar a termo. Isso se agrava pelo fato
de que o Estado de Goiás não é um estado com alto potencial eleitoral. Apenas 5
milhões de eleitores, o que faz o estado não ser uma prioridade nas negociações das candidaturas a presidência. Não é
lucrativo para um candidato a Presidente defender uma alternativa em Goiás, e
então, aqui ficamos meio que por nossa conta quando não somos dados como moedas
de troca por alguma pataca.
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