O ponto Cego. – Sobre aquilo que o seus sentidos não lhe permitem ver.

 

O ponto Cego.  – Sobre aquilo que o seus sentidos não lhe permitem ver.


Descartes fundamentou todo seu pensamento partindo da lógica de que os nossos sentidos nos engana e que apenas a racionalidade, o pensamento lógico é capaz de nos salvar da ilusão da realidade. Foi assim que ele construiu a ideia do cogito. Sua radicalidade se transformou em um bordão na frase “Penso, logo existo”.  Interpretado de diversas maneiras esta frase pode nos dizer que a nossa existência real depende de nossa capacidade de pensar, no entanto, a nossa capacidade de pensar depende de nossa capacidade de libertar da escravidão dos sentidos.

Considerando apenas os cinco sentidos, visão, audição, tato, paladar e olfato, a escravidão advinda deles está ligada a questões mais profundas, uma delas a nossa luta pela sobrevivência. Afinal, é a luta pela sobrevivência que nos faz usar os cincos sentidos de forma a lograr êxito, e portanto, encontramo-nos no limiar da escravidão quando entregamos nossa liberdade em troca de alguma coisa. E é ai que entra os desejos, sentimentos e emoções.

O desejo mais elementar do ser humano é o alimento. E tem muita gente trocando o máximo de liberdade pela segurança de ter do que se alimentar. Este não é, porém, o único desejo, a sexualidade, a aceitação,, etc, são desejos por vezes, mais perigosos do que o medo de passar fome. Quanta gente por medo de ficar sozinha no  mundo, entrega o que tem de mais precioso, e no final, a troca de nada.



Considerando, porém, que todos de alguma forma somos capazes de pensar, onde, portanto se encontra nosso ponto  cego? O que nos impede de ver a realidade, ou questões ou pessoas que nos induzem a fazer coisas das quais após vemos que não era o melhor dos caminhos? Tenho assistido, ultimamente, a série americana “ O ponto Cego”. Singularmente, a série mostra uma questão interessante, mostra o fato de que o nosso ponto cego não são criados pelos inimigos declarados e sim, pelas pessoas pelas quais nutrimos o mais  profundo afeto. É a necessidade de afeição, de aceitação, de sentir-se amada que nos torna cegos a realidade que nos circunda.

Uma das formas de se evitar o nosso ponto cego é manter uma capacidade de valorar a realidade, os fatos e acontecimentos já vividos em detrimento de promessas futuras. Outra questão, é não se afastar dos propósitos e objetivos previamente definidos. Qualquer coisa que leve ao afastamento do proposito para o qual vivemos, ou daquilo que somos vai alargar as possiblidades de nos distanciarmos cada vez mais da realidade. E neste quesito, é preciso reconhecer aquilo somos a família de onde viemos, nossa ancestralidade, nossa origem, e nossos costumes e tradições. Quanto mais se afasta desse conjunto de coisas, mais difícil fica perceber a realidade com clareza e direção.

A capacidade de pensar e de entender a realidade para além da ilusão dos sentidos, é uma tarefa de exercício cotidiano de consciência, de alargamento da consciência e de evolução do espírito. É a busca desta consciência que permitirá a preservação da saúde do corpo, do aumento do poder do intelecto e da mente, bem como a saúde da alma.

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