Lula, o aborto e a saúde pública no Brasil.

 



Ainda ressoa nas redes sociais as palavras de Lula quanto ao aborto. A maioria das postagens distorcem a fala do presidente para tentar minar a adesão de um eleitorado mais conservador a possibilidade do voto em lula nas próximas eleições. É interessante para o Bolsonarismo e eleitores fanáticos do presidente, notadamente a turma do gabinete do ódio, disseminar as ideias mais estúpidas sobre a questão e até mesmo colocar o aborto como um assunto tabu que não deve ser discutido como política pública. Tais indivíduos encontra aliados em igrejas, e dentro das igrejas, nos indivíduos que não se contentam em exercer o poder espiritual sobre os cidadão e fieis, mas querem também controlar o poder temporal e material para controlar e escravizar as pessoas.

O que eu entendi, e concordo perfeitamente com o presidente Lula é que aborto deve ser uma questão de saúde pública. E isso, é claro, pois uma pesquisa rápida mostra que milhares de mulheres morrem todos os anos por complicação na realização de abortos clandestinos. Em estudo publicado no Scielo Brasil, o aborto matou entre 2010 e 214, mais de 55 milhões de mulheres no mundo. Segundo estudo, a maioria das mulheres que morrem no aborto são solteiras, com baixa escolaridade e com nível de renda no nível da pobreza. Estes dados por si só já justificaria tratar o aborto como questão de saúde pública.


No ano de 2021, segundo a revista de Saúde pública, mesmo com o aumento de mortes de mulheres devido a pandemia, o aborto seguia como a quarta causa que mais matava mulheres no Brasil. No ano de 2018, artigo publicado pelo Cofem ( Conselho Federal de Enfermagem) afirmava que naquele ano, teria havido segundo dados do Ministério da Saúde mais de um milhão de abortos induzidos no Brasil, sendo que destes provocaram mais de 250 mil mortes de mulheres, sendo a maioria negras e pobres.  A revista Piaui, publicou um artigo no ano de 2020, onde mostrava que seis a cada dez mulheres que morriam por aborto no Brasil, eram mulheres pretas ou pardas, que as internações para aborto eram tão frequentes que as internações por asma, e que no ano de 2019, apenas na idade de 10 a 15 anos houveram mais de 150 internações por complicações de aborto por mês.


Tais dados e pesquisas revelam o quanto é hipocrisia não falar da aborto como uma questão de política pública no Brasil. E veja, que estamos falando sobre dados oficiais, uma vez que os abortos clandestinos, muitas mulheres morrem antes de chegar no  hospital, pois não é difícil perceber que mesmo com a existência do SUS, ,o quando é difícil ter acesso a serviços de saúde no Brasil. Sabemos, se tivermos um mínimo de honestidade, quantas pessoas, dezenas, centenas de pessoas ou quiçá milhares morrem na fila do SUS, a espera de vagas para internação.

O tabu sobre o aborto só interessa aos hipócritas que possuem dinheiro para fazê-lo as escondidas, donos de uma moral falsa, os mesmos que roubam o dinheiro da educação, da merenda escolar, dos remédios que deveriam salvar vidas. Precisamos sim, discutir o aborto como questão política, tirá-lo de forma definitiva do espaço da religião, da falsa moral, dos falsos profetas que vestidos de paladinos da justiça massacram o povo e constroem as mais diversas quadrilha de roubo e escravização dos pobres em todas as esferas do estado brasileiro.

Referências –

https://piaui.folha.uol.com.br/os-abortos-diarios-do-brasil/ OS ABORTOS DIÁRIOS DO BRASIL

http://www.cofen.gov.br/uma-mulher-morre-a-cada-2-dias-por-causa-do-aborto-inseguro-diz-ministerio-da-saude_64714.html Uma mulher morre a cada 2 dias por aborto inseguro, diz Ministério da Saúde

https://apublica.org/2021/05/aborto-inseguro-e-das-principais-causas-de-morte-materna-e-mulheres-negras-sofrem-mais/ Aborto inseguro é das principais causas de morte materna e mulheres negras sofrem mais

https://www.scielo.br/j/csp/a/8vBCLC5xDY9yhTx5qHk5RrL/?lang=pt Aborto no Brasil: o que dizem os dados oficiais?

 

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