Caiado Comunista ? A direita Iluminista e o ranço conservador e genocida

Aliado de Bolsonaro, de primeira hora, nunca acreditei que Caiado concordava em número e grau com as teses politicas do bolsonarismo. Herdeiro de família tradicional goiana, aliado do Regime Militar de 1964, candidato a presidente em 1989, pelo antigo PFL, e atual DEM, líder dos Ruralistas, e um ativista da área da saúde, Caiado construiu sua carreira com base na coerência da classe que defende. É um capitalista, ruralista, herdeiro dos antigos coronéis. Entretanto, faz parte daquela categoria ilustrada que valoriza a ciência, a arte, e a cultura, ainda que apenas  para os “bem nascidos. A pandemia colocou isso em evidência.

Sim. Caiado não se tornou um esquerdista, comunista, esquerdopata, etc, como gritam os seguidores de Olavo de Carvalho e companhias. Caiado está onde sempre esteve, seguindo com coerência as regras do mundo capitalista que compreende que sem força de trabalho não existe lucro. Ainda quando defende a proteção das vidas dos trabalhadores, Caiado não está sendo de esquerda, até porque não o vi ainda defendendo distribuição de riquezas, reforma agrária, tão pouco pedindo para os latifundiários defenderem suas terras.   Caiado é a direita ilustrada do que sobrou de um país mergulhado na ignorância e no retrocesso, que percebe que um morticínio generalizado pela pandemia coloca em risco a ordem social e a própria ideia de sociedade.

Sim, Caiado também não mudará suas posições políticas devido a pandemia. Continuará de direita, defensor do Latifúndio e governando para os “bem nascidos”. Talvez, a experiência de um governante que vê seu povo diante da morte e se sente frágil para proteger o máximo de pessoas, e vê, ( ainda não viu mais verá) peras próximas e de pessoas que considera valiosas as vidas, talvez o faça mais solidário. A solidariedade, no entanto, está muito longe das teses consideradas de esquerda que preconizam a justiça social generalizada. O tempo me ensinou que precisamos, enquanto homens que pensam, defende e governam a sociedade, defender oportunidades iguais, mínimas que sejam, para todos. Assim, a educação, saúde e segurança, seriam importantes para todas as pessoas. Isso por si só, já me coloca bem distante das teses de esquerda, uma vez que não creio que tal luta tem que ser feita fora da ordem social e ou por revolução.  Mesmo assim, Caiado ainda está bem distante disso.

A luta por oportunidades iguais é tão difícil em tempos normais que teria que  ser construído lentamente, a partir das instituições sociais por meio de inclusão daqueles que demonstram capacidade para desenvolvimento de talentos especiais. Isso é liberalismo puro , dirão alguns. Eu diria que a revolução possível, ou pelo menos era tem tempos normais. Imagina agora em tempo de pandemia, uma guerra invisível que ceifará milhares de vidas, e muitas que sequer entrará para contabilidade oficial.

Por mais louvável que seja a postura de Caiado, e é louvável, é muito pouco lúcido chama-lo de esquerdista, esquerdopata. Isso só é possível a uma massa fanática e tresloucada que não compreende e não tem interesse em compreender a organização e a estrutura da sociedade. Estando certo a teologia religiosa cristã de que toda autoridade é ungida por Deus, parece ser o Ronado Caiado, realmente o governador ideal para o momento vivido pelo estado, pois com sua ilustração e respeito pela ciência, sua consciência de classe ( e por isso sabe que o patrão não existe sem o empregado, e é o empregado e trabalhador que produz a vida boa que o patrão vive), sabe que é preciso estrutura a sociedade para proteger o máximo de vidas, e portanto, manter a ideia e o modelo de sociedade existente.