Vigésimo quarto dia da quarentena. – Duas direitas?




Goiânia, 08 de abril de 2020.

As notícias da mídia estão concentradas mais nas brigas políticas do que mesmo na pandemia. Assistimos um debate surdo dividindo a direita brasileira. Os grupos políticos que superaram suas diferenças com o objetivo de derrotar o PT, já não se entendem mais. O discurso “Fora PT”, já não é suficiente para fazê-los marchar sob a mesma bandeira. E este fato, não foi um ganho do PT, mas tão somente possível por causa da pandemia. Foi a pandemia e a ciência que está dividindo a direita no poder.

Mesmo antes da pandemia já havia sinais de divisão. A briga entre o Governador do Rio e o clã Bolsonaro, o distanciamento do Governador João Dória, de São Paulo, dos debates, considerados inócuos, como o famigerado “ A terra é plana ou não”; a dissidência de Alexandre Frota, que denunciou a existência do Gabinete do ódio, o afastamento do líder  Delegado Valdir de Goiás, da base do governo, e por fim, o distanciamento da Joice Halsseman das plataformas defendidas pelo presidente e seu alijamento da posição de Líder do Governo no Congresso Nacional.  Eram sinais claros que a direita já não se entendiam em muitos temas caros ao país. Foi no entanto, a pandemia que colocou a pá de cal em uma aliança tosca que elegeu um capitão do exército e colocou novamente, e de forma indireta as forças armadas no Poder.

Não sei o que dirão os historiadores no futuro. A sensação atual é de que há no Brasil, duas direitas. Existe um grupo de políticos que se difere de forma clara da chamada esquerda representada pelo PT. Diria que o PSD ( Partido Social Democrata), PP ( Partido Progressista),O  Partido Novo do Governador Romeu Zema de Minas Gerais, formam, com alas do PSDB, liderados por João Dória, uma direita esclarecida, liberal, e programática. Neste grupo estariam se juntando dos dissidentes do Bolsonarismo tendo no PSL, partido que elegeu o presidente uma maioria. Esta direita, deseja fazer um contraponto ao PT, entretanto não negam a ciência, e aceitam discutir modos e formas de se enfrentar os problemas reais do Brasil, que tem nas desigualdades e assimetrias os piores gargalos.

O Grande problema é que esta direita não possui um projeto de pais, de nação e  não se alinha com o projeto defendido pelos militares que apoiam o Governo Bolsonaro. Para que esta direita consiga voz efetiva na política nacional terá de construir uma ideia de nação que leve em conta o Brasil real, terá de fazer escolhas, tomar posições e optar por perceber e assumir posições diante das assimetrias e desigualdades reinantes. A direita representada por Olavo de Carvalho, Os militares e o Bolsonarismo já fez suas escolhas. Eles ocuparam as estruturas do estado, aliaram-se a uma fatia do empresariado nacional, estabeleceram relações internacionais baseados em uma ideologia conservadora e buscam distrair a população dos problemas reais que a assola para manter o apoio popular fora da classe a que eles servem.

Talvez, a pandemia ajude a deixar claro as posições políticas de cada grupo e conexões. E talvez, assim, consigamos perceber que tipo de nação cada espectro ideológico deseja. O que de fato é importante não está na pauta de nenhum dos grupos,  por que afinal, a educação não tem sido pauta de ninguém. As verbas estão sendo cortadas, temos um ministro que fala de tudo menos de educação. E mesmo em meio a pandemia, as verbas de pesquisas que forma cortadas estão com os cortes mantidos. Seja lá o que for, ou para que rumo iremos, não construiremos um país sem um projeto sério de educação.

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