Vigésimo Segundo dia da quarentena – Meditação sobre morte.





Goiânia, 06 de abril de 2020..

“Todos vamos morrer, então não sei por que tanta histeria no meio da mídia”. Esta frase do presidente Bolsonaro marcou-me no dia de hoje, ao refletir sobre a pandemia. Ao criticar a Rede Globo e afins, o presidente em sua forma tosca de ver mundo tenta um pensar profundo sobre a vida. É verdade, todos, morreremos, um dia. E, todos os dias morrem pessoas neste pais que não precisariam necessariamente morrer. Morrem de dengue, zica, sarampo; morrem por que não conseguem atendimento ou mesmo chegar a um hospital. Morrem, vítima da extrema desigualdade social que existe neste país, fruto da existência de uma elite desumana com aqueles que nasceram desfavorecidos.

Uma coisa que a pandemia tem nos ajudado é a repensar o cotidiano. Coisas que antes tinham pouco sentido, agora faz todo sentido. O abraço amigo, o aperto de mão, os encontros, tudo parece fazer falta. Muita gente sentindo-se prisioneira em suas próprias casas, mostra, escancara que uma casa não é  necessariamente um lar, e pode se tornar, até mesmo, uma verdadeira prisão. Há notícias de que a violência doméstica está aumentando. Mulheres, crianças e vitimas de maridos e adultos violentos aumentam todos os dias. O mundo escancara seu lado podre e desumano. Os religiosos que defendem o fim do confinamento, unicamente por medo de, ao verem seus templos vazios, irem a falência, mostram o lado mais cruel da religião que rouba os pobres oferecendo libertação.

Não é diferente na política. A disputa continua, de uma tal forma, que é difícil descobrir quem realmente está preocupado com a saúde das pessoas. De um lado, governadores e a maioria dos prefeitos, defendendo o isolamento, por saberem que o nosso sistema de saúde já vive colapsado. Normalmente, ele já não atende a maioria de que dele necessita. E de outro lado, um Governo Federal leniente, desorganizado, dividido e com estratégias mirabolantes de manutenção do poder já pensando nas eleições de 2022. No meio de tudo isso, está o povo, perdido, cheio de medo, e, muitos, já sentindo a falta do pão sobre a mesa a espera de um socorro que ninguém sabe mesmo quando e se virá.

Enquanto isso, a morte campeia solta pelo mundo. Governos que fizeram pouco caso, agora levam a sério a quarentena. Os Estados Unidos, país tão poderoso , queda assustado diante dos mortos que se amontoam a cada dia. A Europa, assume um isolamento agressivo enquanto vê Itália e Espanha enterrar seus mortos em um número cada vez maior a cada dia. A pandemia veio para mudar, e já começa a mudar tudo no mundo, onde muitos ainda acreditam na teoria da Terra plana.


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